No final do ano passado, a Câmara de Comércio Exterior
aprovou a abertura de um contencioso com a Indonésia para questionar as
barreiras técnicas do mercado do país asiático
O governo brasileiro adotou a última medida de negociação
antes de abrir uma disputa comercial contra a Indonésia, ao enviar carta em que
questiona as barreiras impostas à carne de frango do Brasil, disse nesta
terça-feira o diretor de negociações internacionais da Secretaria de Comércio
Exterior (Secex).
"Apesar de termos a possibilidade de abrir um
contencioso, resolvemos esgotar todas as possibilidades de negociação com a
Indonésia", disse o diretor Marcio Lima, a jornalistas.
No final do ano passado, a Câmara de Comércio Exterior
(Camex) aprovou a abertura de um contencioso com a Indonésia na Organização
Mundial do Comércio (OMC) para questionar as barreiras técnicas que travam a
entrada do produto brasileiro no mercado do país asiático.
Mas antes de abrir o painel na OMC, o governo está enviando
uma carta ao governo indonésio na qual questiona porque o país impõe regras
mais rígidas no método do abate halal - que segue os preceitos islâmicos - para
a carne de frango do Brasil, além daqueles previstos no Codex Alimentarius,
código internacional de padrão dos alimentos.
"É um método mais rígido que o halal, que vai além do
Codex Alimentarius e acaba virando uma barreira para nossas exportações (de
carne de frango)", explicou.
Lima participou de reunião nesta manhã em São Paulo com
representantes das associações de exportadores de carne de frango (Ubabef),
bovina (Abiec) e suína (Abipecs) na qual foram reforçadas as linhas de
estratégia para reduzir os gargalos, agilizar vendas e aumentar a participação
do Brasil no comércio internacional.
Metas externas
O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio (Mdic), Ricardo Schiffer, disse que o governo prevê
expandir as vendas de todas as carnes em até 1 milhão de toneladas, mas não
indicou um prazo para atingir esta meta.
"Nossa intenção é dialogar com o setor de carnes. Vemos
uma situação difícil no mercado mundial com o aumento da competição e num
cenário de mudanças constantes. A ideia é solucionar gargalos de custo,
financiamento, trabalhar o acesso a mercados, porque percebemos barreiras
contra a exportação brasileira, e vemos que isso pode ser mudado", disse.
Ele lembrou que o Brasil enviou missão à China no ano
passado, que favoreceu a habilitação de novas plantas de abate para a carne de
frango e permitiu um aumento para as exportações ao mercado chinês.
"O Brasil é um dos maiores players e a gente vê que tem
condições de ampliar esta fatia. Tem agenda em curso, vemos muitas
possibilidades no mercado asiático", acrescentou.
O Brasil é o primeiro no ranking de exportadores de carne
bovina e de frango e quarto maior no mercado global de carne suína.
Fonte: Administradores
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