É com essa proposta que o professor da Escola de Negócios
Kellog, J. Keith Murnighan, aborda a liderança de uma maneira totalmente
diferente
Você será um líder mais eficaz se, em vez de se ocupar do
trabalho, deixar que os outros se encarreguem dele. Ou em outras palavras,
parar de trabalhar e começar a liderar. É com essa proposta que o professor da
Escola de Negócios Kellog, J. Keith Murnighan, autor do livro Não Faça Nada!
Aprenda a deixar que cada um faça o seu trabalho, aborda a liderança de uma
maneira totalmente diferente, uma maneira que não é particularmente natural.
Segundo o autor, o líder não deve se envolver em diferentes
funções, em vez disso, ele deve se concentrar em facilitar o desempenho das
pessoas e orquestrar suas ações para que elas colaborem entre si e cheguem ao
produto final da forma mais eficaz possível.
Orquestrar ações, lembre-se dessas duas palavras!
• Livre-se da tendência natural do microgerenciamento
O que muitos lideres não conseguem enxergar é que, à medida
que você avança, o seu desempenho passa a ser menos importante do que o
desempenho de sua equipe e, para que sua equipe apresente um desempenho melhor,
você deve fazer cada vez menos a cada promoção. O resultado lógico de fazer
cada vez menos é não fazer absolutamente nada.
Os jovens líderes são os mais afetados por essa tendência
natural de desejar assumir o controle. Pense na primeira que você foi promovido
para liderar uma equipe. É completamente natural querer mostrar aos membros de
sua nova equipe que a sua promoção foi merecida e que foi um resultado das suas
habilidades, aptidões e potencial, e não de algum tipo de favoritismo.
Acrescente a isso o fato de que, em muitos casos, o novo
líder foi escolhido em detrimento de algum outro membro que também desejava a
liderança, e a reação natural do novo líder é assumir ainda mais controle e
tentar imediatamente ostentar todas as suas habilidades de liderança (mesmo se
não tiver muitas).
Quando os lideres fazem demais, eles não estão atuando no
novo cargo – na verdade, eles continuam atuando no cargo antigo enquanto
simultaneamente destroem as chances de crescimento dos membros de sua equipe.
Eles ficam presos na mentalidade de provar que merecem o novo cargo.
Os lideres devem se livrar de suas tendências egocêntricas
naturais e se concentrar nos membros de sua equipe, porque são essas as pessoas
das quais eles precisam para ter sucesso. Eles precisam saber que não tem como
serem eficazes sozinhos. Se você achar que isso não é verdade, faça um teste:
encontre uma sala vazia, entre, comece a liderar e veja até que ponto isso é
eficaz.
• Quando a regra de não fazer nada não se aplica.
Existem basicamente três exceções à regra:
1- Quando você é o único que possui as habilidades
necessárias para realizar uma tarefa urgente. Diante da urgência e do fato de
que ninguém mais é capaz de realizá-la, é obvio que os líderes devem arregaçar
as mangas e meter a mão na massa. Mas atenção: organize um treinamento para
evitar que o problema se repita no futuro.
2- Quando for necessário realizar o “trabalho sujo” (aquele
que ninguém quer fazer), todo mundo deve fazer a sua parte, inclusive os
líderes. Nesse caso, deve-se organizar um esquema de rodízio, no qual todos,
inclusive o líder da equipe, se revezarão na realização da tarefa. Não é
interessante jogar todo o trabalho sujo nas costas de uma ou duas pessoas, o
que, além da sobrecarga, pode provocar ressentimento imediato e duradouro. Além
disso, não se incluir no rodizio pode induzir sua equipe a pensar que você se
considera acima deles.
3- Quando o ego dos membros de sua equipe falar mais alto e
eles acharem que podem fazer mais do que de fato são capazes. Nesse caso, o
líder deverá refreá-los ativamente – mas de maneira diplomática e privada.
• Se você conseguir não fazer nada, como passará seu tempo
no trabalho?
Para começar, você terá tempo para se planejar para o futuro
– um raro luxo nos dias de hoje. Em seguida, você deve manter as expectativas
elevadas em relação ao desempenho de sua equipe: quando um líder espera muito
do seu pessoal, os membros da equipe normalmente reagem à altura, é o que os
pesquisadores chamam de “Efeito Pigmaleão”.
