A preguiça institucional tem suas raízes na falta da sanha civilizatória de uma sociedade, baseada no estudo, na leitura, na pesquisa e nas inovações. Logo como podemos competir, criar, inventar e produzir sem a leitura com tenacidade, persistência e alta vontade de saber, aprender e aplicar?
Na CSN trabalhei para a racionalização de 3.000 fornecedores e para o desenvolvimento de 2.000 clientes. Fabricas que faziam peças para siderurgia e metalurgia e as fábricas que faziam automóveis, latas, arados, compressores, geladeiras, aviões, navios, armamentos, utensílios, ferramentas etc. E em nenhuma das fábricas brasileiras se utilizavam as regras da administração científica.
Aqui no país só as multinacionais derivadas da zona asiática (exceto a China) aplicam com esmero esta tecnologia.
As outras multinacionais estrangeiras - européias e americanas - usam mecanismos de controle financeiro como objetivo básico de administração de resultados. Ao passo que as asiáticas usam a produtividade, a qualidade e a economia, razão pela qual seus produtos, serviços e processo são mais confiáveis, além do controle financeiro como referencial comparativo de eficiência e eficácia de sua engenharia e tecnologia.
No Brasil tudo falha e tem defeito. Somos pouco melhores do que a China, em qualidade e conformidade industrial.
Empresários brasileiros em média não gostam da Qualidade, nem da Educação e Treinamento do seu pessoal. Possuem baixo entendimento e precária aplicação sobre estes assuntos, haja vista nosso posicionamento tecnológico, econômico e científico, em relação às nações com Renda per Capita acima de US$ 25 mil.
São os administradores de produções e de serviços de qualidade qualquer, a qual serve para um povo desfocado de seu objetivo de crescimento civilizatório.
Até penico furado tem encaixe em nosso mercado consumidor.
Não fosse a Lei de Defesa do Consumidor a qualidade seria um "massacre" dirigido pela falta de administração da tecnologia e de interesse em crescimento econômico. Mesmo com a aplicação de Normas Voluntárias da ISO 9000, e outras conexas, para a melhoria geral da qualidade. Se a Lei Federal obrigatória é pouco respeitada imaginemos uma norma internacional de padronização que seja "voluntária"?
Enquanto o pessoal do 1º Mundo desenvolvido tem falhas e defeitos, em produtos e em seus processos, na ordem de 1 (uma) falha por milhão de operações, ou unidades de produtos produzidos, nós aqui estamos controlando pela "porcentagem". Para uma falha por milhão significam 0,0001% (transformando em porcentagem). Ou seja, eles estão na plataforma tecnológica e administrativa de busca pela "perfeição".
Temos nas nossas melhores fábricas taxas de falhas na ordem de 0,5%. E isto significa que teremos 5.000 PPM (partes por milhão). Ou seja, nossas melhores fábricas são até 5.000 vezes piores do que as melhores do Japão, por exemplo. Lá o padrão geral é de 1 a 10 PPM (de 1 falha por milhão, ou 0,0001%, a 10 falhas por milhão, ou 0,001%).
Como parcela do empresariado nacional se acomodou nestes últimos 10 anos, percebemos que há uma afetação bizarra da falta de dirigismo tecnológico, industrial e de serviços por parte dos governos brasileiros. E isto provoca desânimos ou desvios da função empresarial, a qual passa a tentar conseguir compartilhar com o Estado alguns butins ou arranjos pouco éticos. E não havendo este discernimento resolve consorciar-se ao Estado Corrupto, para obter receitas ilegais, para sustentar suas mordomias em primeiro. O resto que se lasque... Principalmente, às pessoas crédulas no processo administrativo nas empresas em que trabalham e os seus consumidores leigos e desamparados (apesar do CDC e do PROCON).
Então, temos uma acomodação nociva, que se confunde com preguiça institucional, ou com a inabilidade de praticar a Administração Científica. E o PIB do país não cresce, a Renda per Capita cai, já que a população cresce a mais de 2,0% ao ano e o PIB tem ficado abaixo disto.
A distribuição conceitual de riqueza gerada pela nação, entre seus indivíduos, também cai. O conceito de Renda per Capita é o PIB anual dividido pelo número de habitantes de um país. Assim, se o PIB cai, ou cresce pouco, e a população cresce bem, esta distribuição conceitual (divisão do PIB pelo Nº de habitantes) tenderá a cair - E sob a luz deste conceito vamos empobrecendo...
A preguiça institucional tem suas raízes na falta da sanha civilizatória de uma sociedade, baseada no estudo, na leitura, na pesquisa e nas inovações. Logo como podemos competir, criar, inventar e produzir sem a leitura com tenacidade, persistência e alta vontade de saber, aprender e aplicar?
