Para alcançar o flow, é necessário ter objetivos claros e
receber um feedback relevante da tarefa que estamos desempenhando: saber o que
fazer e sua importância para a empresa
Quando Stefan Falk era vice-presidente da Ericsson, decidiu
aplicar os princípios do flow para conseguir o compromisso de seus empregados.
A experiência foi tão satisfatória que, quando em 2003 foi trabalhar à Green
Cargo, uma das maiores empresas de transporte e logística da Escandinávia,
desenvolveu uma cultura corporativa baseada no flow.
Um ano após sua implementação, a Green Cargo aumentou
substancialmente seus lucros. Hoje, o livro Flow: The Psychology of Optimal
Experience, escrito por quem é considerado pai do flow, é leitura obrigada para
todos os diretores da empresa.
Segundo Mihaly Csikszentmihalyi, seu autor, o flow e uma
profunda sensação de agrado e satisfação que podemos experimentar realizando
qualquer atividade, também no trabalho.
Os benefícios do flow para a empresa são evidentes: ter
empregados satisfeitos melhora o ambiente de trabalho, aumenta a produtividade
e, por conseguinte, otimiza os resultados econômicos.
Dimensões do flow
O conceito "flow" (fluir, em inglês) surge no
âmbito da psicologia positiva.
Para alcançar o flow, é necessário ter objetivos claros e
receber um feedback relevante da tarefa que estamos desempenhando: saber o que
fazer e sua importância para a empresa.
Por outro lado, temos de sentir que existe um equilíbrio
entre o desafio profissional a que nos enfrentamos e nossas capacidades para o
superar.
A experiência do flow parte de uma concentração total na
atividade que está sendo realizada, que permite efetuar as ações de maneira
espontânea. Atenção e ação fluem, pelo qual podemos dar resposta a demandas
cada vez mais difíceis com a mesma eficácia e sem perceber que estamos realizando
um grande esforço.
Sentimos que temos o controle sobre nós próprios e isto nos
libera do medo ao fracasso, já que percebemos que estamos desempenhando a
atividade da melhor maneira.
Perdemos ainda a noção de nosso "eu social" (nosso
cargo, títulos acadêmicos, comparação com os demais, etc.) e ganhamos clareza
mental e intuitiva.
Empregado feliz, empregado eficiente
Quando alguém experimenta o flow, percebe que controla seu
trabalho, o qual melhora sua eficácia e pode ter tradução em um aumento da
produtividade da empresa.
Além disso, nesse momento de máxima satisfação, nos sentimos
felizes, cheios de energia, e este estado de ânimo positivo se prolonga fora da
jornada laboral.
Por outro lado, um ambiente de trabalho baseado nos
princípios do flow estimula a espontaneidade e a criatividade individual: os
empregados se atrevem a fazer sugestões construtivas e a buscar novas formas de
fazer as coisas para melhorar sua eficácia.
Conscientes destas vantagens, cada vez mais organizações
integram os princípios do flow em sua cultura corporativa, já que, na
atualidade, a inovação e a criatividade são essenciais para alcançar o sucesso.
Efeito cascata
Um requisito básico para criar um ambiente de trabalho
"flow-friendly" é que os empregados percebam um equilíbrio entre suas
capacidades e os desafios laborais a que se enfrentam, bem como os outorgar
flexibilidade para poderem ser proativos e organizarem autonomamente suas
tarefas.
É importante ainda que percebam oportunidades de melhora,
segundo explica Utho Creusen, que foi diretor de recursos humanos do grupo
Media-Saturn, em que estão integradas Media Markt e outras marcas varejistas.
Em organizações muito grandes, o melhor é começar pela alta
direção, como promoveu Stefan Falk em sua incorporação à Green Cargo.
Assim, os diretores da empresa foram encorajados a negociar
acordos trimestrais com seus colaboradores, já que isto lhes permitia
estabelecer objetivos claros.
Avaliavam, a cada mês, os avanços do trabalho em uma
reunião, de modo que todos os empregados recebiam um feedback direto e claro,
que é outra das premissas básicas para experimentar o flow.
Quando os diretores estão convencidos da importância do
flow, encorajam os empregados a tomarem a iniciativa e converterem seu trabalho
em um desafio contínuo que os permita desenvolver suas fortalezas. E, segundo
explicam Alberto Ribera e Lucía Ceja, isto provavelmente vai ter um efeito
cascata em toda a organização.
Três chaves para experimentar o flow
Para integrar o flow em nossa rotina, devemos conhecer
nossas fortalezas e encontrar a forma de obter o máximo delas, sendo proativos
e buscando novos desafios a cada dia.
Identificar nossas fortalezas. Podemos conseguir isto
através de um exame introspectivo, em que reflitamos sobre as fortalezas que
nos tornam bem-sucedidos, e através de análises externas, em que nossos
chegados nos indiquem situações em que usamos o máximo de nossa potencialidade.
Em ambos os casos, é útil compor nosso autorretrato em termos positivos a
partir da informação recolhida.
Ser proativo. Os que experimentam o flow no trabalho
percebem seu emprego como uma "chamada" e sentem que, com ele,
proporcionam valor ao mundo. Estas pessoas são apaixonadas por aquilo que fazem
e identificam continuamente novos desafios que as permitam usar suas
capacidades ao máximo. Não se limitam a fazer o que se espera delas, mas sim
tentam ir mais além: são curiosas e buscam novas responsabilidades e formas de
fazer melhor seu trabalho.
Concentrar a atenção. Configuramos nossa vida em função do
que concentra nossa atenção.
Normalmente, dedicamos mais atenção àquilo de que gostamos,
mas esta relação também funciona ao contrário: conseguimos gostar daquilo ao
qual prestamos mais atenção. Por isso, uma boa estratégia para aumentar nossas
experiências de flow consiste em investir energia naquilo que consideremos que
pode potenciar nosso desenvolvimento, embora, no início, não nos interesse
especialmente.
Fonte: Administradores
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