É preciso retomar os estudos das obras fundamentais que
constituíram o estudo da Administração como ciência, técnica e arte. Basta de
confundir Administração com livros de auto-ajuda e com subliteratura de gestão
Essa é uma questão que vem ganhando força à medida que
indago alunos de Administração em palestras que realizo por todo o Brasil.
Lamentavelmente, pouco se conhece das obras escritas pelos fundadores da
Ciência da Administração, de Taylor a Drucker, de Ford a Mintzberg, de
Guerreiro Ramos a McGregor, e por aí vai. Isso sem falar em inexcedíveis obras
de outras disciplinas, como Economia e Sociologia que também têm, por exemplo, em
Adam Smith e Max Weber, respectivamente, ensinamentos que contribuem para
configurar o pensamento administrativo.Procurando entender as causas desse
problema, descubro que o volume de visitas às bibliotecas é ridiculamente
pequeno para leitura. “Esses ambientes são mais utilizados para trabalhos em
grupo ou leitura de textos”, me garante a bibliotecária de uma faculdade. Um
professor, atento observador do movimento no campus, tem a sua tese: “Os alunos
chegam corridos do trabalho depois de enfrentar horas no trânsito, entram em
salas de aula esbaforidos e depois correm para casa para começar tudo novamente
no dia seguinte. Não têm tempo para leituras além dos textos compilados nos
quais as provas vão se basear”.
O mais estarrecedor talvez seja um depoimento de que a maior
parte das faculdades de Administração procura manter no acervo de suas
bibliotecas livros de autores que publicaram nos últimos cinco anos. “Fica mais
atraente no momento da visita do MEC à instituição de ensino”, atesta um
coordenador de curso que também atua como avaliador do Inep/MEC. É triste saber
que muitos dos futuros administradores terão lido não mais do que duas ou três
páginas dos tratados escritos por Maslow, Herzberg, Chester Barnard, Blanchard,
Alfred Sloan, Robert Blake, dentre outros inúmeros mestres da
Administração.Assim ficam esses profissionais limitados pela visão estreita e
fragmentada que lhes é apresentada por diversos livros de Introdução à
Administração e de TGA que, portanto, lhes roubam a oportunidade da imersão reflexiva
e da elaboração de novas perspectivas a partir dos experimentos e construções
apresentados por autores clássicos. É verdade também que ao lermos os clássicos
e os bestsellers vamos encontrar nestes últimos muitas ideias que nos remetem
aos estudos desses preconizadores da Ciência da Administração, embora nem
sempre referenciados pelos novos autores.Para contribuir com a eliminação ou
redução desse abismo intelectual o CRA-RJ disponibiliza em seu site,
gratuitamente, diversos desse livros de autores clássicos da Administração que
apesar de escritos há algumas décadas, ainda são muito atuais e úteis aos
estudantes e profissionais de administração. Em verdade, textos assim é que dão
conteúdo e cientificidade à Administração.
Fonte: Administradores
Carina
Silva, Momento do Administrador, 31 de dezembro 2013.
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