terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Especial Startups | Geekie: novas soluções para melhorar a educação do país

Mais de dois milhões de pessoas já utilizaram sua ferramenta em todo o Brasil. Foi escolhida como a plataforma oficial do MEC para preparação do ENEM. Conheça a startup Geekie




"Duas pessoas não aprendem da mesma forma." É exatamente, através dessa premissa, que a Geekie, uma startup inaugurada em 2011, promete revolucionar o modelo de ensino aprendido no Brasil. A empresa, criada pelos sócios Eduardo Bontempo e Claudio Sassaki, oferece soluções educacionais personalizadas, adequando o ensino ao perfil de cada aluno para que ele possa aprender da forma mais adequada às suas características e necessidades.

"Tem gente que aprende melhor pelo vídeo, outras pelo texto, outras pelo áudio. Enfim, a plataforma vai entender a melhor forma de aprender de cada um para começar a gerar conteúdo", afirma Bontempo. E os primeiros passos já foram alcançados: o produto Geekie Games, através de uma parceria com a Globo, chegou a estudantes de 90% dos municípios brasileiros, além de ser escolhido como plataforma oficial do MEC para preparatório do ENEM.

Como parte do especial "2014: o ano da sua startup", divulgado na edição 24 da revista Administradores, conversamos com o Eduardo Bontempo sobre todo o projeto e início da Geekie. Veja a entrevista na íntegra abaixo:

Como surgiu a ideia da Geekie?

A Geekie tem um pouco mais de dois anos. A gente começou a se dedicar em tempo integral a empresa no final de 2011. Eu e o meu sócio Claudio Sassaki fomos os fundadores. A gente já se conhecia da nossa carreira profissional anterior. A gente trabalhou durante muito tempo no mercado de banco de investimentos. E desde aquela época a gente compartilhava uma paixão por educação por diversos motivos. O primeiro deles, por uma questão pessoal: por ter pais professores, que sempre valorizavam a educação. Então, sempre tivemos essa vontade de empreender no setor.

A gente acabou seguindo rumos diferentes. O Cláudio foi para outro banco e eu acabei indo fazer um MBA nos Estados Unidos, no MIT. E fui para lá, pensando em pesquisar e desenvolver ideias que fossem inovadoras com enfoque no setor de educação. Então, comecei a me aprofundar no ensino adaptativo, era um assunto muito recente nos EUA e no Brasil. Pouca gente estava antenada no que estava acontecendo em termos de evolução de tecnologia para isso. Naquela época vinha conversando muito sobre o assunto com o Cláudio, então, a gente acabou amadurecendo a ideia e a partir de muitas pesquisas, a gente chegou mais perto do que a Geekie é hoje


Então essa foi a sua primeira startup ou você já tinha participado de alguma outra iniciativa?

Foi a primeira iniciativa tanto minha quanto do Sassaki. A gente nunca tinha trabalhado com startup. De certa forma, como trabalhávamos no mercado financeiro, tínhamos contato com grandes empresas e também aquelas menores, mas a Geekie é a primeira iniciativa empreendedora de verdade nossa.


Vocês ganharam o prêmio da IBM recentemente. O que você pode nos detalhar sobre essa conquista?

Ao longo do ano tivemos algumas oportunidades de participar de algumas premiações, existem muitas competição de startup. Mas é preciso tomar um pouco de cuidado porque participar desse tipo de prêmio exige uma dedicação de prêmio e de esforço muito grande. Então, éramos muitos seletivos quando o assunto é competição de startup, tínhamos que entrar em algo que realmente acreditássemos que vale a pena. O programa da IBM tem algo muito forte, pela questão da credibilidade, por estar associada a uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, então, era algo importante para a gente. Além de contar com algumas trocas de experiências e troca de contato com empresas que agora estão mais próximas - isso atraía muito a gente. Então foi a única competição de startups que a Geekie participou e que nos engajamos de verdade.

Acho que o resultado reflete muito pela nossa própria história. Um grupo de pessoas que poderia trabalhar em qualquer empresa do mundo, mas abriu mão dessas carreiras para acreditar em um propósito de melhoria na educação.


Qual é a receptividade dos produtos desenvolvidos pela Geekie? Qual é o alcance de vocês até o momento?

Existem dois produtos que são os projetos centrais. O primeiro produto é o de diagnóstico de proficiência individual dos alunos. A gente já comercializa a dois anos para escolas particulares e têm duas secretarias de educação que trabalham usando o Geekie Teste. Fechamos o ano de 2013 com 60 escolas que usavam e, para esse ano, nós já temos mais de 400 escolas que vão utilizar o produto.

E o segundo produto é a plataforma adaptativa, que acabamos abrindo no meio de 2013 em um projeto com a Globo, o Geekie Games. Esse produto deu um salto em termos de aceitação e conseguimos mais de dois milhões de usuários cadastrados. Alunos do Brasil inteiro, em todos os estados do país, acessaram e o mais bacana é que a gente passou por um crivo do Ministério da Educação e passou a ser uma plataforma oficial, credenciada pelo Ministério da Educação para preparação do ENEM. Ter esse selo do Ministério, sem dúvida, mostra que estamos no caminho importante, de estarmos produzindo algo de qualidade e um processo de desenvolvimento de primeira linha.


Se chegasse um leigo que não conhecesse os produtos da Geekie e você tivesse que fazer uma rápida apresentação dos dois produtos, como definira?

