Há profissionais demais com esse tipo de diploma no mercado?
As empresas deixarão de contratá-los? Veja as opiniões de reitores e
coordenadores de instituições voltadas para negócios
Diante da última crise econômica mundial e da consequente
recuperação, que continua em curso, discussões quanto ao valor de diplomas de
MBA no currículo de empreendedores e líderes são recorrentes. Recentemente, o
site da revista norte-americana The Atlantic publicou uma matéria intitulada
“Uma bolha de MBAs está estourando?”, trazendo pesquisas com relação à intenção
de contratação de pessoas com MBA, bem como aspectos salariais e outros.
O autor do artigo, Jordan Weissmann, destaca pontos
negativos para os que estão fazendo esse tipo de pós-graduação. Da primeira
pesquisa, publicada na Businessweek, Weissmann aponta para os 44% dos
empregadores participantes que afirmaram que não pagariam mais por funcionários
recém saídos de um MBA, e até mesmo diminuiriam seus salários. Sobre outro
estudo, ele destaca que a porcentagem de recrutamento de pessoas com MBA para
este ano teria sido projetada para cair em 25%, enquanto aumentaria a porcentagem
de contratações para bacharéis e doutores.
No site Poets & Quants, John Byrne utiliza as mesmas
pesquisas para defender uma visão contrária a Weissmann. Ele destaca que mais
da metade dos empregadores entrevistados pela Businessweek, mais precisamente,
56%, pretendem aumentar o salário base para funcionários com MBA (contra os 44%
apontados pelo autor do texto do The Atlantic, que afirmaram que manteriam
estável o valor deste salário). Segundo Byrne, de acordo com a pesquisa, apenas
2% dos entrevistados afirmaram que diminuirão as ofertas de salário para
pessoas com MBA.
Para obter algum tipo de resposta diante das opiniões
conflitantes, o site MBA Channel buscou depoimentos de reitores e coordenadores
de cursos de MBA espalhados pelo mundo, com o objetivo de verificar as
tendências globais quanto ao questionamento de que há estudantes de MBA
sobrando no mercado. Aqui estão alguns deles:
EUA: Robert F. Bruner, reitor da Darden School of Business,
da Universidade da Virgínia
“Nos últimos anos, a demanda por recém-formados da Darden
tem sido muito forte. Nós conseguimos posicionar mais de 90% dos
recém-graduados em MBA no mercado de trabalho. Novos recrutadores têm feito
parcerias conosco, e tivemos aumentos consideráveis no número de aplicantes
para os cursos de MBA. Ao mesmo tempo, porém, a quantidade de pessoas fazendo o
GMAT, este padrão para ingresso em pós-graduações em gestão e MBAs em geral nos
EUA, tem decaído na última década.
Mas, dada à recuperação da economia global, e
particularmente o crescimento de economias emergentes, parece seguro dizer que
a demanda por educação em gestão continuará crescendo. Como as universidades e
faculdades preencherão esta demanda é o curinga dos MBAs”.
China: Hellmut Schutte, reitor da CEIBS
“Apesar de toda a discussão sobre globalização, o mercado
para MBAs continua local. A demanda por profissionais com esse diploma
amadureceu nos EUA e na Europa, mas na Ásia é diferente, principalmente na
China. Este país possui apenas um quarto do número de faculdades de administração
e negócios existentes nos Estados Unidos, com uma população quatro vezes maior.
Por isso, o mercado chinês, que continua crescendo, precisa de mais e melhores
líderes e gestores e permanecerá com uma grande demanda por eles durante muito
tempo.”
Austrália: Zeger Degraeve, reitor da Melbourne Business
School
“É claro que existem mais programas de MBA do que é
necessário no mercado, mas é claro também que existe uma diferença crucial
entre programas de qualidade e os outros. Um programa de MBA reconhecido e bem
visto ainda tem valor no mercado. Conforme os negócios se tornam mais
complexos, organizações investem em profissionais que trazem múltiplas
perspectivas, resolvem problemas complicados e possuem uma mente com foco no
global, pois sabem que pessoas talentosas farão a diferença em suas empresas.
Então sim, a bolha dos MBAs “meia-boca”, criados para levar vantagem em cima do
crescimento desse tipo de curso, irá estourar, mas é certo que empregadores
ainda recrutarão profissionais de faculdades
prestigiadas e conhecidas pela qualidade de seus programas.”
América do Sul/Brasil: Armando Dal Coletto, reitor da
Business School São Paulo (BSP)
“A contratação de talentos preparados para desafios de
gerência é um recurso importante em empresas. Não deveria ser comparado a um
“fenômeno de bolha”. Para afirmar que há uma crise, de fato, não se pode olhar
apenas as projeções dos recrutadores, mas também as dos economistas.
Claro que, como em tudo no mercado, a lei da oferta e da
procura é válida; em tempos de crise a procura diminui e o impacto é sentido de
diversas maneiras. No caso brasileiro a realidade tem particularidades como o
fato de que o comum aqui é que o estudante de MBA faça o curso enquanto
trabalha, o que significa que ele não vai procurar um emprego ao final de seu
MBA, mas geralmente já está inserido no mercado.
Esta experiência é ainda mais enriquecedora, pois o
profissional vê a prática daquilo que estuda em sala de aula e já pode aplicar
seus conhecimentos no cotidiano do seu emprego. Portanto, recrutadores levam em
conta não só os diplomas, mas também a experiência profissional e realizações
pessoais; diplomas são importantes mas não bastam para ser bem-sucedido na
carreira!”
Europa/ Espanha: Santiago Iñiguez de Onzoño, reitor da IE
Business School
"Honestamente, eu não acredito que os programas de MBA
estão amadurecendo, mas simplesmente que há instituições consolidadas no
mercado e a competição está aumentando. Há várias razões que dão apoio a esta
visão: primeiro, se olharmos os diversos tipos de MBA, com formatos
tradicionais ou online, veremos que o mercado cresceu e as perspectivas são
positivas. Ainda há muito espaço para as mulheres, por exemplo, que ainda
preenchem poucas vagas em programas do tipo.
A internacionalização do corpo de estudantes em várias
escolas ainda apresenta grandes oportunidades. Em último lugar, algumas
estatísticas usadas para afirmar o estouro de uma “bolha dos MBAs” são
enganosas. Por exemplo, apesar de menos pessoas usarem o teste GMAT para
ingressar em MBAs, elas o estão fazendo de outras maneiras, pois as
instituições têm adotado formas personalizadas de ingresso."
Fonte: Administradores
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