Para ter sucesso os líderes precisam constantemente pensar
em como a equipe pode dar aquele próximo passo.
Não fazer nada não é fácil. Essa não é uma abordagem natural
ao trabalho, especialmente para pessoas que chegaram às suas posições de
liderança apresentando um desempenho excepcional em seus cargos anteriores.
É natural que os líderes pensem: “mas eu preciso fazer
alguma coisa. Não cheguei a esta elevada posição de liderança sem fazer nada.
Deve haver alguma coisa que eu posso e devo fazer”, não é mesmo?
Eis o que você pode fazer: facilite o desempenho de sua
equipe, mas não interfira no trabalho dos outros. Se cada membro de uma equipe
atingir seu máximo potencial, a equipe como um todo e seu líder atingirão o
maior sucesso possível.
• A importância da confiança
“Ser agradável não está no topo da lista de requisitos do
capitão de um navio. O essencial é ser respeitado, confiável e eficiente. Os
líderes precisam entender que, no fim das contas, quase sempre é solitário ser
um líder eficiente”. Michael Abrashoff – Capitão do navio USS Benfold e autor do
livro Este barco também é seu.
A liderança excelente não é possível sem confiança: a
confiança é absolutamente imprescindível. Quando os líderes não confiam nos
membros de sua equipe, eles se tornam microgestores, interferindo a todo
momento no trabalho que sua equipe está realizando.
O ditado “se você quiser algo benfeito, faça você mesmo”, é
uma garantia de desastre, tanto para os lideres, quanto para os membros de sua
equipe, que se sentirão desconectados muito rapidamente e se tornarão menos
produtivos.
Além disso: os membros de sua equipe não confiarão em você a
menos que você confie neles – e sem dúvida é melhor confiar mais do que menos.
Os bons líderes de equipe criam uma atmosfera de sensação de
segurança: os membros de suas equipes se sentem livres para fazer observações,
perguntar, comentar sobre o que estavam vendo e eram encorajados a se
expressarem – e não algo do tipo “se eu disser a coisa errada vou ganhar uma
anotação no meu arquivo”. Lembre-se: as pessoas precisam se sentir livres para
falar.
• Conclusão
A ideia de que um líder pode passar o dia inteiro jogando
golfe e não aparecer no trabalho é obviamente enganosa. Os lideres se mantêm
informados do que sua equipe está fazendo e se certificam de que o trabalho
seja feito, mas não impõem nem microgerenciam. A filosofia do não fazer nada só
é possível se os membros da sua equipe estiverem apresentando um bom
desempenho.
Conforme você prospera, as expectativas das pessoas
aumentam: elas esperam que você pense grande e passe a coordenar questões mais
amplas e importantes e que veja o panorama geral em vez de se focar nos
detalhes.
Descubra quais membros da sua equipe são bons em uma
determinada atividade e deixe que eles se ocupem dela – mesmo se for algo que
você faz bem. Dedique seu tempo e energia a facilitar o desempenho das pessoas:
disponibilize as melhores informações que tiver para que seja elaborado um bom
e coerente relatório.
Para serem eficientes, os lideres devem impelir as pessoas a
fazerem mais do que fariam de outra forma. Encorajamento, altas expectativas e
uma pressão figurativa, podem ajudar as pessoas a realizarem mais do que elas
naturalmente esperariam ou escolheriam realizar.
Quando as pessoas se orgulham do que são capazes de fazer,
recebem a chance de demonstrar sua capacidade e são reconhecidas e
recompensadas por isso, elas sempre se sentem extremamente motivadas a
apresentar um excelente desempenho.
Todos nós gostamos de nos sentir necessários – em equipes de
trabalho, cabe a você, na qualidade de líder da equipe, deixar todos à vontade,
fazendo eles se sentirem necessários e seguros.
É isso o que grandes líderes fazem. Eles não trabalham; eles
ajudam e orquestram. Eles elaboram grandes estratégias e auxiliam as pessoas a
implementa-las.
Fonte: Administradores
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