Na obra “A nova alma do negócio”, o autor Tom Morris aplica
as ideias centrais do pensamento aristotélico e de outros clássicos, às questões
empresariais. O autor combina a busca da felicidade pessoal com a excelência
empresarial.
Nossos alicerces de excelência humana governam tudo o que
fazemos, tanto dentro de nossas organizações quanto dentro dos nossos
relacionamentos com clientes e fornecedores.
Quando olhou o mundo, Aristóteles viu que apesar dos
diferentes caminhos utilizados pelas pessoas, o objetivo de todos é o mesmo. A
felicidade.
A dimensão espiritual do trabalho
A primeira dimensão universal da experiência humana é a
dimensão intelectual, o aspecto de nossa natureza que almeja a verdade.
As idéias nutrem a mente da mesma forma que a água supre o
organismo. À luz disso, está claro que precisamos tanto de boas idéias quanto
de comida, ar e água de boa qualidade. E, finalmente, precisamos da verdade. A
verdade é justa o mapeamento da realidade que corresponde à forma na qual as
coisa existem. A verdade sobre a verdade é simples. A importância absolutamente
vital do conhecimento em qualquer negócio está começando a ser amplamente
reconhecida.
A simples importância da verdade ainda não seja suficiente
apreciada. Conhecer a verdade não é o mesmo que ama-Ia e amar a verdade não
equivale a deleitar-se com ela. Nenhum ser humano é uma máquina e, entretanto,
foi exatamente esse pressuposto que grande parte da teoria econômica e da
prática gerencial do último século inclinou-se a adotar.
Um dos gestos mais nobres que qualquer um de nós pode fazer
com relação a outro ser humano é pedir sinceramente a sua opinião sobre o que
estamos fazendo juntos. Quando perguntamos, esperando ouvir a resposta,
tratamos a outra pessoa com um respeito fundamental e esse comportamento tem
muito mais probabilidade de se refletir em nós.
Deveríamos cultivar um ambiente no qual as pessoas não
tenham medo de dizer a verdade. Precisamos da verdade se quisermos enfrentar
com segurança as adversidade que podemos encontrar na caminhada rumo ao futuro
e é pouco provável que a tenhamos se os outros não estiverem abertos para
compartilha-Ia conosco.
Tom Peters aponta 11 características que parecem ser
responsáveis pelo seu sucesso. Uma dessas 11 características, diz ele, é que
esses indivíduos parecem ter "uma afinidade visceral com a verdade”. Com a
prática, a capacidade de lidar com a verdade, de chegar até ela, e a habilidade
de usa-Ia bem gera grande poder.
Tom baseara sua empresa em fortes princípios morais, mas à
medida que a empresa foi crescendo e foi necessário contratar mais pessoas com
conhecimentos técnicos para gerenciar esse crescimento, Tom começou a pensar
que a empresa estava se distanciando de sua visão inicial. O livro I and Thou,
do teólogo judeu Martin Buber, explica
que só podem existir basicamente dois relacionamentos fundamentais entre você e
outra entidade individual neste mundo.
Primeiro, há o relacionamento eu-a-coisa. É uma forma de
relacionar algo como uma, ou objeto, cujo único valor é extrínseco ou
instrumental. O segundo relacionamento básico é o que Duber chama de relação o
eu-tu. É a atitude fundamental que um ser humano deveria tomar sempre para com
o outro, um relacionamento de respeito na qual o outro indivíduo é visto como
tendo valor intrínseco, valor em por si,
independente de poder gerar qualquer outro valor para você.
Buber afirma que um ser humano nunca deve tratar o outro
apenas como um meio para um fim extrínseco, mas principalmente confie em si
mesmo. A postura eu-tu é de respeito e dignidade. Por isso utiliza o pronome
tu, mas formal. Se não criarmos um ambiente no qual exista respeito a verdade,
não teremos um ambiente de trabalho e respeito às pessoas.
