Mais de dois milhões de pessoas já utilizaram sua ferramenta
em todo o Brasil. Foi escolhida como a plataforma oficial do MEC para
preparação do ENEM. Conheça a startup Geekie
"Duas pessoas não aprendem da mesma forma." É
exatamente, através dessa premissa, que a Geekie, uma startup inaugurada em
2011, promete revolucionar o modelo de ensino aprendido no Brasil. A empresa,
criada pelos sócios Eduardo Bontempo e Claudio Sassaki, oferece soluções
educacionais personalizadas, adequando o ensino ao perfil de cada aluno para
que ele possa aprender da forma mais adequada às suas características e
necessidades.
"Tem gente que aprende melhor pelo vídeo, outras pelo
texto, outras pelo áudio. Enfim, a plataforma vai entender a melhor forma de
aprender de cada um para começar a gerar conteúdo", afirma Bontempo. E os
primeiros passos já foram alcançados: o produto Geekie Games, através de uma
parceria com a Globo, chegou a estudantes de 90% dos municípios brasileiros,
além de ser escolhido como plataforma oficial do MEC para preparatório do ENEM.
Como parte do especial "2014: o ano da sua
startup", divulgado na edição 24 da revista Administradores, conversamos
com o Eduardo Bontempo sobre todo o projeto e início da Geekie. Veja a
entrevista na íntegra abaixo:
Como surgiu a ideia da Geekie?
A Geekie tem um pouco mais de dois anos. A gente começou a
se dedicar em tempo integral a empresa no final de 2011. Eu e o meu sócio
Claudio Sassaki fomos os fundadores. A gente já se conhecia da nossa carreira
profissional anterior. A gente trabalhou durante muito tempo no mercado de
banco de investimentos. E desde aquela época a gente compartilhava uma paixão
por educação por diversos motivos. O primeiro deles, por uma questão pessoal:
por ter pais professores, que sempre valorizavam a educação. Então, sempre
tivemos essa vontade de empreender no setor.
A gente acabou seguindo rumos diferentes. O Cláudio foi para
outro banco e eu acabei indo fazer um MBA nos Estados Unidos, no MIT. E fui
para lá, pensando em pesquisar e desenvolver ideias que fossem inovadoras com
enfoque no setor de educação. Então, comecei a me aprofundar no ensino
adaptativo, era um assunto muito recente nos EUA e no Brasil. Pouca gente
estava antenada no que estava acontecendo em termos de evolução de tecnologia
para isso. Naquela época vinha conversando muito sobre o assunto com o Cláudio,
então, a gente acabou amadurecendo a ideia e a partir de muitas pesquisas, a
gente chegou mais perto do que a Geekie é hoje
Então essa foi a sua primeira startup ou você já tinha
participado de alguma outra iniciativa?
Foi a primeira iniciativa tanto minha quanto do Sassaki. A
gente nunca tinha trabalhado com startup. De certa forma, como trabalhávamos no
mercado financeiro, tínhamos contato com grandes empresas e também aquelas
menores, mas a Geekie é a primeira iniciativa empreendedora de verdade nossa.
Vocês ganharam o prêmio da IBM recentemente. O que você pode
nos detalhar sobre essa conquista?
Ao longo do ano tivemos algumas oportunidades de participar
de algumas premiações, existem muitas competição de startup. Mas é preciso
tomar um pouco de cuidado porque participar desse tipo de prêmio exige uma
dedicação de prêmio e de esforço muito grande. Então, éramos muitos seletivos
quando o assunto é competição de startup, tínhamos que entrar em algo que
realmente acreditássemos que vale a pena. O programa da IBM tem algo muito
forte, pela questão da credibilidade, por estar associada a uma das maiores
empresas de tecnologia do mundo, então, era algo importante para a gente. Além
de contar com algumas trocas de experiências e troca de contato com empresas
que agora estão mais próximas - isso atraía muito a gente. Então foi a única
competição de startups que a Geekie participou e que nos engajamos de verdade.