Quantos de nós lemos artigos diariamente, ou os manuais do local de trabalho, dos equipamentos e das ferramentas que utilizamos? Quantos de nós lemos artigos com muita atenção, em vista de sua aplicabilidade prática? A Internet, as livrarias virtuais e as editoras publicam artigos e livros em várias temáticas. Temos alguns Sites só direcionados para isto. E quantos livros nós lemos por ano e em quais temáticas? Quantos artigos nós lemos por ano e em quais temáticas?
Para determinadas atividades profissionais, como a engenharia, por exemplo, temos que dispor pelo menos de 50% de nosso tempo existencial para leituras e estudos de textos, manuais, livros e artigos relacionados ao nosso campo de profissão e de trabalho. E quantos fazemos isto? Todos os textos, manuais, livros e artigos da engenharia são áridos, para alguns são maçantes, são para outros longos e aparentemente sem foco ou objetivo.
Quem gosta de enfrentar artigos com matemática descritiva, sua física aplicada e sua química dissolvida? Quem acredita que se fez um primeiro computador, por exemplo, sem a aridez da matemática?
Tudo que existe de tecnologia alguém subiu montanhas de páginas, e várias montanhas de temas, e subiu nos ombros de gigantes, para sintetizar conceitos aplicáveis e exequíveis - técnica, econômica, ambiental e humanamente - para que pudéssemos usufruir de conforto, bem estar, saúde, comodidades, lazeres e segurança, através de um bem, produto, procedimento e mercadoria fabricados com boa qualidade de projeto para utilização jubilosa.
É comum alguém deparar com um manual, livro e artigo e verificar primeiro o número de páginas, e o tamanho das letras. Muitos ”acham” estes materiais longos e que não estão num enfoque objetivo. Dizem que estes "achantes" (os quais são os professores dos “achômetros”), nestes moldes, mostram deméritos associados a uma espécie de preguiça mental. E são os que não compreendem o enredo de um artigo, ou de uma página, quando não é da área ou do domínio do conhecimento em evolução. Sem desfeitas e sem ofensas.
Se em um artigo com segmentos que se completam, contínuo e contextual, tem leitor que acha longo e sem objetivo, imagine se numa formulação direta, que fosse escrita, não tivesse seus complementos técnicos e terminológicos? E poucos têm noção direta do objetivo de um artigo.
Se num contexto com todos os complementos se julga entediante, imaginemos a catástrofe cognitiva se for dividido e publicado em vários artigos, fragmentadamente, e que se dificultem os laços entre eles?
Se alguém lhe perguntar qual foi a condição de seu entendimento que julgou no trecho do texto ser a objetividade que você compreendeu? Você irá especificar exatamente, como alguém do setor (da área)? E que achou os outros complementos como "enche linguiça"?
Vejamos: eu lhe digo para trocar o pneu do carro! Como esta noção é da sabedoria convencional de todos, que possuem carros há algum tempo, o que entenderá um sujeito que agora passou a ter um veículo? Será só trocar a roda? E quais são todos os procedimentos lógicos corretos para trocar o pneu tirando a roda para consertá-lo?
1. Colocar o carro em situação segura na via,
2. Frear com o freio de mão,
3. Calçar uma das rodas com um toco de madeira ou pedra,
4. Abrir a mala,
5. Pegar o triângulo,
6. Pegar o macaco,
7. Pegar a chave de roda,
8. Pegar o step – roda-pneu reserva,
9. Colocar o triângulo como se recomenda,
10. Encaixar o macaco e torcer a alavanca,
11. Desparafusar levemente os parafusos da roda,
12. Suspender o carro para a roda a ser trocada,
13. Desparafusar totalmente os parafusos da roda,
14. Colocar ao chão os parafusos na ordem de retirada,
15. Retirar o conjunto da roda,
16. Levar para colocar na mala,
17. Encaixar o step,
18. Ajustar os orifícios dos parafusos, com aqueles do cubo de roda,
19. Colocar os parafusos na ordem em que os retirou,
20. Apertar levemente todos os parafusos,
21. Descer o carro com o reverso do macaco,
22. Apertar fortemente todos os parafusos,
23. Retirar o macaco debaixo do carro,
24. Recolocar o material nos devidos lugares na mala,
25. Pegar o triângulo de sinalização,
26. Colocar o triângulo no lugar correto, fechar a mala,
27. Descalçar a roda que estava com um toco de madeira ou pedra,
28. Retomar a viagem...
Então, são pelo menos, ou pelo mais, 28 ações para trocar a roda do carro.