Ao ser verdadeiro com o outro, você está lhe mostrando
respeito. Dada e recebida apropriadamente, a preocupação em compartilhar a
verdade inevitavelmente ajuda a gerar o espírito de cooperação crucial às boas
relações de trabalho a longo prazo.
A verdade é o alicerce da confiança e nada é mais importante
para qualquer esforço nos negócios do que a confiança. A confiança é
absolutamente necessária para a atividade interpessoal realmente eficaz. Nos
dias de hoje, andamos preocupados, e com razão, em obter maior eficiência nas
empresas. Percebemos, cada vez mais, como isso é importante par a
competitividade sustentável. Precisamos identificar e eliminar as fontes de
desperdício e ineficiência, sempre que elas existirem. Provavelmente não existe
fonte maior de desperdício de tempo e
energia na vida empresarial moderna do que a distração decorrente quando a
verdade não está prontamente disponível no local de trabalho e a especulação, a
fofoca e os boatos tentam preencher o vácuo. Os seres humanos não suportam se
sentir impotentes, por isso, para compensar, agarram-se à primeira idéia a sua
volta que pareça um fato consumindo corações e mentes das pessoas que toca.
Sempre que confrontamos com um problema, confrontamos a
necessidade da verdade. A verdade, mesmo a verdade mais difícil, se divulgada
com o máximo de compreensão, bondade e sensibilidade possíveis, sempre será o
alicerce para a resolução de qualquer problema de forma sustentável. O simples
ato de dizer a verdade e assumir a responsabilidade pelas conseqüências nos
transforma de visitantes casuais em clientes assíduos. Pois, assim como em
todos os outros aspectos da vida, os relacionamentos governam o mundo. Um
relacionamento baseado na mentira é como uma casa construída na areia; um
relacionamento baseado na verdade é como um forte construído na rocha. No
importante e recente livro Marketing de Relacionamento, Régis McKenna observou
que uma nova sabedoria está finalmente superando os modismos empresariais da
década de oitenta. Ele acredita que, em vez de continuarmos a ver empresas
pulando e uma alegada solução rápida para outra afim de melhorar sua posição,
começaremos a testemunhar algo muito diferente.
Sempre que diz a verdade a alguém você mostra, até esse
ponto, um certa dose de respeito por ele, respeito esse que ele geralmente
apreciará e muito provavelmente retribuirá. Sempre lidar com a verdade de modos
a torna-Ia coerente com a beleza, a bondade e a unidade, para que seja usada
para transmitir o respeito adequado para as profundas interconexões entre os
quatro alicerces da verdade, beleza, bondade e unidade serão importantes em
todos os momentos. Falar a verdade pode ter um impacto corrosivo em um relacionamento
ou no local de trabalho. Todos nós vivemos ao redor de pessoas que parecem
deleitadas em expressar verdades estranhas em momentos inapropriados com o
intuito aparente de magoar os outros.
O Princípio do Poder Duplo e um princípio universal que parece
governar toda a vida sua simplicidade equivale a sua profundidade: Agora
reflita por um momento sobre o fenômeno do desejo humano. Sem a existência do
desejo entre os seres humano, nunca teríamos criado ou construído nada. O
desejo incontrolável, porém é responsável por muitos dos problemas sociais,
políticos e pessoais do mundo.
Se a religião institucional teve tanto poder para o mal em
nosso mundo, acredito que isto seja um importante indício de que pode também
ter um grande poder também para o bem, de acordo com o princípio do duplo
poder. Se encararmos as organizações estruturadas sob a administração do
princípio do duplo poder, veremos tanto a possibilidade de benefício
fantásticos quanto de grande males na vida humana. O princípio do duplo poder
entra em ação até mesmo nesta tragédia: o mesmo fertilizante que ajuda o
cultivo dos alimentos que abastecem o habitantes de Oklahoma foi usado para
fabricar uma bomba que tomaria suas vidas e destruiria suas famílias. A verdade
tem um grande potencial para o bem. Isso é crucial. Se abusarmos da verdade se
a usarmos para criar a fúria, o mal, a desunião, um mal terrível pode resultar.
