A origem do movimento de qualidade de vida no trabalho
começou em 1950, com o surgimento da abordagem sócio-técnica. Somente na década
de 60, tomaram impulsos, iniciativas de cientistas sociais, líderes sindicais,
empresários e governantes, na busca de melhores formas de organizar o trabalho
a fim de minimizar só efeitos negativos do emprego na saúde e bem estar geral
dos trabalhadores.
Entretanto, a expressão qualidade de vida no trabalho só foi
introduzida, publicamente, no início da década de 70, então com isso surge um
movimento pela qualidade de vida no trabalho, principalmente nos EUA, devido à
preocupação com a competitividade internacional e o grande sucesso dos estilos
e técnicas gerenciais dos programas de produtividade japonesa, centrado nos
empregados.
Existia uma tentativa de integrar os interesses dos
empregados e empregadores através de práticas gerenciais capazes de reduzir os
conflitos. Outra tentativa era a de tentar maior motivação nos empregados,
embasando suas filosofias nos trabalhos dos autores da escola de Relações
Humanas, como Maslow, Herzberg e outros.
De acordo com Rodrigues (1994, p.76), “a qualidade de vida
no trabalho tem sido uma preocupação do homem desde o início de sua existência
com outros títulos em outros contextos, mas sempre voltada para facilitar ou
trazer satisfação e bem estar ao trabalhador na execução de sua tarefa”.
A qualidade total teve bastante influência para o
desenvolvimento da qualidade de vida no trabalho, pois das práticas anunciadas
pelo sistema de controle da qualidade total, têm-se algumas que devem ser
destacadas para melhor análise da influência, tais como:
- maior participação dos funcionários nos processos de trabalho, ou seja, uma tentativa de eliminação da separação entre planejamento execução, promovida principalmente pelos sistemas tayloristas e fordistas;
- descentralização das decisões;
- redução de níveis hierárquicos;
- supervisão democrática;
- ambiente físico seguro e confortável;
- além de condições de trabalho capazes de gerar satisfação;
- oportunidade de crescimento e desenvolvimento pessoal.
Estas práticas representam um esforço para a melhoria das
condições de trabalho, ou seja, existe um movimento pela melhoria da qualidade
de vida no trabalho na filosofia do controle da qualidade total.
Motivação
A qualidade de vida no trabalho está ligada à motivação dos
funcionários, para isso é necessário criar um ambiente onde as pessoas possam
se sentir bem com a gerência, com elas mesmas e entre seus colegas de trabalho,
e estar confiantes na satisfação das próprias necessidades, ao mesmo tempo em
que cooperam com o grupo.
As pessoas podem ser motivadas para o bem ou para o mal,
fazendo aparecer o melhor ou o pior do que elas têm. Se as pessoas não estão
motivadas a fazer alguma coisa ou alcançar uma meta, pode-se convencê-las a
fazer algo que elas preferiram não fazer, mas a menos que estejam prontos a
assumir as atitudes e os valores do motivador, os comportamentos não será
permanente.
Segundo Davis e Newstron (1991, p. 47), “embora não haja
respostas simples para a questão da motivação no trabalho, um importante ponto
de partida reside na compreensão das necessidades do empregado”.
Dizer às pessoas que se espera que elas façam o melhor
significa que estas são consideradas capazes de alcançar altos padrões sobre os
quais concordam.“o resultado de um sistema eficaz de comportamento
organizacional é a motivação que quando combinada com as habilidades e
capacidades do empregado, resulta na produtividade humana”.
Os funcionários precisam saber o que a administração espera
que produzam, e de que maneira. E estes mesmos administradores precisam saber o
que os funcionários esperam que se faça para tornar possível esse trabalho.
Responsabilidades são os resultados que se espera obter nas pessoas que se está
procurando motivar. Se estas pessoas não sabem que resultado está se esperando
delas, certamente não poderão atingi-los.“cada pessoa também deve conhecer suas
responsabilidades individuais”.
Parte da motivação no trabalho de uma pessoa vem do fato de
ela saber que tem um papel importante na organização e que outras pessoas
contam com ela.
Segundo Weiss, (1991, p.32) “As pessoas trabalham por
recompensas. Essas não precisam ser tangíveis, como dinheiro. Podem ser intangíveis,
como no caso de deixar um funcionário ser líder de um grupo”.
