O significado da Qualidade de vida muda conforme as
prioridades de cada um, “se a parte física do empregado está bem, o resto está
certo” imaginam muitas empresas, mas as coisas não funcionam exatamente dessa
forma. Generalizações podem ser contra producentes: o que é bom para uns, pode
não ser para outros.
Contemplar as expectativas dos trabalhadores, num primeiro
momento, parece tarefa simples, basta aplicar programas de combate ao estresse,
ao tabagismo, à obesidade, ao sedentarismo e colocar à disposição academias de
ginástica, shiatsu e creches. Isto é um engano, as aspirações humanas são bem
mais complexas. E encontrá-las, portanto, foi um mérito das melhores empresas.
As corporações de sucesso olham o assunto como uma questão
diretamente relacionada com os valores da empresa, ajudar o funcionário a
exercer seus diversos papéis na sociedade da melhor maneira possível, reduzindo
o volume de trabalho e respeitando os horários, é hoje tão importante quanto
cuidar de seu bem-estar físico.
A importância da Qualidade de vida no Trabalho reside no
fato de que passamos em ambiente de trabalho mais de oito horas por dia,
durante pelo menos 35 anos de nossas vidas, portanto os funcionários que
possuem qualidade de vida na empresa são mais felizes e produzem mais, pois
isto resulta em maior probabilidade de se obter qualidade de vida pessoal,
social e familiar, embora sejam esferas diferentes e nelas se desempenhem
papéis diferentes, o funcionário precisa de tempo para administrar suas várias
carreiras como pais, mães, filhos, maridos esposas e cidadãos. As companhias
certamente podem ajudar a manter esse equilíbrio.
A melhoria do bem-estar e da qualidade de vida dos
profissionais é um dos fatores que as empresas interessadas em reter seus
melhores talentos, vêm trazendo, além de vantagens financeiras, outros
atrativos aos seus funcionários, como forma de melhorar a produtividade e a
satisfação interna. Essas empresas já oferecem benefícios flexíveis para todos
os funcionários.
Alguns dos benefícios e outros atrativos praticados por
empresas brasileiras são dos mais variados aspectos, tais como, saúde,
alimentação, educação e desenvolvimento, formas de remuneração e auxílios,
integração e lazer, comunicação interna, dentre outras práticas.
Dados de uma pesquisa da Sociedade Americana de Designers de
Interiores (American Society of Interior Designers) mostra que ter um ambiente
de trabalho satisfatório é a terceira maior preocupação dos funcionários (21%),
logo depois de benefícios (22%) e bons salário (62%).
Qualidade de Vida na Empresa
Estamos observando, nos últimos anos, empresas nacionais
passarem por uma revolução na produtividade. Essa revolução transformou a vida
das pessoas nos grandes centros urbanos, estabelecendo um ritmo de vida
considerado alucinante, com excesso de horas de trabalho e uma pressão
excessiva para serem cada vez mais produtivas.
O lado profissional passou, portanto, a ser a face predominante do ser
humano, que se sentiu forçado a ser um superprofissional e, para tanto, não
poupa esforços em jornadas de trabalho acima de 12 horas diárias.
Mesmo já estando no século 21, muitos ambientes de trabalho
ainda estão presos a regras e projetos de um longínquo século 20. De uns anos
para cá vem-se percebendo que o local de trabalho, ou seja, onde as pessoas
passam a maior parte de seu tempo, influencia muito na qualidade de vida e na
produtividade dos funcionários.
As reclamações mais comuns entre os funcionários são a falta
de iluminação nos escritórios, mesas e cadeiras não ergonômicas, salas muito
abafadas ou muito frias, falta de janelas que proporcionem ventilação e luz
natural e a falta de oportunidade de deixar suas áreas de trabalho mais
personalizadas, com fotos, flores, etc.
A palavra de ordem hoje em muitos escritórios é dar ao
funcionários tudo aquilo que ele precisa para se tornar mais produtivo e,
conseqüentemente, tornar a empresa mais competitiva no mercado. Afinal, ninguém
sai de casa para fazer um trabalho ruim e se as pessoas podem ser mais
produtivas com mudanças desse tipo, porque não dar um empurrãozinho?
A diferença das melhores companhias em relação às demais é
que elas focaram a atenção nos pontos estratégicos mais críticos.
Há três diferenças-chaves que distanciam essas empresas
admiradas das demais: clareza, comprometimento e capacitação. As companhias
mais admiradas são mais bem sucedias por fazer o que muitas reconhecem que
deveriam fazer. Elas têm uma cultura mais próxima da ideal. Sucesso na
implementação da estratégia, acima de tudo, colocam as pessoas em primeiro
lugar.