O produto do diagnóstico é o GeekieTeste. Ele é uma avaliação, como se fosse um simulado, que eu consigo identificar exatamente quais são os pontos fortes e fracos de cada aluno de forma a direcionar o plano de estudo de cada aluno. Então, ele é uma ferramenta que utiliza métodos matemáticos e estatísticos, mas que consegue identificar o gap de aprendizado do estudante. Essas informações são de conhecimento dos professores e diretor da escola para que entendam e tenham uma fotografia muito mais detalhada de cada um dos alunos. É uma ferramenta que traz inteligência para escola e municia o professor e todos os outros personagens desse processo de educação com informações.

A segunda ferramenta, que é a plataforma adaptativa, no fundo ele quebra aquele modelo que existe hoje: o professor dando a mesma aula para 50, 100 ou 200 alunos. Partimos da premissa que duas pessoas não aprendem da mesma forma, então, o que a ferramenta faz: uma avaliação, um diagnóstico do aluno e, a partir desse diagnóstico, ela cria um estudo personalizado para cada um. Então, cada um tem o seu plano de estudos e esse plano vai ser oferecido também de forma personalizada. A plataforma tenta aprender qual é a melhor forma de aprendizado de cada pessoa. Tem gente que aprende melhor pelo vídeo, outras pelo texto, outras pelo áudio. Enfim, a plataforma vai entender a melhor forma de aprender de cada um para começar a gerar conteúdo, dentro de um plano de estudo personalizado, no formato e na quantidade que seja melhor para cada uma das pessoas. De forma que o processo de aprendizado seja maximizado.


Vocês já estão presentes em quantas cidades?

Através do Geekie Game atingimos todos os Estados brasileiros e aproximadamente 90% dos municípios do país. A gente realmente está falando de um projeto que tem abrangência nacional. Foram aproximadamente 17 mil escolas.


Quais foram a os principais desafios encontrados até o momento?

Tem desafios que a gente continua no dia a dia passando. Ainda temos uma dificuldade grande de conseguir mão de obra qualificada no Brasil. Então, precisamos muito de programadores, os engenheiros de computação. Essa é uma carreira que você encontra escassez no mercado. Então, o desafio de manter uma equipe de ponta é um dos grandes desafios que possuímos. Tem também o lado da adesão. Enfim, você conseguir com que o aluno use a sua ferramenta e não só entre por alguns poucos minutos, mas que ele use com recorrência - que ele volte a usar no dia seguinte. Enfim, é um desafio diário nosso que estamos constantemente trabalhando para aperfeiçoá-lo como um todo.

Existe um desafio financeiro que toda startup acaba passando. É um ambiente extremamente desafiador porque, enfim, você tem sempre que trabalhar no limite mínimo dos recursos. Então, infraestrutura e tudo mais são sempre mais difíceis. Então, como qualquer outra startup, passamos por essa restrição em termos financeiros.


Você falou no início que seus pais são professores e que isso até influenciou nessa busca por fazer algo voltado à educação. E o que seus pais acharam da Geekie?

Eu sempre recebi muito suporte dos meus pais. Aqui na Geekie a gente sempre se posicionou em fazer uma ferramenta que auxilie o trabalho do professor. Aqui na Geekie nós não acreditamos que uma ferramenta tecnológica pode simplesmente acabar com o professor e que as pessoas vão simplesmente aprender com um programa de computador. Sempre nos posicionamos como uma ferramenta, que busca ajudar o trabalho do professor, não mais como o detentor irrestrito do conhecimento, mas o transformando em um moderador, tutor, enfim, um mentor que contribui com o aluno.


Quais são os próximos passos para a startup?


Com esse credenciamento do MEC, então, temos um objetivo grande de conseguir atingir toda rede pública do Brasil. Então vamos trabalhar das mais diferentes formas atrás desse objetivo. Também sabemos o quão grande é o mercado brasileiro de educação, mas nós temos um desejo muito grande de levar essa ferramenta para outros país e ser uma empresa brasileira que exporta tecnologia de educação.

Então está no plano, em longo prazo, a internacionalização empresa e até mesmo essa premiação da IBM pode nos ajudar nesse sentido. Queremos também aumentar nosso nicho. Temos ferramentas do ensino médio e, agora, queremos fazer alguns projetos para o ensino fundamental, superior e de treinamento no mercado corporativo também. Então, é uma expansão que envolve o mercado educacional.


Vocês são um case que acabam inspirando outros empreendedores. Então, para quem deseja começar um startup ou virar um empreendedor, o que você considera como fundamental?

Não chovendo no molhado, mas a primeira coisa que é fundamental ter resiliência. Enfim, às vezes as pessoas veem algum sucesso que você está atingindo, mas por trás teve muito trabalho, muita coisa por trás, é muito difícil no começo. Criar uma tecnologia que não tem em nenhum lugar, não tem um manual explicando como fazer é um grande desafio. Então, a primeira palavra é resilência e acreditar no projeto.

A segunda coisa é se cercar de pessoas que irão ajudá-lo a corrigir o percurso ao longo do caminho. Seja de mentores, investidores experientes ou altos executivos. A gente sempre procurou se cercar de pessoas muito boas, que tiveram um bom sucesso em inúmeras áreas, pois elas sempre vão ajudar a você cortar o caminho ou evitar alguns erros que normalmente se cometeria.

E a terceira coisa é formar um time excepcional. Uma ideia sozinha não tem valor nenhum, então, não é preciso ter medo de dividir uma ideia. É trazer pessoas para construir com você a empresa de seus sonhos ou o projeto que você tenha. Isso é um fator que define se a empresa vai dar certo ou não. E prepare-se para trabalhar como você nunca trabalhou na sua vida inteira, pois é muito complexo construir uma empresa do zero.


Mas é recompensador?

Ah, é maravilhoso. Não há comparação. Quando você vê que está fazendo a diferença na vida das pessoas, não tem dinheiro que compre. Então, é extremamente recompensador.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo participação!