Acho que o resultado reflete muito pela nossa própria
história. Um grupo de pessoas que poderia trabalhar em qualquer empresa do
mundo, mas abriu mão dessas carreiras para acreditar em um propósito de
melhoria na educação.
Qual é a receptividade dos produtos desenvolvidos pela
Geekie? Qual é o alcance de vocês até o momento?
Existem dois produtos que são os projetos centrais. O
primeiro produto é o de diagnóstico de proficiência individual dos alunos. A
gente já comercializa a dois anos para escolas particulares e têm duas
secretarias de educação que trabalham usando o Geekie Teste. Fechamos o ano de
2013 com 60 escolas que usavam e, para esse ano, nós já temos mais de 400
escolas que vão utilizar o produto.
E o segundo produto é a plataforma adaptativa, que acabamos
abrindo no meio de 2013 em um projeto com a Globo, o Geekie Games. Esse produto
deu um salto em termos de aceitação e conseguimos mais de dois milhões de usuários
cadastrados. Alunos do Brasil inteiro, em todos os estados do país, acessaram e
o mais bacana é que a gente passou por um crivo do Ministério da Educação e
passou a ser uma plataforma oficial, credenciada pelo Ministério da Educação
para preparação do ENEM. Ter esse selo do Ministério, sem dúvida, mostra que
estamos no caminho importante, de estarmos produzindo algo de qualidade e um
processo de desenvolvimento de primeira linha.
Se chegasse um leigo que não conhecesse os produtos da
Geekie e você tivesse que fazer uma rápida apresentação dos dois produtos, como
definira?
O produto do diagnóstico é o GeekieTeste. Ele é uma
avaliação, como se fosse um simulado, que eu consigo identificar exatamente
quais são os pontos fortes e fracos de cada aluno de forma a direcionar o plano
de estudo de cada aluno. Então, ele é uma ferramenta que utiliza métodos
matemáticos e estatísticos, mas que consegue identificar o gap de aprendizado
do estudante. Essas informações são de conhecimento dos professores e diretor
da escola para que entendam e tenham uma fotografia muito mais detalhada de
cada um dos alunos. É uma ferramenta que traz inteligência para escola e
municia o professor e todos os outros personagens desse processo de educação
com informações.
A segunda ferramenta, que é a plataforma adaptativa, no
fundo ele quebra aquele modelo que existe hoje: o professor dando a mesma aula
para 50, 100 ou 200 alunos. Partimos da premissa que duas pessoas não aprendem
da mesma forma, então, o que a ferramenta faz: uma avaliação, um diagnóstico do
aluno e, a partir desse diagnóstico, ela cria um estudo personalizado para cada
um. Então, cada um tem o seu plano de estudos e esse plano vai ser oferecido também
de forma personalizada. A plataforma tenta aprender qual é a melhor forma de
aprendizado de cada pessoa. Tem gente que aprende melhor pelo vídeo, outras
pelo texto, outras pelo áudio. Enfim, a plataforma vai entender a melhor forma
de aprender de cada um para começar a gerar conteúdo, dentro de um plano de
estudo personalizado, no formato e na quantidade que seja melhor para cada uma
das pessoas. De forma que o processo de aprendizado seja maximizado.
Vocês já estão presentes em quantas cidades?
Através do Geekie Game atingimos todos os Estados
brasileiros e aproximadamente 90% dos municípios do país. A gente realmente
está falando de um projeto que tem abrangência nacional. Foram aproximadamente
17 mil escolas.
Quais foram a os principais desafios encontrados até o
momento?
Tem desafios que a gente continua no dia a dia passando.
Ainda temos uma dificuldade grande de conseguir mão de obra qualificada no
Brasil. Então, precisamos muito de programadores, os engenheiros de computação.
