sábado, 18 de janeiro de 2014

Espaço do Administrador - Um pouco mais sobre Mary Parker Follett




Mary Parker Follett  nasceu em Quincy, no ano 1868  foi uma autora norte-americana que tratou de diversos temas relativos à administração, na chamada Escola das Relações Humanas ficando conhecida como a “profetisa do gerenciamento”.

Formou-se em filosofia, direito, economia e administração pública e foi autora de três livros.
Suas idéias foram muito revolucionárias para sua época, e, em boa parte, continuam sendo até hoje desafiantes. Ela foi capaz de enxergar através do Homo economicus, dos pensadores do Taylorismo, e propor que o ser humano somente se desenvolve quando carregado de responsabilidade.

Com suas teorias, Follett deu maior importância às relações individuais dos trabalhadores e analisou seus padrões de comportamento.

Follett viveu em uma época em que o Taylorismo era dominante. Tempo em que idéias de figuras como Fayol, Frederick Taylor e Henry Ford dominavam o mundo capitalista. Nesse contexto de extrema valorização da produção, as idéias de Follett foram ofuscadas, ganhando destaques anos depois com o surgimento de uma nova mentalidade, que deu origem a Escola das Relações Humanas
Interessou por problemas de administração industrial, mesmo porque, na virada para o século XX os problemas sociais provocados pela industrialização faziam-se sentir fortemente em Boston. A última década do século XIX marcou, nos EUA, um longo período de desordem financeira e crises econômicas, sendo o desemprego na indústria um de seus efeitos mais dramáticos, Mary Parker Follett discursou diversas palestras ao redor do mundo, principalmente entre 1925 e 1929, ano da quebra da bolsa de Nova Iorque.

Mary Parker Follet conseguiu a liberação noturna das escolas, onde formaram-se centros educacionais e de lazer para as crianças e adolescentes pobres da cidade. Para tanto fundou o Comitê para o Uso extensivo dos Prédios Escolares. Os contatos desenvolvidos com as indústrias, através de seus centros permitiu que, mesmo sem ser uma administradora Mary P. Follet começasse a escrever sobre questões de organização industrial.

Em 1924, apresentou seu primeiro trabalho sobre o tema, numa conferência organizada pelo Bureau de Administração de Pessoal de Boston. Alguns anos depois esteve em Londres, mas suas conferências em Oxford não despertaram grande atenção. Voltou outras vezes àquela cidade, onde passou a residir a partir de 1928 até sua morte, cinco anos mais tarde.

Em certo sentido,as concepções de Mary P. Follet dão continuidade às teses da Escola Clássica, na medida em que admitem a existência de princípios gerais aplicáveis tanto à indústria como a qualquer outra forma de organização. No entanto, incorporando em suas análises uma abordagem psicológica, prepara de certa forma o terreno para as concepções da Escola de Relações Humanas.

Sua obra é pouco difundida no ocidente, talvez, por que na época que foram propostas, o Taylorismo ainda estava bem ativo. No oriente, seus estudos são mais evidentes na administração das empresas, teorias as quais estiveram no mínimo 40 anos a frente de seu tempo e algumas que até hoje mostram-se ainda incompatíveis com o nível de desenvolvimento administrativo adotado nas empresas.

Ela estava convencida de que, até aquele momento, a administração das empresas não havia recorrido aos conhecimentos brindados pela psicologia, não apenas para explicar o comportamento dos trabalhadores, como para obter um melhor desempenho destes nos sítios de trabalho.

A partir deste diagnóstico geral, Mary P. Follet formulou duas perguntas fundamentais:

1) O que se pretende que as pessoas façam? e,
2) Como controlar e orientar cientificamente a conduta humana no trabalho?

Como o objetivo da administração é que os empregados trabalhem no sentido de determinados fins, é necessário que a gerência compreenda as pessoas e os agrupamentos que se encontram no interior de uma fábrica. Para que isso possa ser realizado, Mary P. Follet estabeleceu quatro princípios de organização:

1) Contato direto: recomendava a presença direta de chefes e gerentes nos locais onde o trabalho se realizava;
2) Planejamento: recomendava a participação de todos os envolvidos numa ação desde o momento em que a mesma era planejada;
3) Relações recíprocas: todos os elementos de um conjunto deveriam estar inteiramente inter-relacionados;
4) Processo contínuo de coordenação: toda decisão é um momento de um processo. Ela se torna importante no contexto desse processo. Uma pessoa deve ser considerada importante na medida em que intervém para a tomada de decisão, dentro de um processo geral, e não porque ocupa determinada posição na hierarquia.

Este último princípio de organização gerou o conceito de Law of the Situation , isto é, a Lei da Situação, segundo a qual, nas relações entre chefes e subordinados, não existem diretrizes gerais e universais para o cumprimento de ordens. Tudo dependerá da situação ou do contexto em que tais ordens são emitidas. Ou melhor, é a própria situação analisada objetivamente que determina quais ordens, e de que maneira, devem ser cumpridas, e não elementos subjetivos, como a vontade pessoal de um chefe.

Esta lei permitira a unidade e a integração nos locais de trabalho, na medida em que uma pessoa não daria ordens à outra, mas ambas receberiam ordens da situação.

Outra concepção importante de Mary P. Follet está relacionada com a solução dos conflitos. Para ela, os conflitos entre as pessoas não necessariamente trazem conseqüências negativas para uma organização. Tais conflitos poderiam ser resolvidos criativamente, de tal forma a fazer com que a organização evoluísse e não permanecesse estancada por um impasse.

Morreu em 1933, sete anos depois da morte de sua companheira Isobel Briggs com qual viveu  mais de 30 anos.


Carina Silva,  Momento do Administrador, 18 de janeiro 2014.





Um comentário:

  1. Muito legal mesmo este, principalmente porque nunca tinha ouvido falar de Mary P Follet. Vou pesquisar mais sobre ela.

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