domingo, 2 de agosto de 2015

Politicamente correto: até que ponto essa atitude é vantajosa e benéfica para o seu executor?

Essa é a era dos preocupados com os julgamentos alheios: uma fila infindável de gente que ama tudo na vida, menos a própria liberdade




Estamos cercados de pessoas hipócritas: que pensam uma coisa e dizem outra com o intuito fétido de serem “agradáveis”, “gentis” e “bem quistas” perante a sociedade. Uma multidão de criaturas que venderam suas personalidades para viverem apenas para os outros, nunca para si mesmas. Usando palavras diferentes, esses seres humanos trocaram a liberdade pela escravidão, o livre arbítrio pela submissão e a independência pela alienação, transformando suas existências em meros fluxos de repetições absorvidas das mentes ditatoriais de seus gurus doutrinadores. 

Assim, somos lamentavelmente obrigados a transitar em uma comunidade de gente mascarada/dissimulada que faz questão de ostentar uma vida de oásis: recheada de ilusões aparentemente reais e concretas, mas que não passam de uma pífia cortina de fumaça, criada piamente para distribuir pensamentos fúteis, abjetos e escravizadores com o macabro propósito  de gerar um mundo fantasioso onde a única variável inexistente é exatamente aquela que todos deveriam preservar, estimar e buscar, a saber: a sublime e irretocávelverdade.

Por isso, sempre costumo compartilhar com os meus amigos a seguinte reflexão: o mundo precisa ser salvo, porquanto está cronicamente carente de sinceridade, de compromisso com a honra, de ética vigorosa, de virtudes inegociáveis, de valores morais trazidos de berço, de convicções pessoais refletidas no dia a dia, de gente que cumpre suas promessas e assume seus equívocos, de pelejas veementes por justiça, de generosidades espontâneas, de misericórdia pela dignidade humana, enfim de pessoas de pensamento e não de execução. Ora, o globo terrestre definha mediocremente porque valoriza mais o lado de fora (corpo) do que o lado de dentro (alma), fazendo o homem contemporâneo valorizar mais a beleza dos objetos materiais que suas mãos puderam criar do que a genialidade criativa e excêntrica daqueles que esculpiram tais obras de arte.

Sejamos racionais e sensatos: está tudo invertido em nosso planeta e as pessoas parecem aceitar essa superficialidade mental com naturalidade e jubilação, como se apreciassem ser espancadas espiritualmente como psicóticos bonecos controlados por ventríloquos que os estupram intelectualmente e os arrombam moralmente pelo poder mágico de suas soberanas e anarquizadoras posições. Seguramente, não foi por acaso que o notável pensador britânico Gilbert Chesterton fabulosamente disse: “Devo o meu sucesso a ouvir respeitosamente os melhores conselhos e depois fazer o contrário.”

Resumindo, esse é o clima atual: vários meninos andando de mãos dadas com uma casquinha genérica de ideias e racionalizações sem palpabilidade, colhendo instintivamente um amontoado de reflexões inúteis que servem apenas para aguçar a vaidade, o egocentrismo e o individualismo humano, convertendo um reino puro e santo em um ambiente de mentiras e engodos colossalmente instituídos, de onde brotam apenas vastas e enojadoras inverdades.

Como compreender a mente de uma pessoa politicamente correta

Como vimos no inicio do texto, uma pessoa que ostenta essa particularidade existe tão somente para garfar o que a maioria das outras entende como sendo o mais certo e justo socialmente para posteriormente aplicar esses “princípios” e “valores” fielmente as suas condutas cotidianas, seguindo essas cartilhas como se fossem manuais divinamente inspirados ou compêndios absolutamente inquestionáveis  - e imutáveis -. Em outros termos, esse casulo desalmado é possesso ferozmente por um espírito demoníaco que comanda suas ações e movimenta poderosamente suas convicções, reduzindo seu raio de transição e o submetendo a uma servidão perpétua as ideias e posições nascidas nas profundas cachoeiras dos rios do inferno: limitando tal entendimento a ser uma abestalhada máquina copiadora e reprodutora de informações vizinhas que propaga com furor tudo o que nela é meticulosamente programado e digitalizado.

Achou pesado? Pois é, mas uma criatura politicamente correta não possui pensamentos próprios e tudo que sai de sua boca não vêm do coração, porque tem sua espinha dorsal concebida em construções de feno e palha. A vista disso, tal entidade procura ser amável, cordial e ternurosa por meio dessas expressões positivas, mas acaba ironicamente ocasionando o inverso – prejudicando seus pares por entregar comportamentos fantasiosos que gatilham uma inclinação que não corresponde a veracidade lídima dos fatos, sendo apenas um núcleo catastroficamente edificado nas sombras e nos efeitos pútridos da escuridão, embora aparente ser uma réplica imperceptível de um formoso, legítimo e sublime diamante.

O grande problema disso tudo é que somos educados por todas as forças que nos cercam a doutrinar nossas idealizações para as causas sociais que merecem um ardiloso e inoxidável apoio “emergencial”, como se fossemos excelsos heróis do universo: com capa, espada e poderes especiais tendo como alvo principal (e único) a defesa veemente desses “injustiçados” grupos que sofrem retaliações por gozarem de certas singularidades pouco aceitas por parte considerável dos seres aqui presentes. Ora, é evidente que temos que lutar pela igualdade em todas as instâncias existentes e confrontar implacavelmente aqueles que pensam que o mundo deve ser “do jeito deles”, contudo isso não significa renunciar completamente aos nossos pensamentos particulares, porque é inaceitável aceitar que a felicidade desses conjuntos dependa exclusivamente das algemas expostas em nossas características e faculdades originais.