Todos nós deveríamos lutar para criar um contexto no qual as pessoas não temam
compartilhar o que talvez sejam duras verdades, e sejam capazes de faze-Ia da
forma mais fácil possível. Ninguém, em uma organização, pode contribuir ao
máximo sem estar disposto a transmitir algumas verdade às vezes difíceis ou
potencialmente estranhas da forma mais positiva e agradável possível. A
capacidade de falar a verdade no amor é um hábito de valor inestimável em
qualquer relacionamento de trabalho e deve tanto ser explicitamente estimulada
quando praticada pelos indivíduos em cargos de gerência. Conhecimento e poder,
de um modo geral, tanto nos contextos empresariais quando na vida, quanto mais
conhecimento, melhor. Ou, dito de outra forma, a necessidade humana de saber é
muito maior em escopo e profundidade, do que os indivíduos que adotam este
.princípio normalmente parecem considerar. Poucos são os executivos que
enxergam que a divisão do conhecimento gera mais do que divisão de poder. Em
geral resulta em poder ainda maior. O mesmo se aplica ao contexto empresarial e
à questão do poder. Quando compartilhado, o conhecimento se expande. E quando o
conhecimento se expande, o poder se expande. É a base filosófica para o sucesso
do que hoje se conhece como gerência de livros abertos, uma abordagem à vida
empresarial centrada no conceito de divisão do conhecimento com todos os
associados sobre situação financeira, o mercado em geral e os planos
estratégicos da empresa. Liberta as pessoas, permitindo-lhes ser dar o melhor
de si. Se elas simplesmente souberam onde estão e o que está acontecendo,
poderão descobrir como fazer o que deve ser feito. Os seres humanos podem ser
surpreendentemente criativos quando Ihes fornecemos a matéria-prima certa e a
oportunidade adequada.
Verdades e mentiras
Uma das maiores tentações é fazer o que for necessário para
obter tais resultados, mesmo que isso envolve a manipulação inescrupulosa de
outras pessoas. A verdade é facilmente destruída pelos nossos desejos.
Ninguém pode ser feliz depois de "expulso do reino da
verdade". Existem duas formas dele ser expulso. Uma é ser o alvo de uma
mentira; a outra é mentir.
Em seguida, reveste de eufemismo a mentira e garantias de
vitória. E usando suas próprias habilidades de persuasão, parece prevalecer
sobre os escrúpulos de Neoptolemus, ilustrando de forma ainda mais clara o que
está tentando transmitir ao colega mais jovem.
Sófocles nos leva ao ponto da história onde Neoptolemus
realizou a tarefa e tem o arco nas mãos; entretanto, logo a seguir volta atrás.
Uma onda de consciência o assola repentinamente. "Tudo é repugnante
quando, em nossos atos, contrariamos nossa verdadeira natureza".
Uma moral que poderíamos extrair desta pequena história é
que depois de queimar uma ponte com mentiras, talvez seja necessário recorrer à
intervenção divina para reconstruir um relacionamento e criar um resultado
positivo. Os antigos filósofos diriam que ele se machucou ao mentir, uma lesão
que exigiria grande esforço para ser curado.
Em todo o mundo, as pessoas mentem para concretizar seus
fins - mentiras pequenas, mentiras grandes e desesperadas, exageros absurdos,
fraudes perigosas, blefes táticos e pequenos estratagemas.
É muito ruim ver-se na extremidade errada de uma mentira.
"Uma mentira é uma abominação ao Senhor e uma ajuda muito útil nos
momentos de dificuldades". A maioria de nós condena a mentira em
princípio, mas muitos de nós no fundo continuam acreditando que realmente nos
beneficiamos dela de vez em quando.
Mentir é uma das atividades mais perigosamente corrosivas e
sutilmente desestabilizadoras encontradas na vida humana.
