terça-feira, 5 de agosto de 2014

O que um guaxinim com uma metralhadora pode ensinar sobre criatividade

Em Guardiões da Galáxia, Marvel mostra que também tem um tino criativo para transformar histórias alternativas em blockbusters, conquistando novos fãs sem esquecer os antigos




Volta e meia me perguntam qual o “segredo" da criatividade. O pessoal por aí adora mandar os outros “pensar fora da caixa”, “derrubar paradigmas” e outras coisinhas sem muito sentido.

Isso me lembra uma conversa que eu tive há pouco tempo atrás sobre o próximo lançamento de um filme baseado em histórias em quadrinhos: “Bem, tem um guaxinim com uma metralhadora, e, er… Uma árvore que anda por aí.”

Você pode não ser muito fã de histórias em quadrinhos, mas convenhamos, para um estúdio que começou com heróis clássicos como Homem de Ferro e Hulk, foi um belo caminho. Quando a Disney anunciou a compra da Marvel em Agosto de 2009, foi bastante criticada pelo “alto” preço que estava pagando, além do fato de que super heróis pareciam estar fora de moda.

Acho que o desenvolvimento desses personagens e a forma como foram desenvolvidos constituem um belo estudo de caso sobre Criatividade Aplicada. Então, sem mais enrolação, o que podemos aprender com os super heróis?

Tenha um tema

Todos os filmes lançados pela Marvel têm ligações entre si. Os personagens interagem, fazem referências uns aos outros, e elementos da história acabam se cruzando. Se você vê um filme, pode se divertir, se assiste vários, uma experiência completa a outra. O mesmo vale em outros campos: Uma empresa de tecnologia pode oferecer vários produtos que se complementam: Um celular pode ser bom, um celular que se conecta à televisão e ao computador ganha valor. Pessoas e empresas criativas aprendem o valor de desenvolver várias atividades complementares.

Não se leve tão a sério

Antes dessa nova onda de sucessos, alguns filmes de heróis tentavam ser sérios demais. O melhor (ou pior) exemplo disso é o fraquíssimo Hulk do diretor Ang Lee. Um diretor genial não conseguiu salvar um filme que se levava a sério demais. O filme era estranhamente denso e chato. Tentava levar a sério um personagem famoso por dizer: “Hulk Esmaga”. As novas versões vieram bem mais leves, tirando sarro de si mesmas e até de alguns chavões dos filmes de heróis.

Empurre os limites

Dos personagens mais clássicos conhecidos da infância, chegamos ao “lado B” do mundo dos heróis. O novo filme, que pelos números já é um sucesso, apresenta heróis desconhecidos do público mais amplo. Quando as pessoas falam em ser criativo, pensam em chutar o balde e outras besteiras. Confiança se conquista e baldes precisam ser chutados aos poucos. Como clientes, fomos convencidos que é possível assistir a bons filmes com personagens conhecidos como o Homem de Ferro. Ganhando nossa confiança, os produtores puderam ousar cada vez mais, nos permitindo apresentar novos personagens e ideias. Aprenda com isso: Limites existem para ser empurrados, mas não pule de uma vez.

Não esqueça de quem te levou até lá

Os filmes da Marvel são divertidos para o grande público, mas oferecem um “algo a mais” para os fãs das revistas em quadrinhos. Os roteiristas espalham diversas referências a personagens, situações e cenários, que aqueles fãs de carteirinha divertem-se procurando. É muito comum, ao começar a fazer sucesso, uma empresa ou profissional deixar de lado seus clientes que a levaram até lá. Isso é um erro.

Arrisque

Há não muito tempo atrás, falava-se em fazer filmes de heróis a um custo baixo, voltados ao público mais fiel. Longe disso, investiu-se cada vez mais em produções maiores e mais complexas. Vários sucessos, como o filme dos Vingadores, que lucrou sozinho mais de um bilhão de dólares, e o recente Guardiões da Galáxia eram vistos como apostas arriscadas que tinham muito para dar errado. A verdade é que podia ser confortável ficar nas velhas fórmulas de sempre, mas arriscar pode ser muito mais divertido - e lucrativo.

Relaxe, coma uma pipoca

Por último, um conselho um pouco mais estranho: quando se sentir cansado, quando estiver sem ideias, quando ficar à frente do computador parecer não levar mais a lugar nenhum naquele projeto, procure relaxar um pouco. Desligue, vá dar uma caminhada, tome um banho. Vá ao cinema mais próximo, coma uma pipoca. A bateria mental precisa ser carregada de vez em quando, e o tempo de lazer raramente é tempo perdido.



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