A vontade de trabalhar bem deteriora e as pessoas ficam
desmotivadas, apenas por haver obstáculos em seu caminho, ou se não entendem o
que se espera delas, ou como seu trabalho será avaliado.
Os obstáculos mais sérios são criados freqüentemente pelos
supervisores. Muitos deles pedem coisas impossíveis enquanto outros não pedem
nada. Muitos deixam de fornecer os recursos necessários para execução das
tarefas. Alguns não são coerentes em suas expectativas e as mudam com
freqüência. Muitos têm uma constância excessiva em suas expectativas,
tornando-se inflexíveis, e não são capazes de enfrentar alterações nas
condições de trabalho. Outros ainda não são sensíveis a necessidades de seus empregados.
A falta de capacidade ou de habilidade do empregado, forma
uma barreira enquanto que a empresa ergue barreiras quando não proporciona
treinamento, oportunidades de carreira ou recompensas apropriadas.
Conseguir o máximo e o melhor dos outros quer dizer que você
deve estabelecer padrões elevados, mas razoáveis, deve reconhecer suas próprias
responsabilidades, bem como a dos empregados, e deve deixar que o empregado
pague o preço pelo mal resultado, ou receba a recompensa pelo sucesso.
De acordo com Matos (1997), os fatores que influem,
decisivamente, sobre a motivação humana são:
- Trabalho em grupo;
- Reconhecimento,
- segurança e integração ao grupo;
- Necessidades fisiológicas;
- Necessidade de segurança material;
- Necessidades sociais;
- Necessidade do ego;
- Necessidade de auto-realização.
O ambiente das sociedades industriais avançadas nas quais a
sobrevivência não constitui mais a principal motivação para o trabalho está
gerando uma nova atitude à organização.
A capacidade de liderança de um administrador, quer dizer,
sua capacidade de motivar, dirigir, influenciar e comunicar-se com seus
subordinados. Os administradores só podem liderar se os subordinados estiverem
motivados para segui-los. É importante porque os administradores, por
definição, trabalham com as pessoas, e por intermédio delas.
A motivação é curiosa porque os motivos não podem ser
observados ou medidas diretamente, tem que ser inferidos do comportamento das
pessoas. A motivação não é a única influência no nível de desempenho de uma
pessoa. Dois outros fatores envolvidos são as capacidades do indivíduo e suas
compreensões dos comportamentos necessários para conseguir um ótimo desempenho;
este fator chama-se percepção do papel.
A motivação, as capacidades e as percepções do papel estão
inter-relacionadas. Assim, se qualquer fator for baixo, o nível de desempenho
provavelmente será baixo, mesmo que os outros fatores estejam em nível elevado.
A perspectiva do conteúdo no estudo da motivação ressalta a
compreensão dos fatores internos dos indivíduos que fazem com que eles ajam de
determinada maneira. Os indivíduos têm necessidades interiores, que são
levados, pressionados ou motivados a reduzir ou satisfazer. Quer dizer, os
indivíduos agirão para a satisfação de suas necessidades.
Os administradores podem determinar as necessidades dos
subordinados, observando o que eles fazem e podem prever e o que os
subordinados farão, descobrindo quais são suas necessidades. Na prática, porém,
a motivação é muito mais complicada.
As necessidades diferem consideravelmente entre as pessoas e
mudam com o tempo. Além do mais, diferenças individuais complicam demais o
trabalho de motivação do administrador. Muitos administradores ambiciosos,
altamente motivados para conseguir poder e status, acham difícil compreender
que nem todos têm os mesmos valores e anseios que eles têm.
As maneiras pelas quais as necessidades acabam sendo
traduzidas em atos variam, consideravelmente, entre as pessoas. Quem tem uma
grande necessidade de segurança pode agir com segurança e evitar aceitar
responsabilidades por temer o fracasso ou a perda do emprego.
As reações das pessoas à satisfação ou à não satisfação de
uma necessidade variam. Quanto mais conseguirmos conhecer as pessoas que nos
cercam, mais capazes seremos de entender suas necessidades e o que as motivará.
Todavia, o comportamento humano depende de tantas complexidades e alternativas
que somos obrigados a fazer previsões incorretas num bom número de vezes.