Uma perspectiva filosófica mais profunda da vida enraíza a
verdade ainda mais fundamentalmente em nossas naturezas criadas. Deus, que nos
a concedeu como o alicerce tanto da vida consciente em si quanto das atividades
maiores da comunidade humana.
Todos nós viemos a esse mundo com uma inclinação natural à
credulidade, a acreditar no que os outros nos dizem; do contrário não
aprenderíamos a língua materna quando crianças, por exemplo. A desconfiança
exige um grande dispêndio de energia mental e tempo, que seriam mais bem
direcionados se aplicados a outra coisa.
E na medida em que você acreditar que mentiu e escapou à
detecção, desconfia que o mesmo se aplica aos outros, o que prejudica sua
capacidade de lidar diretamente com eles e acreditar no que dizem, mesmo que
seja verdade e mesmo que seja de seu interesse acreditar.
A verdade é como o lubrificante das relações humanas. Sem
ela, os mecanismos de interação ficam prejudicados e tendem a parar. A única
forma profundamente prudente de administrar uma organização é insistir para que
as pessoas digam a verdade, umas às outras, aos fornecedores, aos clientes e ao
governo.
Respeitar a verdade, importar-se com ela e alimenta-Ia em
uma organização não é apenas tarefa dos altos executivos, embora eles devam
sempre abrir caminho e dar seu exemplo; é tarefa de todos.
A verdade sobre a excelência: uma idéia poderosa
Na verdade, trata-se de muito mais do que apenas um slogan;
é uma das maiores verdades que podemos descobrir. O que fazemos no mundo é uma
conseqüência do que pensamos. E a forma como o fazemos neste mundo é resultado
de nossa forma de pensar.
A cultura e a vida de qualquer grupo de pessoas, e portanto
de qualquer organização, resultam em grande parte do poder das idéias na mente
dessas pessoas. O que os filósofos às vezes chamam de
"pressuposições" são esses profundos pressupostos subjacentes que
formam os trilhos ao longo dos quais nossos trens de pensamento e ação
trafegam.
Esta idéia, em si, pode determinar a dinâmica mais básica de
uma organização e nos posicionar para o sucesso a longo prazo de que somos
capazes ou nos afastar do que há de mais importante na vida humana e mais
crucial para o nosso desenvolvimento pessoal.
A excelência é sempre um estado atual de desempenho superior
que surge de um estado original de potencial idade. A essência do que somos e o
que podemos fazer juntos podem alterar radicalmente este ponto focal.
O primeiro modelo de excelência é uma herança do pensamento
ocidental, da Grécia, de Roma e da tradição européia através da qual ele se
desenvolveu. Neste modelo, a excelência equivale a vencer em um jogo de soma
zero. A excelência competitiva é um estado de ascensão da multidão e do
recebimento do espólio da vitória.
A predominância do modelo da vitória competitiva na vida
moderna é tal que poderia parecer estranho chamar atenção para ele como apenas
uma das formas possíveis de compreensão da excelência. "Vencer não é tudo,
é só o que importa".
O ludismo é uma mentalidade que pode trazer à tona o que as
pessoas têm de melhor, impulsionando-as a ir além do que tentariam fazer e às
vezes recompensando-as com uma alegria que talvez seja difícil igualar. O
pensamento competitivo na busca da excelência pode ser útil.
É claro que nenhuma filosofia que não reconheça a dignidade
e a importância do indivíduo é adequada e o raciocínio antagônico às vezes é
exatamente o que precisamos, por exemplo, quando confrontados com algo ao qual
deveríamos resistir.
Já foi bem documentado que o individualismo descontrolado e
o raciocínio excessivamente antagônico está desunindo nossa sociedade. Para
resolver problemas para os outros, criar estruturas e resoluções e, muitas
vezes, compromissos saudáveis com os quais todos poderiam conviver, onde vencer
ou perder ocupava uma posição secundária em relação a ver a justiça prevalecer.
