1. PREFÁCIO
Surfando as Ondas do Mercado, uma obra fundamentada nas
literaturas nacionais e internacionais, no dinamismo exposto pelos artigos dos
jornais e revistas e, ainda, escrita pelo professor fundador da FGV de São Paulo,
Raimar Richers, mereceria alguma crítica? Como desenvolver uma resenha crítica
se a nossa cultura está fundamentada em seguir padrões predefinidos? Como criar
uma análise que não fosse simplesmente um resumo? Onde conseguiria
documentações que dessem argumentos para minha crítica?
Foram estas perguntas que fizeram as horas em frente ao
computador se multiplicarem. Ler um livro de marketing é tranquilo quando
procuramos aceitar suas argumentações, aliás são dezenas delas, mas ter que
analisar, comparar, e redigir uma opinião, é deveras penoso.
Fui encorajado em saber que a responsabilidade desta resenha
estava voltada, em primeiro lugar, em fortalecer, ou melhor, renascer o meu
espírito crítico e em segundo lugar viria a cumprir mais uma etapa de minha
vida acadêmica na UNISUL.
2. INTRODUÇÃO
A literatura Surfando as Ondas do Mercado, compara os
movimentos do mercado ao das ondas do mar, onde deve-se gerir os negócios
atentos à ritmos estabelecidos pela natureza. Quando falamos em natureza,
estamos incorporando todos os fatores macro ambientais capazes de influenciar
as atividades gerenciais de uma determinada atividade empresarial.
A comparação dos negócios aos das ondas do mar, é uma
técnica utilizada pelo consultor Raimar Richers, um suíço-brasileiro que
procura demonstrar a necessidade de nunca se investir contra uma onda, mas sim,
de decifrá-la antes que os concorrentes o façam.
3. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DO ASSUNTO
O autor, preocupado com que as empresas desenvolvam produtos
personalizados aos seus clientes, desencadeia uma sequência de dicas capazes de
alertar os gerentes na tomada de decisão. Nos primeiros capítulos, as dicas são
relacionadas de um modo em que a empresa não perca o foco dos seus negócios,
ressaltando que nada impede da empresa possuir mais de um foco de atuação,
contanto que cada foco seja tratado de forma em separado tanto como organização
interna, tanto como as mensagens e comunicações a serem feitas ao público
externo.
Diversas forças são demonstradas, a força da publicidade, da
pesquisa e da segmentação, mas fica claro a paixão do autor pela tecnologia e
pela informação. A tecnologia é colocada como um instrumento capaz de promover
a modernização e inovação nas atividades gerenciais e nos processos e produtos
de linhas, onde fica possível, através dela, aplicar um processo de
reengenharia ou de downzing com eficiência. A informação é vista como outro
ferramental muito importante que dá subsídios para decifrar as ondas no tempo
oportuno.
O autor demonstra que muitas das ondas do mercado são
provocadas por inovações tecnológicas. Isso é um grande alerta, pois,
atualmente, cada ciclo de inovação é bem mais curto que a cinco anos atrás,
isso pelo crescente potencial das empresas a terem acesso a maquinários cada
vez mais sofisticados, pela capacidade do gerente ter a informação em suas mãos
em menor tempo e pela conscientização dos consumidores que procuram desfrutar
das regalias tecnológicas.
Quando falamos em inovação não podemos confundi-las com
invenção. A invenção é quando se cria algo, nem sempre com poder mercadológico,
enquanto a inovação é algo desenvolvido no dever de agradar os consumidores com
os retornos estabelecidos pela empresa.
A obra enfatiza que qualquer produto a ser lançado no
mercado deve preservar a imagem da empresa e satisfazer os clientes, com toda
razão, pois de todas as suas potencialidades, a mais difícil de ser copiada
pela concorrência é imagem da empresa ou de seu produto. O autor, ao descrever
o lançamento de um produto no mercado e mesmo no exemplo das ferrovias,
demonstrou sete dimensões básicas de aceitabilidade do produto, que são:
desempenho funcional; custo de aquisição; facilidade de uso; custo operacional;
compatibilidade com outros produtos; disponibilização (tempo e custo do produto
para voltar a ser utilizado) e confiabilidade.