Todo o sistema de forças que atuam sobre o empregado tem que
ser levado em consideração para que a motivação do mesmo possa ser
adequadamente compreendida. Este sistema consiste em três variáveis que afetam
a motivação nas organizações:
- as características individuais;
- as características do trabalho;
- e as características da situação do trabalho.
Benefícios
A existência de qualidade de vida no trabalho também é
representada através dos chamados “benefícios sociais”. A palavra benefícios
além do trabalho pode, a primeira vista, causar estranheza do ponto de vista
racional, a um sistema em que é justo receber conforme o que se trabalha. Isto
porque benefícios são remuneração indireta, pois custa dinheiro à organização.
Assim, benefícios são custos, sem dúvida. No entanto,
seguindo a mesma linha da filosofia humanista, seres humanos, talvez devido ao
progresso tecnológico e social que vivenciaram, almejam mais da organização do
que apenas pagar pelo justo trabalho. Eles reivindicam o papel social da
organização na qual trabalham.
Chiavenatto, (1985, p.77).“Benefícios sociais são aquelas facilidades, conveniências, vantagens e serviços que as organizações oferecem aos seus empregados, no sentido de poupar-lhes esforços e preocupação, e estão intimamente relacionados com a gradativa conscientização da responsabilidade social da organização”.
Desta forma, são poucas as organizações que não têm, pelo
menos, uma forma de benefícios sociais além do trabalho para seus empregados.
Segundo Aquino (1979, p.192), “no Brasil a assistência médica constitui o
benefício de melhor aceitação, seguido pela ajuda à refeição e transportes”.
No entanto, como benefícios custam dinheiro, a implantação
de um programa de benefício deve ser planejado e tais custos devem ser
calculáveis para poder repousar em financiamento sólido e garantido. E, porque
custa dinheiro, a existência de muitos benefícios, hoje, sustentam-se não pela
filosofia humanista que nela deveria estar embutida, mas por intermédio de
tratamento tributário favorável por parte do Estado para as organizações que os
mantêm.
Além das vantagens tributárias muitos benefícios ainda sobrevivem
graças ao suposto retorno que deveria ter para a organização. Para Chiavenatto
(1990, p. 9), “o conceito de benefícios normalmente se baseia em duas
conotações: a de “suplementação” e “moral”. As organizações os mantêm como
recursos, além do cotidiano do trabalho para garantir a moral dos funcionários
e aumentar o bem-estar dos que trabalham, visando assim, maior produtividade.
Este é o grande problema dos benefícios: o paternalismo
inerente ao processo. Infelizmente, o princípio básico e orientador da
implantação de benefícios não é humanismo, mas o retorno em termos de
produtividade à organização. Os dirigentes não estão errados em querer
produtividade, mas já foi salientado de que não há garantia nenhuma de maior
produtividade com os benefícios sociais. O que ocorre é que, na maioria dos
casos, os programas de benefícios sociais, ou viram assistencialismo
paternalista, ressaltando a dependência do funcionário ou são extintos em
virtude do baixo retorno.
Conclusão
Pode-se motivar o trabalhador, criando um ambiente de
participação, de integração com superiores, com colegas de trabalho, partindo
sempre da compreensão das necessidades dos empregados. A gerência ou o líder
mais próximo tem a responsabilidade de criar um ambiente onde as pessoas possam
se sentir bem. Elas também precisam saber o que a administração espera que eles
produzam e de que maneira. A gerência ou líder mais próximo precisa estar
sempre demonstrando que as pessoas têm um papel importante na organização e que
outras pessoas contam com elas. Somos conscientes de que o trabalho é vital
para o ser humano, torná-lo mais participativo, utilizando potencialidades e
talentos, dar-lhes condições de trabalho adequadas, resultará no aumento da
saúde mental e física dos trabalhadores.
Assim, um programa de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT),
deve atingir todos os níveis, direcionando esforços para a canalização da
energia disponível para o comprometimento humano. A necessidade de tornar
nossas empresas competitivas colocou-nos de frente com a busca pela qualidade,
que deixou de ser um diferencial competitivo, para se tornar condição de
sobrevivência. Para tanto, é necessário canalizar esforços para alcançar
qualidade mas sem esquecer o comprometimento humano e que elas são a peça mais
importante da organização. Com isso haverá qualidade e qualidade de vida no
trabalho.
Fonte: Cola da Web
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