O raciocínio exclusivamente competitivo pode se tornar
bastante problemático. Além de estimular o individualismo excessivo e a
agressividade antagônica inadequada, o modelo competitivo de excelência traz
consigo outro grande problema: essa forma de pensar sobre a excelência não
estabelece um distinção entre excelência individual e o que se denomina, mais
adequadamente, de excelência competitiva.
Pode-se ter excelência competitiva sem ter excelência
individual. Quando a concorrência não é particularmente forte, você pode ser o
número um da sua cidade, mercado, esporte ou setor sem ter ao menos chegado
perto de concretizar seu potencial
produtivo. Nada é eterno, e se você descansar sobre os louros, uma coisa é
certa: um dia, alguém vai deixá-lo comendo poeira. Se quiser evitar essa perigosa
vulnerabilidade, precisa de uma forma de pensar sobre excelência que não seja
de natureza meramente competitiva.
Em seguida, precisamos de uma estratégia de melhoria, que
nos permita passar de nossa condição presente para um lugar mais próximo ao
nosso ideal. E, finalmente, precisamos de uma forma de medir o progresso, uma
meta sugerida pela meta de jornada, e muitas vezes conceitualmente ligada a
ela. O modelo do crescimento comparativo, usado isoladamente para guiar nosso
raciocínio sobre a excelência, às vezes pode estimular um foco limitado que se
torna facilmente problemático.
Se todo o meu pensamento se voltar para minha categoria,
meus problemas, minha condição, minha busca, minha iluminação, minha realização
final do ideal, posso facilmente perder o contato com outros indivíduos ao meu
redor.
É um modelo que vai além dos limites da pessoa ou negócio
individual, levando-nos na direção de uma nova relacionalidade, acompanhando
muitas das mais recentes descobertas da ciência moderna.
É fácil especificar as principais atitudes, ações e
conseqüências do relacionamento. São elas: agressão, resistência e dano,
respectivamente. Uma mentalidade de antagonismo pode penetrar em diferentes
componentes de uma organização e criar sutilmente um espírito de divisão que
não traz benefícios a ninguém.
A competição pode ser estimulante e produtiva, ou confusa e
exaustiva. Às vezes, pode assumir muitas das características do combate, e
nesses casos degenera-se rapidamente, transformando-se em uma luta pouco
saudável com muitas conseqüências negativas.
Nosso ponto final de relacionamento de colaboração. A
principal característica aqui é a parceria. As principais atitudes, ações e
conseqüências podem ser resumidas na expressão "interação sinérgica".
Quando colaboramos com os outros, formamos parcerias; isso pode trazer à tona o
que há de melhor em você e o que sabe, fazendo o mesmo com seu parceiro, e
juntos vocês podem agir de formas que talvez não estivessem disponíveis a um ou
outro isoladamente.
A sinergia cria propriedades que não caracterizam, nem
poderiam caracterizar, os indivíduos relacionados que estão interagindo em
sinergia. Um exemplo simples seria a comparação entre as propriedades da água,
H20 e as diferentes características de suas partes componentes, hidrogênio e
oxigênio, nenhuma das quais, em seus estados naturais, são líquidas.
O que é necessário para o excelente espírito empresarial? A
verdade, em primeiro lugar. A beleza, em segundo. A bondade também desempenha
um papel importante. E a unidade. Esses são os fundamentos da excelência para
qualquer organização e relacionamento bem-sucedido a longo prazo entre pessoas
em qualquer contexto.
É fácil motivar as pessoas envolvidas em uma competição e
que pensam competitivamente sobre o que fazem. Ninguém quer sair perdendo.
Todos querem ganhar. A motivação competitiva é muito direta. É uma forma
simples de interação interpessoal. “A competição é bem parecida com o óleo de
fígado de bacalhau. Primeiro, deixa a pessoa enjoada. Depois, a faz sentir-se
melhor”.
Quanto maior o ideal, maior o poder que pode ter em nossas
vidas. Seu suporte motivacional é, em um sentido importante, a Parceria em si.
