Com o mercado de trabalho competitivo e acirrado no final do
século XX, e no início do século XXI, muitas pessoas que são profissionais na
área de administração se pergunta: serei um administrador generalista, que
entende um pouco de tudo, ou serei um administrador especialista, que entende
de tudo um só pouco. Neste trabalho de pesquisa, estão algumas abordagens sobre
o assunto, e que ajudará em sua escolha.
VOCÊ É UM ESPECIALISTA OU UM GENERALISTA?
Existem pessoas que sabem um pouco de tudo de Internet. Elas
possuem ao mesmo tempo boas noções de redação, direção de arte, programação,
dos processos de criação e produção de um site ou peça publicitária. Existem
também os especialistas – aquelas pessoas que estão focadas somente em um
determinado assunto, como programação em php ou arquitetura da informação.
O administrador e o mundoCom o amadurecimento da Internet,
estão surgindo muitos profissionais especializados. São, por exemplo, os
arquitetos de informação, os programadores especializados em apenas uma
linguagem e os diretores de arte que não sabem um comando sequer de flash.
Por outro lado, os profissionais que sabem um pouco de tudo,
como os gerentes de projeto, continuam sendo requisitado no mercado. E isso tem
dado origem a uma grande dúvida dos profissionais: especializar-se ou tornar-se
um multiprofissional?
Antes de tudo, não existe uma resposta para essa dúvida –
seria como dizer a você que faculdade fazer para ser bem sucedido no futuro.
Existem apenas situações que podem indicar a decisão que mais se adapta ao seu
perfil.
Para ajudar nessa decisão difícil, vou fazer uma analogia
entre uma construção e a Internet. Imagine que você vai construir uma casa. No
mundo ideal, ao construí-la você tem um terreno, um projeto, arquitetos,
engenheiros, construtores e fases de desenvolvimento. Quando estiver tudo
pronto, você aprova e finalmente vai morar. O processo de criação e produção de
materiais para Internet é muito parecido: você tem um local para hospedar ou
veicular seus trabalhos, o trabalho de planejamento, criação e produção dos
materiais que, depois de aprovados, vão ao ar.
Uma pessoa pode construir uma casa sozinha, mas não pode
construir um prédio. O mesmo acontece com um trabalho de Internet: você pode
construir um site pequeno sozinho, mas teria muita dificuldade em produzir uma
aplicação como Internet banking. E aí estão as diferenças que podem ajudar na
sua decisão profissional.
Se você gosta de trabalhar com grandes projetos e grandes
clientes, a especialização é o seu caminho. Nas grandes agências e produtoras,
cada pessoa tem funções bastante específicas, pois há verba para manter uma
estrutura com todos os profissionais necessário.
A primeira desvantagem é que grandes projetos e grandes
clientes, assim como os lugares que os realizam, estão em número bastante
limitado. Dá para contar nos dedos, por exemplo, quantas agências possuem um
profissional que faz a revisão de textos.
A segunda desvantagem é que a especialidade que você
escolheu pode ser apenas uma moda que, quando passar deixará você deslocado
profissionalmente.
Nas grandes empresas também existe espaço para os
multiprofissionais, mas em funções gerenciais – se o seu objetivo é tornar-se
um gerente, coordenador ou diretor, você precisa saber um pouco de tudo.
Por outro lado, em projetos com verba reduzida (a maioria),
um profissional realiza várias funções: o diretor de arte também pode fazer o
flash, o programador pode fazer ao mesmo tempo HTML, flash e o banco de
dados. As produtoras e agências de médio
e pequeno porte, que são a maioria das oportunidades de trabalho, precisam
trabalhar com os multiprofissionais porque é muito caro manter uma grande
equipe de profissionais especializados.
As vantagens de ser um multiprofissional são ter mais
facilidade para encontrar oportunidades de trabalho (inclusive freelas) e a
possibilidade de conseguir cargos gerenciais.