Uma das empresas pesquisadas é a CTA – continental Tobbacos
Alliance, nela os funcionários, ao terminar o expediente, podem escolher entre
voltar para casa ou desfrutar alguns momentos de recreação, pois há para eles
um espaço – um clube dentro do próprio parque industrial. São seis piscinas, lago com pedalinhos,
quadra de esportes, bosque com churrasqueiras, bar e salão de festas. A empresa
também possui um creche para crianças até cinco anos de idade, oferece aulas de
natação em piscinas térmicas, atividades pedagógicas e de recreação,
atendimento médico e odontológico. Existe uma capela para reflexão onde um
coral ensaia duas vezes por semana no intervalo do almoço e dá um toque de
celebração. Para os mais descontraídos, uma área de lazer com jogos e televisão
ajuda a relaxar antes de voltar para o trabalho. Os funcionários têm
participação dos resultados, alimentação e bolsas de estudo.
Foram analisados os benefícios que trazem qualidade de vida
na empresa, e destacam-se nos seguintes aspectos:
Saúde: auxílio doença, assistência médica, assistência
psiquiátrica e psicológica, cobertura para tratamentos de dependências química
(droga/alcoolismo), homeopatia, infertilidade, terapia, acupuntura, check-up,
plano médico com livre escolha, plano com cobertura também para agregados e
aposentados, assistência ou consultório odontológico, cobertura para aparelhos
ortodônticos, ambulatório, auxílio para aquisição de óculos e lentes de
contato, desconto na compra de medicamentos e entrega no local de trabalho,
programas de alongamento e relaxamento para atendentes, ginástica laboral
durante o expediente, academia e spa para executivos.
Alimentação: tíquete, vale-supermercado, café da manhã
grátis, lanchonete na empresa, refeições coletivas, cardápios diferenciados
para funcionários que tem problemas como diabetes, colesterol e hipertensão.
Educação e Desenvolvimento: seguro educação, bolsas de
estudo, cursos de idiomas, instrução dos filhos, ensino supletivo, reembolso
para cursos de graduação, pós graduação e MBA, grande oferta de treinamento,
inclusive à distância (via CD-ROM), job rotation, oportunidades de estágio e
carreira em outras unidades do grupo e no exterior, biblioteca, videoteca,
palestras variadas: planejamento familiar, orçamento doméstico, segurança no
trabalho, apoio pré-aposentadoria, etc.
Carreira: política de promoção com base em avaliação de
desempenho para todos os funcionários, prioridade ao recrutamento interno,
aconselhamento de carreira, grandes oportunidades de carreira para mulheres,
programas de trainees.
Formas de Remuneração e Auxílios: remuneração por
competências e habilidade, remuneração variável, participação nos lucros e
resultados (salários extras), 14o salário, programa de reconhecimento,
previdência privada, seguro de vida, adicional por tempo de casa, concessão de
opção de ações para todos os funcionários (stock options), ajuda no aluguel (em
caso de transferência), empréstimo para aquisição de casa própria,
financiamento para aquisição de automóvel, carro com despesas pagas,
estacionamento, transporte da empresa (ônibus), venda de produtos fabricados
pela empresa com desconto, auxílio para pais de filhos excepcionais, auxílio
para compra de material escolar e assistência jurídica.
Integração e lazer: clima de camaradagem no ambiente de
trabalho, incentivo a participação dos funcionários em projetos filantrópicos,
forte política de recepção e integração aos novos, clube, colônia de férias,
área de lazer na empresa com sala de jogos, leitura e ginástica, atividades de
recreação para os filhos de funcionários, promoção de festas Juninas e de
Natal.
Comunicação Interna: segurança e confiança na gestão,
sinergia entre chefes e subordinados, avaliação 360 graus para todos os
funcionários, política de portas abertas, valorização das sugestões dos
funcionários, linha direta e ombudsman para reclamações, número reduzido de
salas fechadas, pesquisa de clima periódica para medir a satisfação dos
funcionários, clareza e abertura na comunicação interna, política formal de não
demissões, entrevista com potenciais pares de trabalho no processo de seleção,
ambiente de trabalho onde as pessoas sintam-se livres para participar, criar e
ter iniciativa.