Essa é uma carreira que você encontra escassez no mercado. Então, o desafio de
manter uma equipe de ponta é um dos grandes desafios que possuímos. Tem também
o lado da adesão. Enfim, você conseguir com que o aluno use a sua ferramenta e
não só entre por alguns poucos minutos, mas que ele use com recorrência - que
ele volte a usar no dia seguinte. Enfim, é um desafio diário nosso que estamos
constantemente trabalhando para aperfeiçoá-lo como um todo.
Existe um desafio financeiro que toda startup acaba
passando. É um ambiente extremamente desafiador porque, enfim, você tem sempre
que trabalhar no limite mínimo dos recursos. Então, infraestrutura e tudo mais
são sempre mais difíceis. Então, como qualquer outra startup, passamos por essa
restrição em termos financeiros.
Você falou no início que seus pais são professores e que
isso até influenciou nessa busca por fazer algo voltado à educação. E o que
seus pais acharam da Geekie?
Eu sempre recebi muito suporte dos meus pais. Aqui na Geekie
a gente sempre se posicionou em fazer uma ferramenta que auxilie o trabalho do
professor. Aqui na Geekie nós não acreditamos que uma ferramenta tecnológica
pode simplesmente acabar com o professor e que as pessoas vão simplesmente
aprender com um programa de computador. Sempre nos posicionamos como uma
ferramenta, que busca ajudar o trabalho do professor, não mais como o detentor
irrestrito do conhecimento, mas o transformando em um moderador, tutor, enfim,
um mentor que contribui com o aluno.
Quais são os próximos passos para a startup?
Com esse credenciamento do MEC, então, temos um objetivo
grande de conseguir atingir toda rede pública do Brasil. Então vamos trabalhar
das mais diferentes formas atrás desse objetivo. Também sabemos o quão grande é
o mercado brasileiro de educação, mas nós temos um desejo muito grande de levar
essa ferramenta para outros país e ser uma empresa brasileira que exporta
tecnologia de educação.
Então está no plano, em longo prazo, a internacionalização
empresa e até mesmo essa premiação da IBM pode nos ajudar nesse sentido.
Queremos também aumentar nosso nicho. Temos ferramentas do ensino médio e,
agora, queremos fazer alguns projetos para o ensino fundamental, superior e de
treinamento no mercado corporativo também. Então, é uma expansão que envolve o
mercado educacional.
Vocês são um case que acabam inspirando outros
empreendedores. Então, para quem deseja começar um startup ou virar um
empreendedor, o que você considera como fundamental?
Não chovendo no molhado, mas a primeira coisa que é
fundamental ter resiliência. Enfim, às vezes as pessoas veem algum sucesso que
você está atingindo, mas por trás teve muito trabalho, muita coisa por trás, é
muito difícil no começo. Criar uma tecnologia que não tem em nenhum lugar, não
tem um manual explicando como fazer é um grande desafio. Então, a primeira
palavra é resilência e acreditar no projeto.
A segunda coisa é se cercar de pessoas que irão ajudá-lo a
corrigir o percurso ao longo do caminho. Seja de mentores, investidores
experientes ou altos executivos. A gente sempre procurou se cercar de pessoas
muito boas, que tiveram um bom sucesso em inúmeras áreas, pois elas sempre vão
ajudar a você cortar o caminho ou evitar alguns erros que normalmente se
cometeria.
E a terceira coisa é formar um time excepcional. Uma ideia
sozinha não tem valor nenhum, então, não é preciso ter medo de dividir uma
ideia. É trazer pessoas para construir com você a empresa de seus sonhos ou o
projeto que você tenha. Isso é um fator que define se a empresa vai dar certo
ou não. E prepare-se para trabalhar como você nunca trabalhou na sua vida
inteira, pois é muito complexo construir uma empresa do zero.
Mas é recompensador?
Ah, é maravilhoso. Não há comparação. Quando você vê que
está fazendo a diferença na vida das pessoas, não tem dinheiro que compre.
Então, é extremamente recompensador.
Fonte: Administradores
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