A desvantagem de ser um multiprofissional é a falta de foco:
você dificilmente se tornará o melhor em uma especialidade e pode ter
dificuldade em se colocar no mercado por não saber exatamente qual a sua
função.
Outra desvantagem é que muitas empresas tiram proveito dos
multiprofissionais. Ao usar uma pessoa quando deveria haver uma equipe, é claro
que o trabalho sai com uma qualidade inferior.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Com sólida formação generalista, o administrador público
propõe políticas nos planos federal, estadual e municipal.
O administrador público atua principalmente no âmbito das
instituições públicas e junto às empresas privadas, mas suas ações têm se
destacado, também, no universo das organizações não governamentais (ONGs). “ele
pode, ainda, buscar uma complementação de sua formação em programas de
pós-graduação, em áreas com a economia, as engenharias e a sociologia”, informa
o coordenador do curso de Administração Pública da Faculdade de Ciências e
Letras (FCL) da UNESP, campus de Araraquara, Dalton Geraldo Guaglianoni.
Sempre de acordo com Guaglianoni, para obter sucesso o
profissional deve ser criativo, flexível, comunicativo, despojado de
preconceitos e hábil negociador. Precisa também ter espírito crítico, saber
ouvir mais do que falar, possuir raciocínio lógico aguçado, ter facilidade com
números e ser dotado de elevado senso de justiça. “o administrador público
precisa ser mais generalista do que especialista, pautando-se sempre por
princípios de igualdade e justiça social”, ele pondera.
Para fazer frente ao crescente processo de municipalização
de políticas públicas, o mercado de trabalho, segundo o coordenador, vem
apresentando um sensível crescimento da demanda por profissionais da área de
administração pública. “os municípios são, portanto, importante possibilidade
de colocação para os profissionais da área”, afirma. “as ONGs têm absorvido
grande número de administradores públicos” devido a necessidade de uma maior
profissionalização do setor, as ONGs têm absorvido grande número de
administradores públicos”.
O mercado demanda, cada vez mais, profissionais com visão
ampla do mundo e aptos a relacionar diversos elementos que envolvam pessoas,
materiais, recursos disponíveis e competência técnica para realizar o objetivo
proposto. Essas competências são essenciais, por exemplo, quando se trata de
escolher o melhor lugar para construir um posto de saúde ou a elaboração do
melhor traçado de uma estrada. O local selecionado, a população beneficiada e a
manutenção do serviço em termos de infra-estrutura e recursos humanos são
variáveis que não podem ser deixadas de lado.
O distrito federal e as capitais estaduais são os locais
onde surgem as maiores oportunidades profissionais. Esses locais abrigam as
estruturas administrativas responsáveis pela tomada das mais diversas decisões,
que incluem, por exemplo, as numerosas variáveis envolvidas desde o projeto até
a execução de uma obra publica “como nessas cidades funcionam grandes
estruturas administrativas, é natural que a boa parte dos profissionais da área
se concentrem nelas”, afirma Guaglianoni.
Devido a necessidade de uma formação eclética, o currículo
do curso inclui disciplinas bem diversas, tais como Teoria da Administração,
direito Administrativo, contabilidade pública e marketing. “Essa base sólida
permite que os alunos desenvolvam a capacidade de estabelecer elos entre
diferentes informações e possam elaborar e propor políticas públicas nos plano
federal, estadual e municipal”, conclui o docente da FCL.
ESPECIALISTA OU
GENERALISTA, SER OU NÃO SER?
Tempos em tempos muda o perfil exigido pelo mercado para
determinados profissionais. Bola da vez entre os Administradores é o
profissional generalista, embora o especialista continue sendo indispensável.
Num mercado complexo e diversificado, o que ser então? Especialista ou
generalista? A resposta parece ser generalista com especialidade.
