Muito do que passa por “ciência” em administração não passa
de instruções feitas por quem nunca usou de verdade os seus produtos
“- Administração é igual a sexo. Você pode ler todos os
livros e revistas sobre o assunto, mas se nunca fizer, vai morrer sem saber o
que é.” Um famoso coach de executivos certa vez
me confidenciou em um tom meio baixo durante uma conferência.
Essa é provavelmente uma das maiores verdade que li ou ouvi
sobre o assunto. Não estou dizendo que livros e revistas não importam (levando
em conta que escrevi 6 livros e possuo uma biblioteca com uns 700, no mínimo
seria uma declaração meio estranha).
Nenhum livro, palestra ou teoria vai te mostrar a sensação
de lidar com o primeiro cliente, com a primeira vez que você acha que as contas
não vão fechar, com uma decisão de contratação ou demissão. Você pode ter lido
500 livros sobre como contratar pessoas, mas fazer isso pela primeira vez é
algo completamente diferente. É como o adolescente que passou a vida
colecionando aquele tipo de revista ou navegando escondido na Internet, como as
meninas que comentam umas com as outras e sonham sobre aquele momento. Não
importa o quanto você falou ou leu sobre o assunto: A hora em que a situação
está ali, à sua frente, o modo como você vê as coisas mudam para sempre.
Completar, participar ou terminar um negócio nos dá uma sensação que nenhum
livro (ou mesmo escrever um) jamais vai te dar.
Esse é meu maior problema com boa parte dos integrantes do
mundo acadêmico. Basta citar as fontes certas, de preferência um monte delas, e
pode-se dizer e ensinar qualquer coisa. Muito do que passa por “ciência” em
administração não passa de instruções feitas por quem nunca usou de verdade os
seus produtos. É como se um exército de virgens montasse um curso e com base em
intensivos estudos em revistas e textos, dissesse: “É assim que se satisfaz uma
mulher”.
Teimosamente, nunca me afastei do mundo real, ao contrário
de não sei quantas recomendações de acadêmicos mais respeitados. As boas
experiências me trouxeram aprendizado, resultados e algo em que me apoiar. As
más renderam boas histórias para contar. A prática enriquece o mundo
intelectual, e os estudos enriquecem a prática.
De todas as áreas, penso que a Medicina é um exemplo a ser
seguido. Impossível se formar médico sem passar pelo período obrigatório
vivendo a realidade de um hospital. Por mais que se faça críticas à formação de
médicos, é um mundo de distância da maioria dos cursos de Administração, em que
os alunos passam o curso todo conhecendo a realidade através de textos e casos.
Há algumas faculdades tomando a dianteira, tentando
aproximar mais os alunos da prática nas empresas e outras organizações. Ainda
assim, esse movimento ainda está começando e se restringe a algumas ilhas de
excelência. Com base em minha experiência no mundo acadêmico, infelizmente não
acredito que os virgens abandonarão as salas de aula tão cedo.
Que fazer, então? Estude, leia e se atualize o quanto puder.
Mas nunca confunda teoria com realidade. Nunca se apaixone por uma ideia ou
pelo seu próprio intelecto. Sempre que possível, mergulhe no mundo real,
aprenda, volte para a sala de estudos. Não tenha medo de errar, mas procure
aprender com os seus erros. Não confunda “segurança” com não se arriscar. Na
vida real é preciso assumir riscos.
Afinal, você pode ser um amante melhor com o Kama Sutra, mas
se você se prender somente aos livros, nunca saberá o que está perdendo.
Fonte: Administradores


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