Como todos nós somos especialistas em trocar rodas de carro, bastaria dizer: -"troque a roda do carro", que será o modo direto, claro e objetivo para esta tarefa. As 28 ações (por mais ou por menos) estão implícitas nesta rotina.
Para uma pessoa que não é proprietária de automóvel, só dizer "troque a roda do carro", não será suficiente. Então, ela terá que ler e entender um manual que explique isto ou resolver aprender com algum "explicador" dono de carro, como se troca a roda com pneu furado.
No primeiro caso temos o leitor absorvendo o conhecimento "diretamente" de um manual do fabricante do carro, com informações seguras e corretas.
No segundo caso temos um "explicador" ensinando alguém com certa preguiça, ou falta de tempo, querendo aprender rapidamente como se troca a roda de um veículo. E neste caso a fonte da informação já pode estar transferindo VÍCIOS e instruções que adicionam RISCOS aos procedimentos de troca da roda.
Um manual de engenharia é escrito com cerca de 1.500 palavras do idioma nativo, com o acréscimo da terminologia aplicável (pode-se chegar até 5.000 verbetes ao todo), e que envolve descrições matemáticas avançadas e complexas.
Esquemas e diagramas que merecem muita atenção e discernimentos. E isto é feito porque se escrevem manuais para leitura de público técnico diverso, mas escolarizado para entender e discernir o necessário, para não cometerem complicações operacionais, por exemplo.
Operários de atividades de engenharia chegam a dominar 1.500 termos do idioma nativo. Os técnicos e alguns engenheiros dominam de 1.500 a 3.000 termos do idioma e engenheiros seniores e cientistas atingem a faixa de 3.000 a 5.000 termos - ou verbetes.
Embora a linguagem deva ser simplificada, para o entendimento comum de todos os leitores habilitados, o mais importante na engenharia é descrever conceitos, técnicas e métodos por meio de croquis, numa linguagem de símbolos, diagramas e esquemas, necessária e suficiente para esclarecer a lógica dos mesmos, para a aplicação consciente e raciocinada.
É verdade tem gente que abandona a leitura de páginas e artigos assim, mas como diria Charles Darwin: - "o processo de seleção natural, entre os que querem aprender, e os que querem ter noções, filtra os interessados em evoluir dos que não estão sintonizados com a evolução própria".
E alguém acha que se inventou um celular fazendo leituras de "artigos frufru ou abobrinhas fantasiosas"? Quem imagina a convergência de conhecimentos tecnológicos, em conjunção com os atributos humanos, sociais e ambientais, para se criar algo concorrente parecido, ou melhor? Sem usar as marcas e patentes dos inventores originais? Uma empresa se tornará altamente competitiva se seus funcionários se dedicarem a leituras de material tecnicamente simplório?
Boa parcela dos países em desenvolvimento, ou subdesenvolvidos, apelam para a "cópia" de idéias, conceitos e inventos, com seus lastimáveis incidentes de pirataria ou plágio, com ações muito mal feitas de engenharia reversa.
É difícil criar sem aplicar os atributos do leitor e estudante universais nos hábitos dos profissionais. E sem isto, sem tais atributos, a base de conhecimento, contida num manual, num livro técnico ou num artigo, não ficará evidente (da fonte original) a nenhum profissional. E este não conseguirá operacionalizar as tarefas e atividades mais críticas, uma vez que não dominará o saber e nem terá raciocínio para a aplicação prática sem erros, falhas, defeitos e omissões.
Imagine se um sujeito resolve ler a Bíblia para salvar a alma. E a encara como texto longo e subjetivo? O que ela é realmente, em boa parte de seus textos. Mas, tem os Macedos e os RR Soares que a debulham para ganhar dinheiro. Salvar almas para eles é uma consequência, e não um objetivo.
Temos alta responsabilidade com nossas profissões e temos que competir, criar, inventar e produzir com muita leitura, com tenacidade, persistência e alta vontade de saber, aprender e aplicar as instruções válidas. Então, temos que salvar a alma técnica e ganhar dinheiro, como paradigma da profissão que exercemos, que lida com riscos e perigos.
“A velocidade de 100 a 150 palavras por minuto nas leituras se torna um parâmetro para verificação da capacidade de leitura de fiéis e crentes de religiões que usam a Bíblia como livro fonte de ensinamentos e reflexões. Logo uma pessoa com leitura de 150 palavras por minuto poderá ler a Bíblia, com 773.693 palavras ao todo, em até 86 horas, ou 86 dias de leituras de uma hora contínua - quase 3 meses ao todo. Serão os 3 meses mínimos para salvar nossas almas? E a prática dos princípios mais relevantes?”