Um profissional generalista é um especialista capaz de
interagir, interceder entre áreas de uma organização. “É generalista porque tem
competência de costurar os vários setores de uma organização”, define o
presidente do CRA-RJ, Wagner Siqueira. Ele alerta para o risco de ser
considerado generalista “aquele profissional borboleta, que fica pulando de
setor em setor porque sabe um pouquinho de cada área”.
O grande desafio para os cursos de administração e para os
docentes é formar esse administrador generalista/polivalente. O presidente do
CFA e da Comissão de especialistas do MEC para ensino de administração, Rui
Otavio Bernandes de Andrade, ressalta que “o conceito de polivalente do generalista,
em que o administrador não apenas domina diferentes técnicas, equipamentos e
métodos, mas, acima de tudo, conhece a origem destas técnicas, os princípios
científicos e técnicos que embasam os processos produtivos, apreende as
implicações do seu trabalho, seu conteúdo ético, compreendendo não só como
fazer, mas o que fazer”.
Conjunto de competências para a qualificação real
(competência intelectuais) Características/habilidades:
Reconhecer e definir problemas,equacionar soluções, pensar estrategicamente,
introduzir modificações no processo de trabalho,atuar preventivamente,
transferir e generalizar conhecimentos.
(técnicas ou metódicas) aplicar conhecimentos técnicos,
métodos e equipamentos necessários à execução de tarefas especificas e
gerenciamento do tempo e espaço de trabalho autoplanejar-se e de
autoorganizar-se.
(organizacionais, comunicativas) expressão e comunicação com
o seu grupo, superiores e hierárquicos ou subordinados, cooperação, trabalho em
equipe, diálogo, exercício da negociação e de comunicação interpessoal.
(social) utilizar todos os seus conhecimentos nas diversas
situações encontradas no mundo do trabalho e transferir conhecimentos da vida
cotidiana para o ambiente de trabalho e vice-versa. Comportamentais iniciativa,
criatividade, vontade de aprender, abertura as mudanças, consciência da
qualidade e das implicações éticas do seu trabalho, acarretando o envolvimento
da subjetividade do individuo na organização do trabalho.
(políticas) refletir e atuar criticamente sobre a esfera da
produção, na esfera pública, nas instituições da sociedade civil,
constituindo-se como atores sociais dotados de interesses próprios que se
tornam interlocutores legítimos e reconhecidos.
ENTREVISTA: “GENERALISTA OU ESPECIALISTA?”
News: Qual a característica mais importante ao administrador
- o profissional generalista, o especialista, o administrador de conflitos, o
planejador? Ou todas em doses adequadas a cada desafio?
WS: É certo que prevalece, hoje, no mercado de trabalho, em
substituição ao especialista, o perfil profissional do
administrador.Generalista/polivalente, como um cidadão do mundo, com uma
formação global e humanista, hábil negociador, preditivo em suas análises,
planejador inconteste para fazer frente aos novos imperativos conceituais
derivados do novo paradigma, que institui e norteia a nova cidade. Neste caso,
o conceito de polivalência aproxima-se do conceito de generalista, em que o
administrador não apenas domina diferentes técnicas, equipamentos e métodos,
mas, acima de tudo, conhece a origem dessas técnicas, os princípios científicos
e técnicos que embasam os processos produtivos, apreende as implicações do seu
trabalho, seu conteúdo ético, compreendendo não só como fazer, mas o porquê
fazer; ou seja, deve dominar o saber-pensar, o aprender-apreender para não ser
objeto da modernidade, mas o seu sujeito criativo, marca fundamental do cidadão
moderno, capaz de atuar com autonomia crítica e criativa e, principalmente, de
ser ator de um projeto moderno e próprio de desenvolvimento.
A capacidade de questionamento crítico e criativo, que
perfaz tanto o centro do conhecimento quanto uma das bases da cidadania,
forja-se pela via do aprender¬-apreender, do saber-pensar.
News: Qual é a grande escola para os administradores: a
empresa familiar, a multinacional ou a empresa pública?
