Você já viu a Chapeuzinho Vermelho pelos corredores da
empresa? Ou quem sabe já precisou ir até a sala da bruxa má? Estariam as
organizações virando um mundo da fantasia?
Uma pesquisa realizada pelo International Business Report
(IBR) aponta que as mulheres ainda são minoria nos cargos de liderança no
Brasil. Segundo o levantamento, 47% das empresas brasileiras não possuem
mulheres em cargos de liderança, índice que está acima da média global, que é
de 33%. Ainda segundo esta pesquisa, apenas 7% das empresas brasileiras têm
planos para contratar ou promover mulheres nos próximos 12 meses, índice que
representa metade da média global de 14%.
É fato que, quando falamos em promoção de mulheres em cargos
de liderança, muitos fatores devem ser considerados, tais como o
estabelecimento de políticas adequadas, que possam suprir a demanda feminina.
Porém, existe outro fator que pode estar contribuindo para que elas não cheguem
ao topo: o comportamento feminino no ambiente de trabalho.
O Institute of Leadership & Management (ILM) entrevistou
3 mil gerentes graduados – homens e mulheres – e publicou suas conclusões em
fevereiro de 2011: segundo o ILM, apenas metade das gestoras se descreveu como
confiante ou muito confiante, em comparação a 70% dos homens. Metade das
administradoras admitiu ter sentimentos de insegurança em relação ao seu
trabalho, comparado a 31% dos homens. E 20% da parcela masculina afirmaram que
se candidatariam a um cargo, mesmo atendendo parcialmente seus requisitos,
contra 14% das entrevistadas. Não me impressionam os resultados dessa pesquisa.
Mulheres no ambiente de trabalho, além de serem mais autocríticas que os
homens, em sua maioria ainda se sentem menos confiantes no mundo corporativo.
E isto vai contra a dinâmica atual brasileira. Basta que
olhemos para o percentual de mulheres chefes de família no Brasil para que isso
seja comprovado. Atualmente, segundo dados do IBGE (2013), 38% dos lares
brasileiros são chefiados por mulheres, o que confirma que grande parcela da
força de trabalho em nosso país hoje é feminina.
O que percebo, no entanto, é que se por um lado as mulheres
estão avançando no mercado de trabalho, por outro existem alguns comportamentos
femininos que fazem com que elas recuem. O que ocorre é que muitas ainda são
totalmente inseguras acerca daquilo que realizam e por vezes acabam deixando de
se destacar e crescer profissionalmente, fazendo aquilo em que são realmente
boas, agindo assim através de complexos.
Na Psicologia, o complexo é definido como uma série de
pensamentos e ideias que se relacionam entre si e levam a pessoa a se
comportar, sentir ou pensar de acordo com aquilo que acredita, nem sempre sendo
isso uma realidade concreta.
Um exemplo disso é aquela mulher que acredita não saber
negociar e assim acaba por encontrar indícios (muitas vezes imaginários) de que
realmente não seja boa e por fim acaba levantando barreiras mentais que a
impedem de progredir e a fazem tomar, mesmo que de maneira inconsciente,
decisões equivocadas.
Para que isso não ocorra, o primeiro passo é se
conscientizar de que algo não vai bem. Mas para que essa analise seja feita de
forma assertiva, é preciso pensar racionalmente. Procure avaliar seus
resultados e também como tem aplicado o que sabe para contribuir com a
organização em que trabalha. Analisando esses dois fatores, os comportamentos
de insegurança tendem a ser reduzidos, pois o foco está orientado para ações
observáveis.
Outro segredo que funciona muito e trago da época da
infância é aquilo que chamo de “agir como se”. Quando somos crianças usamos
muito essa forma de se comportar. À medida em que nos tornamos adultos,
deixamos essa habilidade criativa de lado e assim perdemos boa parte de nossa
segurança e espontaneidade.
A diferença do “agir como se” da infância para o “agir como
se” do ambiente de trabalho é que se antes tudo não passava de uma brincadeira,
agora é o que pode trazer segurança para acreditar em si mesma. Pense no que
você gostaria de ser, espelhe-se naquelas pessoas que admira à sua volta e “aja
como se”, comporte-se como elas, acredite que é capaz.
