Um dos pontos fracos apontados na empresa familiar é a falta
de profissionalização e a centralização de poder. Mas, só é possível pensar
nestas coisas se pensarmos em etapas. Na primeira fase a necessidade é garantir
a sobrevivência
Montar uma empresa é o grande sonho de muitas pessoas. As
motivações iniciais geralmente são financeiras: ter uma fonte de renda sem
depender da assinatura na carteira de trabalho, não ter que só cumprir ordens
dos outros, não trabalhar para enriquecer os donos, etc. Logo o empreendedor se
depara com uma dura realidade. É muito mais difícil do que se imaginava!
O primeiro cliente, mais do que alegria, revela a
importância dessa conquista para pagar as contas da empresa e seu pró-labore.
Cai a primeira ficha: se quiser sobreviver, se quiser ter uma empresa,
necessitará de funcionários, clientes e fornecedores. Mesmo tendo 100% das
cotas, nada serve sem estas pessoas.
Esta mudança interior é algo que ocorre no âmago do fundador
da empresa. Se não ocorrer esta mudança será impossível garantir a
sobrevivência e longevidade. Provavelmente a coisa mais importante e mais
difícil para o empreendedor é compartilhar este sentimento com os outros,
inclusive seus sócios. Não são todos os sócios que tem esta percepção e
mudança.
Um dos pontos fracos apontados na empresa familiar é a falta
de profissionalização e a centralização de poder. Mas, só é possível pensar
nestas coisas se pensarmos em etapas. Na primeira fase a necessidade é garantir
a sobrevivência.
Em um primeiro momento a empresa é o que chamo de lançamento
do foguete. Para fugir da força da gravidade é preciso muita força. O
empreendedor é o executor das tarefas operacionais. Fazer tudo, trabalhar duro
até altas horas da noite é a rotina diária. Nessa hora é querer demais falar em
profissionalização e descentralização de poder.
Não é a profissionalização que vai fazer a empresa decolar,
vale muito mais o coração do que qualquer técnica de gestão. O importante nesta
fase não é o grau de profissionalização da empresa. É em que nível os assuntos
são tratados profissionalmente, ou seja, o interesse da empresa deve vir em
primeiro lugar. É preciso saber separar a pessoa física da jurídica.
São três os aspectos a serem considerados quando se fala na
profissionalização. Um é tratar os assuntos comerciais de forma profissional,
ou seja, sem sentimentalismo. Outro é contratar profissionais especializados. O
último é a gestão profissional de verdade, ou seja, entregar a direção na mão
de profissionais do mercado.
Tratar tudo profissionalmente deve ser o primeiro
aprendizado do empreendedor iniciante. A relação familiar é comandada por laços
afetivos, de proteger a família, ajudá-la, etc. Tratar profissionalmente a
empresa significa na prática uma coisa só: a empresa não pode ser usada como
instrumento para manter, proteger ou ajudar a família.
A empresa não é composta unicamente de elementos internos:
sócios e funcionários. Ela é composta também de elementos externos sem a qual a
empresa não sobrevive. São os seus clientes, fornecedores e parceiros
comerciais. Assim, a empresa deve satisfazer a todos estes elementos, não
especificamente a vontade do dono da empresa.
Konosuke Matshshita, fundador da Panasonic dizia que “a
empresa é da sociedade, da comunidade que pertence. Se a sociedade perceber que
nela não existe vontade de servir ao público, certamente ela acabará falindo”.
A empresa não é para servir exclusivamente ao dono da empresa, portanto, não
deve ser utilizada para beneficiar os seus familiares.
Os parentes também fazem parte da sociedade, portanto podem
ter a oportunidade, desde que seja merecida. Desta forma, será necessário
estabelecer algumas regras para manter harmoniosas as relações familiares. Há a
necessidade de englobar os membros atuantes e não atuantes na empresa. De
alguma forma, todos estão interligados à empresa.
As regras são para separar claramente a família da empresa.
Separar dinheiro: conta bancária pessoal e empresarial. Admissão de parentes.
Estabelecer a remuneração (pró-labore) mensal dos sócios. Utilização de bens da
empresa, especificamente sobre o uso de veículos. Viagens a negócio são para
negócios e não para levar a família para passear.
São pequenas ações que precisam estar bem claras. É até
compreensível usar o veículo ou levar a família na viagem de negócio. Mas se
considerar que a empresa deve servir a todos (internos e externos) está
totalmente errado. Estas pequenas regras aplicadas desde o início evitam o
maior ponto negativo apontado nas empresas familiares: conflitos e disputas que
acontecem depois que a empresa começa a ganhar dinheiro.
Fonte: Administradores
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo participação!