WS: Penso que a grande escola para os administradores, longe
da definição pela escolha de uma das categorias acima, situa-se no continuum
organizacional que possibilite mutuamente ao administrador e à empresa o
alcance de níveis significativos e crescentes de desenvolvimento pessoal,
profissional e institucional, seja no espaço da empresa familiar
profissionalizada, da empresa pública produtiva, da empresa multinacional, ou
de outra qualquer categoria de atividade econômica, em que as empresas de todos
os portes incorporem nos seus negócios, entre outras orientações, as seguintes
e principais:
- a integração com a contemporaneidade do mundo implica maior desenvolvimento e apropriação da ciência e da tecnologia, enquanto principais instrumentos da dinâmica do sistema produtivo;
- a sobrevivência da organização depende de sua capacidade de adaptação ao ambiente externo e interno, portanto, o administrador deve ser o principal agente no processo de mudança da forma de pensar, agir e de decidir os rumos da organização;
- ter estruturas altamente flexíveis, ao contrário das empresas tradicionais, para enfrentar as turbulências e incertezas dos dias de hoje;
- a inovação permanente, como fator estratégico e diferencial competitivo para a sobrevivência da organização, ou seja, "approach" de verbas cada vez mais volumosas destinadas à criação de novos produtos, serviços, sistemas e processos em um movimento determinado rumo ao novo;
- a empresa operando cada vez mais em redes (networks);
- no mundo do pluralismo e da multiplicidade, deter e alimentar uma marca
- reconhecida e respeitada será uma estratégia cada vez mais perseguida;
- sólida cultura, com o alinhamento de valores e princípios, e a determinação de uma visão compartilhada será cada vez mais fator diferenciação competitiva das organizações;
- o indivíduo responsável pelo seu próprio sucesso Profissional e pelo planejamento de sua carreira, instrumentando-se para o destino e para o futuro;
- ambiente humano mais propício ao desenvolvimento e à recompensa forma mais justa de seu real valor;
- formação continua e permanente associada à empregabilidade;
Valorização das potencialidades das pessoas.
A empresa que não trilhar este caminho estará praticando a
tática mais rápida para o seu fracasso. Sabe-se que a administração tradicional
- aquela de organização jurássica e burocrática - vem dedicando uma parcela de
sua energia, tempo e recurso cada vez menor, ao verdadeiro valor das organizações:
sua inteligência competitiva ou, usando uma expressão de cunho mais
tecnológico, o seu ativo intangível.
News: As empresas no Brasil, nacionais ou multinacionais,
passaram por grandes transformações nos últimos dez ou quinze anos. Como foi a
atuação dos administradores nesse processo: decisiva ou perderam terreno para
engenheiros e outros profissionais?
WS: Muitos cargos intermediários dessa categoria
profissional foram eliminados nos últimos anos em conseqüência da redução dos
níveis de administração, substituídos ¬pela tecnologia, excluídos dos programas
de mudança de "cima para baixo" e marginalizados pelas delegações de
poder de "baixo para cima.
Todavia, a redução dos níveis hierárquicos, a delegação de
responsabilidade e a reestruturação em torno de processos não eliminaram a
necessidade da .administração e dos administradores. O número, a distribuição,
os padrões e as carreiras Profissionais dos administradores podem ter mudado,
mas os requisitos fundamentais da administração - controle, coordenação e
direção - mantêm-se; a produção e distribuição de bens e/ou serviços necessitam
da administração da aplicação de recursos essenciais.