Richers não procura dar uma receita pronta de como atuar no
mercado, pois sabe que cada segmento de mercado tem sua característica, cada
consumidor possui uma reação particular em relação a cada produto, que cada
empresa possui portes e objetivos diversificados e que todas as organizações
são dirigidas por seres humanos que possuem necessidades e limitações
específicas. Mas ele descreve que é válido que se faça uniões mesmo com
concorrentes, num belo exemplo da junção dos trens com os caminhões numa cidade
americana, ele demonstra que as tendências devem ser respeitadas e conhecidas
pela empresas.
Enquanto isso, atualmente, multiplicam-se terceirizações,
contratações de mão-de-obra temporária, parcerias com fornecedores e clientes,
assim como alianças com concorrentes. As organizações estão deixando de ser um
sistema relativamente fechados para tornarem-se sistemas cada vez mais abertos.
Suas fronteiras estão se tornando mais e mais permeáveis e, em muitos casos
difíceis de identificar.
A necessidade do quadro BCG e o estudo do ciclo de vida dos
produtos ficam evidentes quando o autor procura demonstrar que antes da
necessidade de se mudar um produto o mercado emitirá sinais, por isso, devemos
decifrar os sinais emitidos pelo mercado e utilizá-los nos planos de marketing
da empresa.
Quando falamos em plano de marketing, estamos falando em
coerência com o autor de que alguém na empresa deva pensar no futuro, alguém
capaz de coletar, separar, testar e eliminar informações de modo a construir um
sistema de informação de marketing. As informações devem ser restringidas
realmente àquilo que é realmente necessário, pois com o avanço da tecnologia da
informação, os gerentes possuem acesso a diversos meios de comunicação, muitos
irrelevantes para as tomadas de decisão nos momentos apropriados.
O autor, fica bastante preocupado em demonstrar a
necessidade de se desenvolver produtos voltados a segmentos de mercados e a seu
nichos, quando diz que os produtos precisam ser diferenciados e terem
aceitação. Infelizmente, no mercado brasileiro, os produtores (em sua grande
maioria) não estão preparados para desenvolver os produtos na mesma velocidade
das necessidades dos nichos de mercados, mas é uma tendência que cada vez mais
está se tornando evidente para o empresariado brasileiro. Os obstáculos quase
sempre são de natureza tecnológicas. Mas devemos considerar que uma inovação
tecnológica, mesmo sendo revolucionária, só se impõe a sociedade desde que haja
condições ambientais para que seja aceita e bem aproveitada.
Fica claro que a elasticidade da demanda dos produtos não
está somente relacionada com o fator preço, como pregava até pouco tempo os
economistas de renome, a demanda está relacionada a diversos fatores, sendo
dentro deles o preço, a tecnologia e o ambiente.
Fica simples em entender Surfando as Ondas de Mercado quando
temos em mente as cinco forças de Porter que atuam sobre as empresas
(entrantes, substitutos, concorrência, fornecedores e consumidores) e os
fatores macro ambientais. As ondas são os movimentos do mercado que devem ser
estudados e compreendidos, e que cabe ao gerente saber qual a onda certa a ser
"surfada".
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A obra merece mérito por ser um livro abrangente que combina
os fatos reais vivenciados pelas empresas aos ensinamentos teóricos empregados
por diversos autores.
Fica claro, a importância da globalização, das alianças com
fornecedores e concorrentes, da velocidade da informação e dos impactos das
inovações tecnológicas. Mas, sempre dentro do foco de atuação da empresa,
objetivando atender às necessidades dos consumidores e potenciais consumidores.
A comparação do mercado com o mar (que é algo tangível),
permite ao leitor uma melhor visualização das suas próprias atividades, pois
quem não conhece os movimentos das ondas do mar?
A obra apresenta valores que possibilitam o gerente a
analisar suas atitudes de um modo criativo, onde o seu feeling é importante,
mas sempre baseado num data base, capaz de ter informações precisas e
essenciais para empresa.
Por fim, o livro demonstra que estamos rodeados de nichos
sedentos de necessidades, basta estarmos preparados para compreendê-los e
ganharmos bastante dinheiro, como muitos que souberam interpretar as ondas
antes de seus concorrentes e ficaram famosos por isso.
A interpretação das ondas não é uma tarefa de final de
semana, mas sim uma necessidade cada vez mais constante, onde a tecnologia,
tais como os ventos, provoca ondas cada vez mais fortes e rápida.
Fonte: Cola da Web
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