Sua estrutura compõe-se de suas partes. Em uma verdadeira parceria, em um
esforço realmente colaborador, um parceiro estimula o outro a ser o melhor que
pode.
O estímulo intelectual e emocional de metas articuladas por
meio da colaboração pode ser o melhor exemplo do que Aristóteles chamou de
causação final, a atração de um fim ou telos em todo o seu poder em potencial.
Uma causa eficiente é uma força que estimula e, assim, leva uma coisa a ser o
que ela é; e, o mais relevante para a nossa discussão, a causa final é a força
que atrai, levando algo a ser o que é capaz de ser. Talvez não exista caminho mais
reto e mais amplo para o tipo de prática da parceria colaboradora, com toda a
sua força motivacional resultante.
Os esforços de colaboração funcionam melhor quando baseados
em uma clara noção de como as pessoas e a empresa ou empresas envolvidas
precisam experimentar o crescimento comparativo a fim de florescer dentro de
sua situação competitiva específica.
O raciocínio colaborador não exige o abandono do raciocínio
competitivo e comparativo, e sim o inverso. O melhor raciocínio competitivo e
comparativo exige uma boa dose de raciocínio colaborador. Mas o que impulsiona
a roda é o trabalho baseado na colaboração. As idéias realmente movem o mundo.
A dimensão espiritual do trabalho
A espiritualidade trata fundamentalmente de dois aspectos:
profundidade e conexão. Quanto mais espiritualmente desenvolvida é uma pessoa,
mais verá a profundidade de significado e importância subjacente à aparência
superficial das coisas de nosso mundo. Inicialmente, talvez a luz o cegasse,
mas acabaria vendo a realidade que antes não conseguia ver. Imagine esse
fugitivo de volta à caverna, contando aos outros o que viu e tentando
convencê-los a fugir.
Espiritualidade é profundidade, a profundidade subjacente à
superfície, o sentido e o significado nem sempre visíveis aos nossos olhos. É
conectar-se a uma fonte de energia pessoal e esperança positiva que só se
encontra fora da caverna. No trabalho, é a capacidade de ver e executar o
trabalho real de uma forma que normalmente não aparece na descrição oficial do
cargo. E é a capacidade de mostrar aos outros essa profundidade adicional que,
do contrário, eles não conseguiriam ver.
A essência da espiritual idade é a conexão. O alvo
definitivo da dimensão espiritual é a unidade: conexão ou integração íntima
entre nossos pensamentos e nossas ações, entre nossas crenças e emoções, entre
nós e os outros, entre os seres humanos e o restante da natureza, entre tudo da
natureza e a fonte da natureza. Conexão ilimitada. Unidade definitiva.
Uma época de grande desunião e desconexão entre as pessoas e
suas comunidades, entre raças, dentro das famílias. A alienação e a mentalidade
adversária estão em todo lugar. É a antítese do que a espiritual idade aspira a
realizar. A filosofia indiana e o pensamento hindu enfatizam a unidade de todas
as coisas. O judaísmo proclama a importância da unidade fraterna. O Novo
Testamento: "Nele estão todas as coisas." Tema da unidade
fundamental.
Para ver a conexão que existe à nossa volta, sob a
superfície das aparências, precisamos nos libertar da ilusão da autonomia
individual absoluta. O mundo moderno encoraja-nos a buscar nossa própria sorte,
descobrir nossos próprios talentos e criar nosso próprio futuro. Na melhor das
hipóteses, pensamos em nossas famílias imediatas como uma unidade cujo
bem-estar, pelo menos em princípio, é relativamente independente da sorte e do
futuro.
Na vida, é sempre muito fácil focalizar as partes mais
imediatas de um processo ou entidade abrangente, negligenciando o todo.
Confrontamos uma decisão e focalizamos o problema sem pensar nas conexões que
relacionam uma situação específica e o conjunto total de relacionamentos que a
sustentam.