“O estilo do administrador dominante”
Por Miguel Zacarias Neto
Resumo - As certezas em administração empresarial estão
caindo. Cada vez mais as organizações deverão requerer dos jovens executivos,
além das aptidões de conhecimento técnico, atitudes interpessoais, domínio do
quadro como um todo e habilidades para integrar todas as funções de uma
empresa. O importante, o factual, hoje, na administração empresarial não é
saber qual função deveria ser dominante. O ambiente contemporâneo exige que
pessoas e processos combinem e alternem as funções de especialista com as de
administração geral. Falamos do especialista genérico, aqueles e aquelas
capazes de revigorarem uma empresa de visão e de atitudes estreitas. Este
perfil demanda versatilidade e capacitação de enxergar e agir na administração
geral assimilando com poder de discussão sintético, consistente, criativo e
pro-ativo, as mais diversas áreas de influência de uma empresa, além de estar
disponível à aproximação e à comunicação, encorajar e responder ao fluxo de
idéias de baixo para cima e da adoção de flexibilidade de comportamento.
Aprender de forma criativa é uma das formalidades de
executivo deste e do próximo século, e as organizações que entenderem esta
"máxima" e investirem em seus talentos, ou em seus recursos humanos,
certamente terão em suas mãos a chave para o alongamento e ou sobrevivência de
sua organização. Quando falamos em organização, entenda-se toda e qualquer
empresa independentemente de tamanho e/ou ramo de atividade em que atua.
A administração, por um lado, exige experiências
fundamentadas em conhecimentos sistemáticos, mas a necessidade específica de
hoje é de conhecimentos amplamente difundidos. Os jovens executivos com
especialização diferente, além de entenderem-se uns com os outros, requerem
variedade de conhecimento para que a aplicação de sua especialidade seja eficaz
dentro de um conjunto maior de realizações.
Seria o marceneiro que é pedreiro e eletricista, um pouco
catimbeiro, amigo e faceiro que convive em harmonia, integrado aos demais
parceiros construindo algo com habilidade, flexibilidade; conforme o que lhe
parece tecnicamente bem pelos seus conhecimentos específicos e técnicos, em
consonância com o mestre-de-obras e engenheiro, mas com a perspectiva, visão e
necessidade do usuário daquela construção. Indaga-se, então, é um especialista,
um generalista ou um generalista especialista ou um outro modelo?
As origens destas mudanças estão intimamente ligadas às
novas formas de gestão do conhecimento e da atitude dos executivos na empresa
moderna e influenciada por processos altamente dinâmicos da transnacionalização
da informação ou mais comumente conhecida como "efeito globalização ou
internética".
Nunca foram e serão tão grandes os desafios aos
administradores de empresas, que hoje, passam por processos e procedimentos
descontínuos em resposta às alterações muito velozes no contexto da competição
globalizada.
As estruturas e culturas verticais - centralizadoras,
onipotentes, introvertidas - tendem fortemente a converterem-se em modelos
horizontais (equipes) e em times (foco em mercado). A reengenharia dos
processos passa por cima das funções remodelando a organização prevalecendo a
gestão.
PROBLEMAS BASILEIROS EM DEBATE: ENTREVISTAS
No curso oferecido pela Faculdade de Ciências e letras (FCL)
da UNESP, campus de Araraquara, os alunos de Administração Pública discutem, em
disciplinas optativas, como Economia Brasileira, Planejamento e Administração
de Empresas Públicas, diversas facetas dos problemas brasileiros.
A partir do terceiro ano, o aluno cumpre 240 horas de
estágio supervisionado. Esse estágio pode ser feito tanto no município de
Araraquara como em cidades próximas, como Ribeirão Preto, Rio Claro ou São
Carlos. Prefeituras e órgãos estaduais e federais instalados nesses municípios
costumam oferecer um razoável número de vagas. Durante esse período, o
estudante deve elaborar projetos que serão avaliados pelos professores.
O Centro Acadêmico de Administração Pública da FCL organiza,
anualmente, a "Semana de Administração Pública", na qual são
discutidas as principais tendências da área. Também são realizadas visitas
técnicas periódicas a Brasília como formar talentos consultor diz que
conhecimento das características individuais ajuda a criar times vencedores.
Por Lázaro Evair de Souza.
