A série poderia ser resumida à saga de uma funcionária assalariada que resolve largar o emprego para abrir sua própria empresa: uma agência de garotas de programa
Sexo vende, já diz o ditado, e essa é a premissa do seriado nacional O Negócio, produzido e transmitido pela HBO Latin America. Só não se engane, mesmo tendo um conteúdo sexual explícito, esse seriado é sobre marketing e administração de empresas.
A série poderia ser resumida à saga de uma funcionária assalariada que resolve largar o emprego para abrir sua própria empresa, mesmo não tendo noção alguma de empreendedorismo ou mesmo de administração, sendo que o ramo que tal personagem atua é a prostituição.
Karin (Rafaela Mandelli), nos seus 31 anos, é uma acompanhante de luxo já em fim de carreira, ou é assim que Ariel (Guilherme Weber), seu booker (o nome chique para cafetão), a vê e por essa razão começa a substituí-la por uma garota mais nova, tirando aos poucos seus clientes e o seu sustento. Não suportando mais essa situação, ela decide largar tudo e declarar independência abrindo uma empresa de acompanhantes onde elas próprias mandariam e não seriam enganadas por bookers ou qualquer outro tipo de intermediário. Assim, um business plan foi traçado.
O plano é interessante e de certa forma inovador, mas ela esbarra na sua falta de conhecimento do mercado em que participa. Nesse momento entra em cena Luna (Juliana Schalch), outra garota de programa e melhor amiga de Karin, que estuda Administração, mesmo que apenas por segundas intenções - a de arranjar um marido rico. Juntas as duas começam a pôr o plano em movimento.
Mesmo sem preparação acadêmica, Karin já tinha certa noção de naïf, de empreendedorismo, como fidelização e necessidade de uma experiência exclusiva. No entanto, não é porque você compartilha da mesma cama com seu cliente que quer dizer que realmente entende seu público-alvo.
Aos poucos ela vai aprendendo as regras do jogo, na base de tentativa e do erro. Só que não se restringe à ação, ela busca o conhecimento técnico através da leitura dos livros de Administração e Marketing emprestados por Luna, além de ir a palestras e encontros de negócios.
Cada episódio funciona como uma pequena aula introdutória de marketing, tanto que os títulos de cada um remetem a conceitos da área, como reposicionamento, venda casada, share of heart, share of wallet, entre outros. Karin aprende sobre os conceitos e tenta aplicá-los em sua empresa. Por vezes ela tenta explicar para Luna, que se perfaz de olhos e ouvidos de espectador.
É claro que não é nada aprofundado, mas introduz bem o assunto, como no primeiro episódio, quando Karin propõe ao dono de uma boate aplicar um conceito de marketing. A ideia é uma promoção entre os operadores da bolsa de valores, na qual, a porcentagem que a Bolsa de Valores cair é a porcentagem de desconto que os clientes ganharão, com suporte no mecanismo do circuit breaker, que não permite o limite da baixa ultrapassar 20%. “Não é porque é a profissão mais antiga do mundo, que precisa ser a mais atrasada também”, dispara a personagem.
O seriado em si não é um mercado inexplorado; já tiveram outros que exploraram essa junção de administração e marketing no dia a dia, até mesmo na própria HBO. É o caso de Preamar, onde um executivo descobre o potencial financeiro nas praias do Rio de Janeiro. No fim das contas, o que difere O negócio dos outros seriados e explica o seu sucesso é simples: sexo vende.
Fonte: Administradores
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