Outras práticas: horário flexível de trabalho, jornada
reduzida no verão, possibilidade de trabalho em locais remotos (casa, cliente,
etc), informalidade nos trajes, licença não remunerada para projetos pessoais,
berçário, creche, sala de aleitamento para mães, loja de conveniência e outros
serviços dentro da empresa (videolocadora, salão de beleza, etc).
Podemos descrever a QVT como um programa que visa facilitar
e satisfazer as necessidades do trabalhador ao desenvolver suas atividades na organização, tendo como idéia
básica o fato de que as pessoas são mais produtivas quanto mais estiverem
satisfeitas e envolvidas com o próprio trabalho.
Feigenbaum (1994) entende que QVT é baseada no princípio de
que o comprometimento com a qualidade ocorre de forma mais natural nos
ambientes em que os funcionários encontram-se envolvidos nas decisões que
influenciam diretamente suas atuações.
Uma das primeiras definições que as pessoas dão o trabalho,
é “meio de sobrevivência”. Esse sentido do trabalho foi por muito tempo
encarado de forma negativa, e para muitos o é até os dias de hoje. O trabalho
também é considerado um vinculo social,
assim, nos sentimos mais ou menos aceitos socialmente de acordo com o cargo que
ocupamos.
A partir dessas considerações, o trabalho pode ser percebido
como:
- Atividade útil;
- Atividade com objetivo;
- Associado ou não a trocas econômicas;
- Prazer associado à sua execução;
- Inserção social.
O trabalho que faz sentido e garante a qualidade de vida
para as pessoas é:
- Feito de maneira eficiente e leva a algo;
- Satisfatório;
- Moralmente aceitável
- Garante segurança e autonomia;
- É fonte de expressão de relações humanas satisfatórias.
O investimento ou a falta determinados aspectos mexem com o
ambiente organizacional e determina o quanto uma empresa é boa para trabalhar. Alguns destes aspectos:
- Crescimento: o funcionário tem que Ter motivos para
acreditar que sua vida está indo para frente. Eles precisam de ascensão e
realizar planos. Para que isto aconteça, a empresa deve dar autonomia e
oportunidade.
- Liberdade: os bons profissionais só aparecem em ambientes
onde exista liberdade de expressão.
- Maus chefes: a boa qualidade de um ambiente de trabalho
depende diretamente da qualidade das pessoas que tem o poder de tomar decisões.
é responsabilidade do primeiro escalão gerir o desempenho das chefias em seu
relacionamento com os subordinados.
- Camaradagem: tudo que puder ser feito para estimular um
relacionamento amigável entre os funcionários vale a pena. Os líderes tem
fundamental nesse processo de aproximação.
- Recompensas: os profissionais adoram benefícios, uma
maneira inteligente de definir mérito é o de avaliação por resultados: quem
trabalha melhor deve ganhar mais.
- Presidente: o presidente deve tomar para si o objetivo de
transformar a empresa num bom local para se trabalhar. O presidente é o maior
exemplo.
O que mais desejamos na vida é felicidade, busca antiga do
homem. Porém, para ser feliz, é necessário Ter saúde, satisfação consigo
próprio e com seu trabalho, e tudo isso compreende qualidade de vida.
É interessante avaliar o conceito de empresa feliz apresentada
por Matos(1996), cujos valores são muito próximos aos indicadores de QVT:
aquela que oferece condições motivacionais à plenitude da realização humana, ou
seja, um clima estimulador à participação e expressão, exercício regular da
delegação de autoridade e do trabalho em equipe, incentivos ao desenvolvimento
da capacidade de liderança, reconhecimento do esforço empreendedor e à obtenção
de resultados. Isto é, a empresa feliz é a empresa bem administrada.
Conclusão
Fica claro que a qualidade de vida do indivíduo também
depende da qualidade de vida no trabalho, pois o trabalho assume papel central
na vida das pessoas, chegando a definir aspectos vitais como “status” e
identidade pessoal. Assim sendo, o trabalho deve ser realizado em condições que
ajudem a promover a saúde, o equilíbrio físico e psicoemocional e, em
conseqüência, o bem-estar total do indivíduo, refletindo a importância que tem
para o trabalhador.
É importante ressaltar que qualidade de vida no trabalho é
trabalhar com alguém, para alguém, fazendo o que se gosta, enfrentando questões
sérias e lutando por direitos e deveres. A empresa tem que ser um bom ambiente
de trabalho e os funcionários precisam estar comprometidos com o negócio. "Qualidade de vida é trabalhar onde se
quer, onde se sente bem com transparência nas relações internas, equilíbrio
econômico e criatividade.
Fonte: Cola da Web
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