Os manuais de engenharia industrial (meu campo) são assim, por mais que roguemos por objetividade, temos que aprender, quase sozinhos (como autodidatas), com tenacidade, persistência e alta vontade de saber, aprender e aplicar as instruções válidas - materializando boas coisas no mundo REAL. São em grande parte os complementos de um método, ou de uma técnica, que nos ajudaram a não fazer DESGRAÇAS nas fábricas...
Temos que trocar todas as rodas de todos os "carros tarefas" do dia-a-dia, na rotina e nas estratégias, sem nos abstermos de ler, ler e tornar a ler, com perfeito domínio lógico de tudo.
Alguns de nós lêem mais de 3 ou 5 vezes o mesmo texto - se errarmos a máquina quebra, pode explodir ou incendiar, pode matar seus operadores e os vizinhos da fábrica. Nossos produtos e mercadorias poderão levar defeitos nocivos ou letais aos usuários e consumidores.
Temos que evitar a preguiça mental...
Por isso é que os países mais avançados perseguem a falha zero ou o zero defeito - com produtividade, qualidade e economia - confiabilidade total. Mas, seus profissionais lêem e estudam muito, depois de formados e em plena carreira.
Quantos de nós lemos artigos diariamente, ou os manuais do local de trabalho, dos equipamentos e das ferramentas que utilizamos? Quantos de nós lemos artigos com muita atenção, em vista de sua "aplicabilidade prática"? E quantos livros e artigos nós lemos por ano e em quais temáticas?
Complemento:
A Acumulação Individual de Conhecimentos se procede no exercício profissional de uma atividade, em função da dedicação do indivíduo, na manutenção de sua proficiência. A tabela a seguir nos apresenta uma estimativa, para um “bom profissional”, na aquisição de conhecimentos, quanto ao número de livros lidos:
Tabela 1: Tempo de Experiência e Número de livros lidos.
1. Tempo de Experiência (em anos) 10, Número total de livros lidos (em média) (1) 150, Volume estimado de conteúdo em 250 P e 36 L/P (2) 37.500 P e 1.350.000 L, Ganho relativo % Base 100, 100;
2. Tempo de Experiência (em anos) 20, Número total de livros lidos (em média) (1) 294, Volume estimado de conteúdo em 250 P e 36 L/P (2) 73.500 P e 2.646.000 L, Ganho relativo % Base 100, 196;
3. Tempo de Experiência (em anos) 30, Número total de livros lidos (em média) (1) 414, Volume estimado de conteúdo em 250 P e 36 L/P (2) 103.500 P e 3.726.000 L, Ganho relativo % Base 100, 141;
4. Tempo de Experiência (em anos) 40, Número total de livros lidos (em média) (1) 510, Volume estimado de conteúdo em 250 P e 36 L/P (2) 127.500 P e 4.590.000 L, Ganho relativo % Base 100, 123;
Notas:
1. Média por ano: 10 anos = 15 livros, +10 anos = 12 livros, +10 anos = 10 livros e +10 anos = 8 livros. A variação da média por ano representa o efeito do desgaste humano com a idade – mas confere uma velocidade de leitura capaz de boa assimilação e prazer. E a condição seletiva do leitor mais velho.
2. Livro médio com 250 páginas = P e 36 linhas por página = L/P.
3. Cada linha tem em média 10 palavras.
4. Tempo médio para leitura de um livro (condição itens 1, 2 e 3) em 8 horas, onde 15 livros/ano em 120 hs, 12 livros/ano em 96 hs, 10 livros/ano em 80 horas e 8 livros/ano em 64 hs.
5. Um cidadão brasileiro mediano lê cerca de 2 livros por ano, ao passo que um americano, ou europeu, lê em média cerca de 7 a 9 livros por ano – fatores influentes: hábito da leitura, preço baixo, valorização do conhecimento, muitos títulos, muitas livrarias e tempo aprazível para leitura.
6. Se quem estuda erra, quem não estuda erra mais ainda.
7. Errar é Humano para os competentes! Mas, Herrar é Umano para os incompetentes!
Grosso modo, um “bom profissional” com 40 anos de experiência, tem 3,40 vezes mais conteúdo de conhecimento do que um com 10 anos, cerca de 1,73 vezes mais do que um com 20 anos e aproximadamente 1,23 vezes mais do que um com 30 anos. Isso, fora da contabilidade da leitura dos manuais e artigos técnicos internos, disponibilizados no exercício de sua profissão. E as vivências materiais e humanas em experimentos e trabalho.
Fonte: Administradores
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