A fragmentação, a compartimentalização. O que afeta um de
nós afeta muitos. Todos estamos interconectados em nosso passado, em nosso
presente e em nosso futuro.
Em tudo o que fazemos, considerações de contexto e conexão
devem nos guiar. Em seus projetos, considere sempre o contexto mais amplo.
Devemos usar esse projeto em todos os âmbitos de nossas vidas. Talvez sejamos
capazes de desistir de um ponto ou de uma medida de lucro em favor do contexto
mais amplo. A humanidade transformou-se em uma grande família, tanto que não
podemos garantir a nossa própria prosperidade se não garantirmos a prosperidade
de todos. Se você quer ser feliz, precisa resignar-se a ver os outros também
felizes.
Singularidade e união
Todos nós queremos ser notados e apreciados pelos outros. Se
não acreditamos que podemos impressionar o mundo inteiro, selecionamos um grupo
de pessoas entre as quais acreditamos que podemos encontrar essa aceitação e
afirmação de nossa singularidade. E se esse é um grupo notado e admirado pelos
outros, sua aceitação pode nos conferir aceitação mais ampla e talvez até um
pouco dessa mais ampla admiração.
Precisamos parecer um pouco com os outros para compreender
os outros, mas precisamos ser um pouco diferentes para amá-los. Se não
conhecemos a singularidade da pessoa ao nosso lado, não podemos nos conectar a
essa distinção de uma forma poderosa e produtiva. Se conhecemos melhor nossos
associados, conseguimos apreciar quem são, compreender as diferenças entre suas
perspectivas e habilidades e as nossas e aprender formas novas e criativas de
cooperar com eficácia.
Sempre que fazemos com que as pessoas à nossa volta se
sintam especiais de forma positiva, beneficiamo-nos dos resultados. E não se
tratam de conceitos de psicologia; trata-se da realidade da natureza humana.
Um senso de união espiritual em nosso local de trabalho
jamais se refletirá no balancete ou em um relatório trimestral. Trata-se de uma
dessas realidades difíceis de quantificar e medir e, contudo, um observador
pode sentir facilmente a sua presença ou a sua ausência. Estimula as pessoas a
iniciarem seu trabalho pela manhã e a mantêm em atividade durante todo o dia.
Conclusão
Todos precisamos de uma perspectiva geral do que faz sentido
em nossas vidas, algo como um mapa mental de nossa experiência dentro do qual
possamos sentir que fazemos uma diferença positiva no mundo. Mas essas
necessidades nos levam em direção à meta espiritual geral de unidade ou
conexão.
Essa necessidade espiritual é imediatamente subjacente à
importância do empowerment no local de trabalho. Quando investimos as pessoas
de poder para agir, criar e fazer uma diferença que elas próprias considerem
valiosa, proporcionamos-lhes uma experiência de profunda satisfação e
significado no que fazem. E também as ajudamos a satisfazerem sua outra
necessidade espiritual fundamental, de um senso de união. A sensação de
utilidade, afinal, é apenas a percepção de que você está fazendo uma
contribuição singular para a maior união das pessoas e que ocupa um lugar de
valor nesse processo.
Após muitas décadas de especialização crescente na vida
organizacional, um pouco mais de generalização pode ser saudável em muitos
aspectos. Mas desde que não seja excessiva. Mas quanto mais cedo encontrarmos
nosso caminho certo, melhor. Todos temos uma profunda necessidade espiritual de
compreender nosso trabalho e nosso lugar no mundo. A compreensão é uma condição
fundamental para a satisfação e a plenitude profunda no que fazemos e em quem
somos.
Mas seja qual for a causa, os efeitos são comuns. Aceitar os
impostores e perder de vista os bens antigos bloqueia esse tipo de compreensão
fundamental da vida, que é uma condição necessária para a felicidade madura,
adulta e duradoura. Se não compreendermos as diferenças entre essas coisas
distintas, não poderemos nos conduzir na vida com sucesso.
Fonte: Cola da Web
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