O administrador de empresas Jorge Matos, um carioca de 40
anos, conhece bem os meandros da alma humana. Afinal, já analisou o perfil de
cerca de 20 mil pessoas. Baseado num sistema de estudo da personalidade, criado
na década de 1920 pelo norte-americano William Marston, o especialista
aperfeiçoou um programa denominado Desenvolvendo a Competitividade Pessoal.
Composto de 24 questões, o método é bastante útil em testes vocacionais de
estudantes e principalmente para formação e capacitação de equipes em empresas.
O teste se aplica a todo tipo e porte de empreendimento,
pois a matéria-¬prima de análise é o ser humano, fator que independe do tamanho
da organização', comenta.
Toda a base teórica e parte das técnicas de aplicação do
método foram condensadas no livro Talento para a Vida, escrito por Matos em
parceria com a psicóloga Vânia Portela, sua sócia na empresa Human learning
Consultores Associados. Nesta entrevista a PEGN, ele fala também sobre as
características dos empreendedores de sucesso.
Baseado em sua experiência em análise de perfis, qual a
característica básica de uma pessoa empreendedora?
MATOS: É o tipo de personalidade que apresenta necessidade
inexorável de realizar coisas. É o sujeito que nunca está satisfeito, nunca
fica parado, busca constantemente novas tarefas. Ele precisa estar fazendo algo
novo ou ter uma idéia nova todos os dias. Para conseguir seus objetivos procura
pessoas e, como possui grande poder de persuasão, lhe é fácil convencê-¬Ias e
motivá-Ias para segui-Io na sua empreitada.
Quais talentos são indispensáveis para um indivíduo abrir e
tocar, com sucesso, um negócio?
MATOS: Agressividade, espírito desbravador, ambição, gosto
pelo poder e pela autoridade, habilidade para fazer várias coisas ao mesmo
tempo e um sentimento de nunca querer ficar à mercê de outros. Além desses
talentos, o candidato a empreendedor normalmente deve ser persuasivo, de fácil
relacionamento com pessoas, trabalhar bem as questões de insegurança, ter
facilidade em construir redes de relacionamentos, ser um generalista e se
preocupar pouco com normas e detalhes. Em suma: é um sujeito que tem a visão da
floresta. Ah! Tem também de ser um pouco 'cara-de-pau'.
Como assim, 'cara-de-pau'?
MATOS: É isso mesmo. Sem uma boa dose de cara-de-pau não se
vende nada. De pouco vale você ter um excelente produto se, ao bater na
primeira porta para vender e receber um não na cara, você desistir. Tem gente
que se deprime com as adversidades. O verdadeiro empreendedor sabe que o
obstáculo, a porta na cara, faz parte do processo de venda e não se angustia
com isso. Vai para a próxima porta. Parte para o próximo não.
Ele tem então de se acostumar com os nãos?
MATOS: Não. Ele precisa é estar consciente, e o empreendedor
de verdade está, de que o fracasso é apenas uma das etapas do processo de
venda. Se ele conhece bem o negócio em que atua e sabe que para vender seu
produto são necessárias, por exemplo, 20 tentativas, não há motivos para se
desesperar na décima quinta. Ele não pode sofrer ou se angustiar com algo que
tecnicamente já está previsto.
Então alguém que se angustia diante das adversidades jamais
deve montar um empreendimento?
MATOS: Não necessariamente. Ele pode muito bem se juntar a
um sócio ou contratar alguém que o complemente, alguém com características
diferentes das suas. Se o indivíduo é um especialista, pode faltar-lhe alguém
que tenha suficiente motivação e até uma certa irresponsabilidade para colocar
aquele produto no mercado. A recíproca também é verdadeira: um empreendedor
corre o risco de perder tudo por não ter ao seu lado um parceiro capaz de lhe
dar suporte técnico, analítico e administrativo para consolidar seu projeto.
A palavra de ordem nesse caso é encontrar o seu avesso?