Quando uma mulher se comporta baseada em complexos no
ambiente em que trabalha, deixa de atuar, mostrando o que tem de melhor, e pode
acabar comprometendo sua imagem profissional na empresa, dificultando assim as
chances de chegar ao topo e progredir na carreira.
Abaixo, elenco o que considero os principais complexos
femininos no ambiente de trabalho:
Complexo de Cinderela – É a mulher que prefere se acomodar,
inutilizando assim seu potencial criativo e intelectual deixando de competir no
mercado de trabalho, assumindo uma postura passiva e resignada, sempre à espera
de que algo bom aconteça, mas sem fazer nada para que isso ocorra. No ambiente
de trabalho, é aquela que fica sempre à espera de algum milagre ou "uma
fada madrinha" que venha modificar sua vida profissional.
Complexo de Rapunzel - É o tipo de mulher que se acostuma
com o ambiente em que vive e se acostuma com a rotina, não buscando novos
desafios por medo de arriscar sua carreira. Assim como a Cinderela, espera por
um "milagre". A diferença é que a Rapunzel não convive com os outros
e não tem a perspicácia de enxergar além do óbvio. Acredita em tudo o que lhe
dizem e não procura confirmar se as informações são de fato verdadeiras.
Complexo da Bruxa Má – Complexo de Bruxa Má representa
aquela mulher que vive se comparando com as colegas de trabalho, que acredita
ser a melhor em todos os sentidos e não aceita crítica. É a mulher que quando
sente que sua competência pode ser ameaçada, trata logo de tirar a “rival” do
caminho, usando para isso fofocas, exclusão social, desmerecimento, desdém da
outra pessoa ou até mesmo o bullying no ambiente de trabalho.
Complexo da Rainha de Copas – A Rainha de Copas é uma
personagem que aparece nos capítulos finais do livro Alice no País das
Maravilhas. Tem um pavio curto, é autoritária, tendo somente um modo de
resolver todas as dificuldades, grandes ou pequenas: “cortem sua cabeça!” sem
pensar duas vezes e sem mesmo olhar em volta. No ambiente de trabalho, é aquela
mulher autoritária, que resolve tudo com demissão ou pelo menos ameaça de que
isso aconteça. No fundo, é insegura e se sente a todo momento ameaçada, precisando
provar poder, não utiliza o pensamento estratégico nem faz uma analise da
situação, apenas ameaças como forma de persuadir as pessoas.
Complexo de Chapeuzinho Vermelho - Sempre insistindo em
fazer as coisas do seu jeito, sem analisar os riscos da situação, não escuta o
que os outros têm a dizer e não analisa as consequências. A Chapeuzinho
Vermelho do mundo corporativo sempre acaba caindo em enrascada e precisa que
alguém a salve do Lobo Mau. Apesar de ter boa vontade, é teimosa e pode colocar
em risco sua vida profissional.
Complexo de Branca de Neve – É aquela mulher de quem todos
gostam, simpática e graciosa, mas muito ingênua. Faz tudo na empresa e não se
importa de passar café, fazer a ata da reunião e organizar tudo sem que lhe
peçam. Não sabe dizer não e por saberem disso é para ela que sempre pedirão
ajuda. Na tentativa de agradar, faz tudo pelos outros e esquece de si mesma,
virando assim a carregadora de pianos da empresa. Dificilmente chegará a um
cargo de liderança.
Complexo de Mulan - No filme da Disney Mulan, se mostra uma
corajosa jovem chinesa que se passa por um guerreiro no lugar de seu pai
debilitado e ajuda o exército imperial chinês a expulsar os invasores hunos. No
ambiente de trabalho é uma profissional excelente, mas que acaba por se
masculinizar para conseguir o que quer. Assim como no filme, é preciso que a
Mulan do universo corporativo vença como profissional, utilizando-se também de
sua essência feminina.
Seja você mesma. Não existe nada mais promissor para a
carreira de uma mulher do que ser ela mesma. Nem sempre é fácil, mas acredite,
esse é o melhor caminho. Ninguém conhece melhor suas potencialidades do que
você mesma, é preciso saber disso para se tornar a melhor versão de si mesma a
cada dia.
Fonte: Administradores
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