sábado, 22 de agosto de 2015

Nem tanto a Jobs, nem tanto à cultura do coitadinho

Tipo de gestão de Jobs e seus exemplos de sucesso versus nova propaganda de assédio moral do Ministério do Trabalho. Como ficarão os especialistas de RH agora com essa contradição?




Assistindo um dos intervalos de um famoso programa de culinária que vem sendo exibido às terças a noite pela Bandeirantes me deparei com um comercial do Ministério do Trabalho sobre “Denunciar Assédio Moral”.

A peça mostra um chefe que entrega a um funcionário – que, pela peça apresentada, não bate suas metas a vários meses – um troféu de “incompetente do mês” e disse que do jeito que ele está em breve alcançará o caminho da rua.

Oras, sinceramente: quem não viu uma cena dessas nos dias de hoje? Quando se atinge metas, toca-se buzinas e apitos e quando não se cumpre, punição. Na maioria das empresas administradas por geração Y, de prazos curtos, metas ambiciosas e padrão de alto desempenho, é assim que funciona.

Se o Ministério do Trabalho for fazer uma ofensiva de verdade sobre o tema fechará a maioria dessas empresas que hoje denominamos de startups. E a maioria vai me detonar e dizer que não o fazem, pois é inconsciente. Fazem e nem percebem como foi feito.

O que sempre me deixa incrédulo e sem esperanças é por que somos tão hipócritas e incoerentes com o que acreditamos? Ou será que acreditamos mesmo no que pregamos? Ou pregamos e fingimos que acreditamos apenas para vender?

Explico: li diversos especialistas em Gestão de Pessoas ou executivos ligados a Recursos Humanos de grandes empresas, vários em artigos, em textos ou em entrevistas diziam que indicavam, recomendavam e alguns até seguiam a filosofia e forma de gestão de Steve Jobs. Se isso é verdade a peça de marketing do Ministério do Trabalho deve ser jogada na lata do lixo e o governo pedir desculpas por mais esse dinheiro jogado fora com o dinheiro do trabalhador.

Jobs jamais levaria a Apple aonde ela se encontra hoje se a empresa mais valiosa do mundo ficasse pedindo por gentileza aos funcionários.

Jobs ficou famoso, ganhou admiradores e seguidores no mundo todo pela seu incrível cuidado ao preparar um produto, seus detalhes, seu excepcional bom gosto e cuidado nos designs e nos detalhes. Um rei na forma de se comunicar, apresentar seus lançamentos, tornar esses produtos fundamentais para a vida e para o cotidiano de um consumidor final e o rei de vendas.

Como ele mesmo dizia, "ter um Apple era um chamado divino".

Tanto cuidado e perfeccionismo rendeu a muitos funcionários histórias hilárias para quem contava, mas para as que foram vítimas com certeza não havia a menor graça.

Jobs, na fase de expansão da Apple, entrou no meio de uma entrevista que estava sendo feita pelo responsável da área. Na época, sentou, colocou os pés sobre a mesa e acompanhou alguns minutos daquela entrevista. Um certo momento, contrariando todos e qualquer especialista de RH que escreve sobre entrevistas e ganham e muito para isso, perguntou ao entrevistado: “Você é virgem?”.

O candidato, todo formal e com um excelente currículo, gaguejou e não sabia responder a Steve.

Jobs insistiu: "Você é virgem, não é mesmo?".

O entrevistado começou a dizer que ele e sua esposa eram casados desde o colegial e portanto aquela pergunta não fazia muito sentido e podia estar fora daquele contexto.

Jobs voltou e disse a ele: "Você é virgem, pensa que não é, mas é!! Você não serve para a Apple. E saiu da sala".

Wozniack, ao presenciar isso, resolveu conversar sobre Jobs o que havia ocorrido e por que ele tratava um candidato com um excepcional currículo daquele jeito? Jobs disse que eles estavam, naquele momento, expandindo, abrindo portas e se abrissem a porta para pessoas erradas e elas entrassem, jamais conseguiriam chegar onde queriam.

Lembramos que Jobs jamais se impressionou ou buscou títulos, currículos ou honrarias. Jobs largou a universidade apenas 6 meses depois que começou. Não era um excepcional currículo ou uma excelente entrevista condicionada e treinada que iria impressionar e ganhar Steve Jobs.

Steve Jobs queria os famintos, os ingênuos, os que realmente “Think Different” para mudar o mundo e deixar uma marca no Universo. Ele conseguiu.

Acredito que no mundo de hoje não devemos ser tão Jobs mas também não podemos ser e nem aceitar a cultura da mãozinha na cabeça. Se aceitarmos a cultura do coitadinho em um mercado de lobos nos transformaremos em profissionais medíocres e sem ambição.

O equilíbrio é a base de tudo! E um funcionário que não bate metas há vários meses, mas que teve treinamento, condições, estrutura e iguais condições perante os demais e nenhum fator externo o atrapalhou, deve ganhar um passaporte para a rua sim.

O mercado profissional não é papai de ninguém.

E filhinho mimadinho jamais mudará um departamento, sua empresa e quem dirá, então, o mundo.

Vamos em frente! Vamos ao trabalho!



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo participação!