Perceba comigo: se nos limitarmos a pensar dessa forma, cometeremos o imperdoável erro dos amantes do etnocentrismo, isto é, de que o globo interplanetário deve girar em torno de certos pensamentos padronizados, matando a essência da natureza humana que é múltipla diversidade de volições e desejos. Certamente, isso produzirá apenas cópias fajutas de uma comunidade que não cessará de alienar seus integrantes, fazendo o contingente social se mover tão somente em prol das vontades de seus principados, soberanias e tronos. É como dizia sabiamente o filósofo e poeta francês Paul Valéry: “Agradar a si mesmo é orgulho; aos demais, vaidade.”

Portanto, que saibamos fugir dessas linhas venenosas para proteger nossos DNAs dessas tóxicas ramificações, objetivando criar estradas de sinceridade e total transparência para uma caminhada sem sustos em direção ao cegante clarão da esperança.

Como viver uma vida autêntica sem desrespeitar o próximo

William Shakespeare sagazmente disse: “Aquele que gosta de ser adulado é digno do adulador.”

Certamente, o príncipe das poesias quis descortinar a patetice humana em querer criar laços de amizade por interesse vil, onde as partes se conectam não por estimarem uma a outra, mas para buscarem objetos pessoais que somente podem ser obtidos por meio dessa torpe e mesquinha aliança.

Infelizmente, as criaturas que agem dessa forma não possuem solidez em suas convicções interiores, porquanto mudam o foco das mesmas de acordo com o terreno vislumbrado. Desta forma, elas detém um caráter ambíguo e de acordo com as mudanças do cenário, são obrigadas a venderem/barganharem suas posições para conquistarem certos interesses específicos (trocando seus ideais e princípios por essas migalhas materiais).

Essa é a coisa que mais entristece o meu coração, porque sei que cada ser humano é especial, único, insubstituível e todas as vantagens do mundo não valem as típicas autenticidades dessas formidáveis personalidades. No entanto, o que eu farei se esses entes preferem ser enganados por uma falsa percepção?

Aprendi desde cedo com Shakespeare que a consciência humana é tão poderosa que nem mesmo aquele que a pertence é capaz de enganá-la. Fiquei estarrecido e entusiasmado quando li uma frase do maior poeta de todos os tempos sobre a mente maligna de um ladrão e suas consequências na vida real de tal criatura. Desde então, comecei a questionar minha identidade pessoal sobre esses fatores assustadores e rapidamente formulei as seguintes indagações: de que adiantam todas as vantagens terrestres se elas não podem complementar a alma daqueles edificaram-na? Que luz é capaz de nutrir um cerne de essência fragmentada e esvanecida? Que esperança há de existir em um individuo de mente desfocada e geminada?

A resposta solitária e plausível que encontrei foi a de que nenhum individuo pode se realizar sem ser absolutamente sincero consigo mesmo – em todas as jurisdições existentes -, haja vista que é impossível ser alguém em qualquer era terrena através da ostentação de uma vida de maquiagens, de aparências, pois o cérebro instintivamente bloqueia os dons principais, os talentos naturais e os dotes transcendentais de tal “ator social”, fazendo esse sujeito ser apenas uma casquinha embelezada, um ovinho opaco, uma face escorrida, sem força no titânico núcleo medular.

Então, o grande enigma não está no poder do dinheiro, na força do status, no glamour do reconhecimento e tampouco nas conquistas isoladas, mas sim na busca mórbida por uma identidade grandiosa, pautada na generosidade, na dignidade e na integridade da alma – de onde nascerão apenas resquícios de amor ao próximo e total compromisso com a honra.

Quando isso acontecer, o que a maioria dos integrantes do globo defende como sendo inquestionável e irremovível se transformará em apenas uma questão de ponto de vista, dando lugar eternamente as colossais ideias dos homens de verdade e não aos simples compêndios multifacetados dos homens de mentira. E no fim dessa breve e apequenada existência, todos poderão abençoadamente descobrir que tiveram a sempar oportunidade de encontrarem uma nobre causa em um reino recheado de injustiças, maldades e alienações, cumprindo seus papéis em prol de um universo mais equânime e virtuoso.

Pinceladas finais

Meus cordiais conselhos a todos que buscam uma esfera de autenticidade e intrepidez de espírito:

- Respeitar as diferenças nem sempre significa concordar com elas;

- Entre perder um amigo e uma causa, largue o primeiro sem titubear;

- Se uma dúvida pairar entre o coração e a razão, busque sempre as magnificentes linhas da idoneidade;

- Se um homem de posição superior lhe entregar uma ideia imoral e indecorosa, demonstre um gênero indomável e destrua-a implacavelmente antes que ela chegue a se materializar concretamente;

Por fim, aprenda a resistir às propostas tentadoras, a por o sempre amor no topo supremo da sua pirâmide e a jamais permitir que a injustiça paire sob os seres inocentes, guardando suas crenças como tesouros integralmente raros e piamente inegociáveis.



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