O exercício de diagnosticar perfis, portanto, requer
cuidados, ainda que seja válido como oportunidade de reflexão
Entender e usufruir de nosso potencial são duas ações
bastante difíceis, especialmente porque dependem de um grau de autoconhecimento
elevado, bem como de um norte (princípios e valores) muito claro. O exercício
de diagnosticar perfis, portanto, requer cuidados, ainda que seja válido como
oportunidade de reflexão.
Assim, minha intenção neste texto não é generalizar, nem
tampouco rotular ninguém, mas apenas discutir de forma mais profunda o
comportamento humano diante do eterno conflito entre desejos, necessidades,
expectativas e pressões sociais. Em uma rápida conversa com um mentor,
identificamos dois grupos de pessoas, a saber:
Pessoa "IA"
Aquele tipo que costuma ficar preso no passado e costuma
falar coisas tipo: "Na sua idade, eu corria 10km em 40 minutos" ou
"Eu fazia cada coisa legal antes de trabalhar nesta empresa".
Trata-se de um sujeito predominantemente defensivo, desconfiado da capacidade
dos demais, especialmente se um dia ele já foi bom no tema em discussão. Acaba
que fica sempre difícil executar tarefas ao seu lado.
Esse perfil geralmente comemora pouco as vitórias dos demais
por sustentar um desejo de ter sido mais disciplinado e persistente nas suas
tarefas de excelência do passado. A sensação que tenho é que dói saber que há
capacidade (a realização passada prova isso), mas pouca motivação.
Pessoa "SE"
Aquele tipo que depende de algum evento (ação, pessoa,
aprovação etc.) para se mexer. É um sujeito que justifica a inércia com um
acontecimento. Suas falas costumam ser "Se eu não tivesse me casado tão
cedo, teria aberto meu próprio negócio" ou "Quando eu finalmente
conseguir ganhar mais, vou começar a guardar dinheiro" e por ai vai. Ou
diz "Sim" pra tudo, ou o contrário. O equilíbrio sempre depende de
algo "fora de seu controle".
Esse perfil vive ancorado em expectativas dos outros, o que
gera angústia e ansiedade, ainda que não aceite (ou até mesmo refute!) essa
realidade. Tratam a falta de ação na exploração do próprio potencial como
produto do sistema, tendendo sempre a criar desculpas e justificativas para
metas não alcançadas. São vítimas da vitimização, que por sua vez é parte da
cultura predominante no modelo de inclusão pelo consumo.
Qual seria o perfil ideal?
Que tal aquele tipo que responde aos seus desejos e/ou
problemas com otimismo, ações e atitudes? Ele diz "Sim" para o que
precisa ser feito e sabe definir e respeitar prioridades, ainda que isso cause
certo desconforto - temporário, é preciso frisar - a si mesmo e aos mais
próximos.
O ponto chave é que a pessoa "OK" é capaz de dizer
"Não" com a mesma personalidade e diligência com que diz
"Sim", o que é essencial para manter em dia o senso de urgência e,
consequentemente, a lista de afazeres e responsabilidades do dia a dia.
Costumam ser bons ouvintes, porque afinal gostam de serem ouvidos. Além disso,
lidar com pessoas não é visto como uma tarefa, mas como parte do processo.
Ora, todos temos momentos e decisões tomadas com base nesse
“perfil ideal”, mas agir assim o tempo soa um pouco artificial demais, não é
mesmo?
Generalizações merecem cuidado!
O ser humano perfeito, direto dos livros de autoajuda, não
parece factível. Mas deve ser perseguido se quisermos ir mais longe, creio eu –
e viver majoritariamente, e inflexível, como “IA” ou “SE”, bem, não vai ser
muito útil.
Os perfis apresentados aqui podem se misturar e aparecer em
maior e menor grau em todos nós. Não tenho nenhuma pretensão de batizar tais
"descobertas", mas como venho enfrentando certa dificuldade com os
grupos "IA" e "SE" em meu dia a dia como empresário, achei
por bem abrir a discussão para aprender mais e melhor sobre o tema.
Você já vivenciou alguma dessas situações? Outros perfis,
derivados ou não, devem constar de uma avaliação que envolva principalmente
comportamento e atitude diante de desafios? Gostaria de sua opinião para
aprimorar a conversa. Obrigado e até a próxima.
Fonte: Administradores
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