O setor de serviços é o de maior participação no produto e no emprego no Brasil. Este setor envolve diferentes ramos na contabilidade nacional: transportes, comunicações, comércio, instituições financeiras, administrações públicas etc. A diversidade deste setor dificulta sua análise. Nele estão incluídos desde os grandes conglomerados financeiros, altamente capitalizados, com trabalhadores organizados em fortes sindicatos, até o comércio varejista, onde se diferenciam os grande hipermercados e as quitandas de bairro. No setor de serviços incluem-se portanto, tanto os segmentos de trabalhadores privilegiados, como aqueles informais que não encontram ocupação em outras áreas. Assim, uma análise única deste diferente universo pode levar a conclusões simplificadas que se afastam da realidade.
O setor serviços responde por mais de 50% do PIB. Quanto ao emprego, este setor respondia por 25,9% da força de trabalho empregada em 1950, 33,1% em 1960 crescendo até atingir 54,4% em 1990.
O grande crescimento do emprego no setor serviços é uma característica natural do desenvolvimento econômico e aconteceu em todos os países no mundo. A questão a saber é se no estágio de desenvolvimento brasileiro a participação no setor serviços é adequada, ou se esta alta participação está sinalizando algum problema na estrutura produtiva da economia.
Quanto ao comportamento clínico do setor serviços é importante destacar que ele nunca é o carro-chefe da economia, mas tende a acompanhar o desempenho do setor dinâmico, seja este a agricultura ou a indústria.
“Quanto mais se produz, maior será a atividade do comércio; quando há uma retração do produto da economia, o comércio pára de vender e se retrai. Quando a economia está crescendo, mais agentes tendem a tomar emprestado para investir, antecipar consumo etc. Quanto maior a renda, maior tende a ser o turismo, a compra de seguros, a ida a cinemas, médicos etc. Percebe-se, portanto, que o setor serviços não determina o ciclo econômico, mas é por este determinado”. (GONÇALVES, 1994, p. 128)
Alguns autores atribuem o crescimento do setor serviços no Brasil às características do processo de industrialização do país e à estrutura agrária. Observou-se no período recente grande retração do emprego rural - em especial nas décadas de 70 e 80, fruto da modernização agrícola - que associada à concentração fundiária no Brasil levou um excedente de mão-de-obra rural sem ocupação, forçando o êxodo rural. A queda no emprego rural não foi acompanhada por um aumento equivalente do emprego industrial, devido ao caráter capital intensivo do investimento industrial.
Neste contexto, o excedente de mão-de-obra não empregado no setor produtivo foi absorvido no setor serviços, que funcionou como um “colchão” ao desemprego, ocasionando um grande inchaço deste setor. Com o excedente de mão-de-obra, algumas características ocorrem:
- Baixa capitalização das atividades (intensivo em trabalho);
- Baixa remuneração da mão-de-obra;
- Situação de subemprego (desemprego disfarçado);
- Alta informalidade do trabalho (para evitar custos legais incidentes sobre a mão-de-obra);
- Baixa qualificação da mão-de-obra.
- Todos esses fatos contribuem para explicar vários problemas urbanos:
- Inchaço das metrópoles;
- Favelas, baixas condições de vida;
- Aumento da violência;
- Insuficiência de infra-estrutura etc.
Estes pontos não podem ser atribuídos ao setor serviços como um todo: por exemplo, a realidade das grandes redes de supermercados é muito diferente das pequenas quitandas de bairro. Um grande segmento dentro do setor serviços que apresenta uma realidade totalmente diferente do resto é o sistema financeiro. Este apresenta alta capitalização, tecnologias modernas (grande informatização), funcionários mais qualificados e mais bem remunerados que a média da economia, constituindo-se em um dos setores mais avançados na economia brasileira.
Fonte: Cola da Web
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