Pessoas desorganizadas tendem a entrar mais no cheque
especial e menos na caderneta de poupança, aponta estudo do SPC
Se você é daqueles que nunca, em hipótese alguma, chega na
hora marcada em quaisquer compromissos -- sejam pessoais ou profissionais --, é
provável que sua saúde financeira não seja das melhores. De acordo com um
estudo da Sociedade de Proteção ao Crédito (SPC) divulgado nesta quinta-feira
(13), pontualidade é sinônimo de controle e disciplina com o dinheiro.
Outros costumes pouco ortodoxos, como estudar para provas na
véspera e ser relapso no ambiente de trabalho, podem contribuir com esse
quadro. Os pesquisadores fixaram três perfis comportamentais para os
entrevistados que contribuíram com o estudo: eles foram divididos em
"pessoas organizadas" (24% do total), "pessoas que tentam ser
organizadas" (62%) e "pessoas desorganizadas" (14%).
O percentual de entrevistados desorganizados que já entrou
alguma vez no cheque especial, por exemplo, é mais que o dobro em relação à
parcela de consumidores organizados. O percentual é de 11% entre os
consumidores organizados, de 21% entre os que tentam ser e de 25% entre os
desorganizados.
“Ao contrário do que diz o senso comum das pessoas, as
causas do descontrole financeiro não estão relacionadas à classe social ou ao
grau de escolaridade do consumidor, mas ao comportamento de cada um. De maneira
geral, vimos que pessoas organizadas e planejadoras têm uma gestão financeira
mais saudável e totalmente coerente com o restante das práticas do dia a dia”,
comenta a economista-chefe do SPC Brasil, Luiza Rodrigues.
Sobra mês no fim do dinheiro
Quando perguntados se conseguem chegar ao final do mês com
todas as contas pagas, os organizados não têm dúvidas: 64% respondem que sim e
que ainda sobra um pouco de dinheiro". Por outro lado, a parcela que
responde sim a esta pergunta entre os que tentam ser organizados cai para 45% e
chega em 39% entre os entrevistados desorganizados.
Com esse descontrole, o preparo para eventuais emergências
também é prejudicado -- ou simplesmente não existe. Em uma situação hipotética
-— como perda de emprego ou problema de saúde —- 50% dos entrevistados
organizados teriam uma reserva tranquila na poupança ou em outra aplicação para
sair do sufoco. O percentual entre os que tentam ser organizados e recorrem a
esse tipo de reserva é de 41% e cai para 36% entre os desorganizados.
Costume vem da criação
A educação financeira, assim como outros valores
comportamentais e culturais, é construída no ambiente familiar. “A pesquisa
reforça a tese de que os hábitos e valores que foram construídos desde cedo no
ambiente familiar serão determinantes ao longo da vida do cidadão como
consumidor. Isso torna ainda mais relevante implementar iniciativas
relacionadas à educação financeira junto a crianças e adolescentes — não de
forma isolada, mas de uma maneira interdisciplinar”, afirma Luiza Rodrigues.
Ela acredita que "gerações inteiras" foram
marcadas por instabilidades econômicas do país e cenários de hiperinflação, o
que contribuiu para a falta de preocupação com o planejamento de longo prazo.
"Sem mencionar que o recente boom da oferta de crédito deu uma repentina
oportunidade de compra às pessoas, sem orientá-las corretamente sobre como
consumir de forma consciente", avalia.
Fonte: Administradores
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