MATOS: Exatamente. É preciso buscar o inverso dele para se
completar. Encontrada tal pessoa, ele necessita também achar alguém parecido
com ele para alavancar mais fortemente seu negócio. Mas, antes de fazer tudo
isso, o indivíduo precisa ter a certeza de que se conhece em profundidade.
Conhecendo melhor os talentos próprios e dos outros fica
mais fácil formar equipes?
MATOS: Acreditamos ser essa tarefa a base de tudo numa
organização. Só que isso não é fácil. Existem hoje diversas ferramentas que
ajudam em tal empreitada. Uma delas é o programa Desenvolvendo a
Competitividade Pessoal, aperfeiçoado por nós com base no experimento em cerca
de 20 mil pessoas. Ele permite não só conhecer cada indivíduo como também
definir o time ideal para tocar um determinado projeto, identifica entre as
pessoas de uma empresa quais as que se encaixam melhor na tarefa a ser
realizada pela equipe, aponta quem tem perfil bom para liderar, antecipa quais
demandas os liderados farão ao líder e até informa como será a relação entre
eles. Quando se conhece bem as pessoas, elas rendem mais e os negócios
melhoram.
E tal método se aplica a uma pequena empresa?
MATOS: Ele se encaixa em todo tipo de estrutura, pois a matéria-prima
básica de análise é gente. E gente, com seus problemas e perfis, é igual, quer
esteja numa microempresa ou num grande grupo. Como ele funciona? O princípio
básico é aumentar a competência do empresário na tarefa de escolher e capacitar
pessoas. Com a ajuda de um programa de computador, o método levanta o talento
primordial dos indivíduos. A partir daí, o empreendedor pode saber, com
exatidão, o que cada um faz melhor. De posse de tal informação é possível a ele
aperfeiçoar o que seus funcionários têm de melhor, formar times que trabalharão
de maneira mais harmônica, alinhar cargos de acordo com as personalidades, de
maneira que o funcionário produza mais e melhor, ou até contratar um sócio para
a empresa.
É possível também aperfeiçoar aptidões no empreendedor ou
nos seus funcionários?
MATOS: Na medida em que se conhece em profundidade as
principais características do indivíduo e se reconhece as lacunas existentes
entre ela e o contexto em que atuam, fica muito mais fácil fazer correções. Se
você sabe onde estão seus pontos fortes e fracos, assim como os da sua equipe,
fica fácil identificar, nos seus empregados, fatores positivos e negativos, e
desenvolver ações no sentido de corrigir tais lacunas por meio de treinamento,
de forma a reduzir ou até eliminar as deficiências. É possível também fazer
combinações de pessoas, de maneira a forjar equipes nas quais as deficiências
individuais sejam compensadas pelas virtudes do grupo.
Na prática, como é a aplicação desses conceitos sobre
aptidões das pessoas?
MATOS: É comum, nas empresas, notar que algumas pessoas não
rendem bem numa determinada função e quando, por motivo aleatório, mudam para
outra, se descobrem. O que o método faz é sistematizar tais trocas e
descobertas a partir das análises dos perfis. Dessa forma, podemos tirar gente
de atividades técnicas internas para executar funções de vendas ou vice-versa.
Com isso, ganham os dois lados: o empreendedor, que conseguirá tirar o máximo
dos seus funcionários; e estes, por atuarem exatamente nas áreas em que possuem
as melhores aptidões, conseguirão melhorias salariais e maior estímulo na
execução das tarefas.
CONCLUSÃO
Concluímos com essa pesquisa que existem oportunidades para
todos, sendo um administrador especialista, você pode ser referência de
conhecimento na sua especialidade e um profissional bastante disputado no
mercado. Tornando–se generalista, você tem mais oportunidades no mercado, tem
uma visão de projeto como um todo e pode conseguir cargos gerenciais de
destaque com esses conhecimentos. Independente do caminho que escolher, faça de
tudo para ser o melhor naquilo que faz.
Fonte: Renan Roberto Bardine
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