Coordenadora da ONG afirma que propósito foi gerar
repercussão; entidades de defesa da mulher protestaram
Se foi uma tragédia anunciada ou uma forma proposital de
gerar buzz e ter sucesso, apenas os resultados irão dizer. Mas uma campanha do
movimento Rio Eu Amo Eu Cuido resolveu arriscar e patinar no limite entre o mau
gosto e a criatividade: para estimular os fumantes a descartarem corretamente
as bitucas de cigarro, os criativos resolveram chamá-la de "bunda".
"Bituca, bagana, guimba. Que tal um nome mais lega? Tipo bunda", diz
o slogan da campanha.
A partir daí, criaram frases que não agradaram muitos
internautas, que qualificaram a campanha como misógina e sexista. "Bunda
de cigarro é lixo", "Vamos conversar sobre bunda na rua" e
"Que tal jogar a bunda no lixo" são apenas algumas delas. A modelo
Andressa Soares -- mais conhecida como "Mulher Melancia" -- é
embaixadora da campanha e participa distribuindo "porta-bundas" nas
praias do Rio de Janeiro.
As reações das pessoas que acompanham a fanpage mudaram
desde a primeira postagem. "FAIL publicitário. Mal gosto, falta de bom
senso e um PÉSSIMO entendimento da atualidade e do público alvo", escreveu
Thais Linhares, uma das seguidoras da página, que conta com quase 60 mil
seguidores.
A ONG feminista Marcha Mundial das Mulheres encabeçou o
movimento de protesto contra a campanha ao publicar uma nota oficial em seu
site acusando a campanha de promover a mercantilização do corpo feminino.
"A campanha que supostamente pretende promover uma 'conscientização'
ambiental reproduz de maneira violenta a lógica de mercantilização dos nossos
corpos, fazendo uma ligação estúpida, machista e quase incompreensível entre o
corpo da mulher e a guimba do cigarro", diz.
De acordo com a coordenadora da ONG Rio Eu Cuido, Ana Lycia,
esse é exatamente o propósito da campanha: gerar repercussão. Ela afirma que
peças publicitárias com "bundas" masculinas também foram produzidas,
mas ainda não foram publicadas. Em entrevista ao El País, ela afirma que as
críticas não passam de moralismo e que as pessoas não entenderam a real mensagem
da campanha. Mesmo assim, a entidade considera mudar a estratégia por conta do
volume de críticas.
A Secretaria Especial de Política para as Mulheres do Rio de
Janeiro também se posicionou contra a campanha através de uma nota de repúdio.
"A secretaria é contra a mercantilização, exploração e exposição da imagem
do corpo da mulher nas publicidades ou veículo de mídia. Uma de suas missões é
valorizar e reforçar a autoestima e a imagem das mulheres. A campanha em pauta
vai contra os valores defendidos pela SPM-Rio que fará esforços para sua
retirada dos meios de comunicação".
O movimento Rio Eu Amo Eu Cuido é formado por voluntários
que se dedicam a estimular a manutenção e limpeza da cidade, e depende de
doações para funcionar.
O que você acha da campanha? Deixe sua opinião nos
comentários.
Fonte: Administradores
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