Uma pessoa com uma atitude mental fixa supõe que o sucesso
está baseado no talento, e não no trabalho
Elogiar a inteligência das crianças, atletas ou funcionários
pode prejudicar sua motivação e o seu desempenho. O foco do elogio deve
concentrar-se no aprendizado que o processo gerou, e não no resultado
alcançado. É sobre essa premissa que a renomada professora de Stanford Carol S.
Dweck escreveu a sua obra prima chamada Por que algumas pessoas fazem sucesso e
outras não.
Mas afinal, por que elogiar a inteligência pode prejudicar a
motivação e o desempenho das pessoas?
É claro que elas gostam de ser elogiadas, isso as estimula,
as faz brilhar – porém, apenas momentaneamente. No instante em que encontram
uma dificuldade, a confiança desaparece e a motivação desce ao mínimo. Se o
sucesso significa que são inteligentes, nesse caso o fracasso significa que são
burras.
Em vez de elogiarmos a inteligência ou o talento delas,
devemos admirar e apreciar seus esforços e suas realizações.
Para chegar a essa conclusão, o primeiro e fundamental passo
é compreender o código de sua mente. Dweck afirma que todos nós acabamos
adotando uma de duas atitudes mentais, conforme uma combinação de tendências
inatas e do ambiente: uma atitude fixa ou de crescimento.
Uma pessoa com uma atitude mental fixa supõe que o sucesso
está baseado no talento, e não no trabalho. E ela define o talento como algo
que não muda. Graças a Deus ou à biologia, você tem o que tem e pronto. Quando
você chega a esses limites, o jogo acaba. Você não pode se sair melhor, criar
algo mais legal, escrever, pintar ou criar em um nível inédito e mais elevado.
A atitude mental fixa é muito comum na musica, nos esportes,
nas artes e na publicidade, em que a habilidade criativa é frequentemente
considerada um “dom”.
Para um criador com uma atitude mental fixa, fracassar em um
teste ou “não estar à altura” é uma sentença de morte porque, em sua mente, não
há nada que ele possa fazer. Empenhar-se em algo é fútil – você tem ou não tem
a habilidade. O resultado é que, no momento em que você chega ao limite do que
vem facilmente e começa a sentir o gosto de ser julgado como um não prodígio,
você se afasta.
A oportunidade para o julgamento começa a parecer dolorosa,
e você começa a perceber que tentar vencer o desafio é um esforço fatalista
destinado ao fracasso.
Por que se incomodar em pintar, escrever, dançar ou se
arriscar em um empreendimento? Você cria desculpas para não tentar.
Uma pessoa com uma atitude de crescimento, por um lado,
supõe que o trabalho é o dinamizador do sucesso e coloca menos importância na
genética como fator determinante. Quando encontra um teste ou uma oportunidade
de ser julgada, é mais provável que essa pessoa veja a situação como mais uma
oportunidade de conhecer qual é a condição atual de seu conhecimento e de sua
habilidade e, a seguir, usar essa informação para orientá-la e motivá-la para
trabalhar até o nível seguinte.
Para a pessoa com uma atitude mental de crescimento,
situações de julgamento, avaliação ou teste, sejam públicas ou particulares,
podem não ser boas, mas são uma forma importante de conseguir melhorar mais
rápido e ter mais sucesso. Essas pessoas não apenas suportam o julgamento, mas
também atraem tais oportunidades.
• O código da mente no âmbito familiar
Analisando a linguagem que um pai usa para elogiar uma
filha, geralmente são ditas frases como “que desenho lindo, você tem muito
talento”, ou “parabéns pela nota na prova de matemática, você tem talento para
os números”.
Aparentemente, tais comentários soam inofensivos, mas são
exemplos clássicos da programação involuntária oferecida aos nossos filhos para
adotar uma atitude mental fixa, limitando sua habilidade percebida de aprender além
do que é fácil para eles.
Em vez de enfatizar o talento e a habilidade, procure dizer
algo como “estou orgulhoso por você ter se empenhado para fazer X”. Enfatize
menos o resultado e mais o processo, referindo-se às provas, aos testes e às
competições como oportunidades de ver em que nível você está e para aprender
como usá-los para orientar seu trabalho dali pra frente.
• O código da mente no mundo dos esportes
"É possível perder jogos, mesmo saindo vitorioso, bem
como é possível ganhar jogos, mesmo saindo derrotado. Ganhei? Perdi? Essas são
as perguntas erradas. A pergunta correta é: Eu me esforcei ao máximo?"
John Wooden
Outra forma pela qual as pessoas de código mental fixo
procuram restabelecer sua autoestima após um fracasso é atribuir a culpa a
alguém ou arranjar desculpas. Nada é culpa delas.
John Mcenroe, um famoso tenista americano, era reconhecido
por suas bizarras desculpas. Certa vez perdeu uma partida porque estava com
febre. Outra, porque teve dor nas costas. Uma vez perdeu um jogo contra um
amigo porque estava apaixonado e ele não; outra, porque alimentou-se muito
perto da hora do jogo. Em uma partida fazia muito frio; em outra, estava muito
quente.
Ainda nos esportes, John Wooden, o lendário técnico de
basquete, diz que ninguém pode ser considerado fracasso enquanto não começa a
culpar os outros, ou seja, o seu aprendizado começa a ficar comprometido a
partir do momento em que você começa a negar os seus erros.
O código da mente no mundo dos negócios
O consultor Jim Collins, relata em seu livro Empresas feitas
para vencer, um tipo de líder que em todos os casos havia levado a firma à
excelência. Não eram os tipos carismáticos, místicos, que destilavam ego e
talento autoproclamado.
Eram pessoas discretas, que faziam perguntas constantemente
e tinham coragem de enfrentar as respostas mais brutais, isso é, olhar de
frente os fracassos, inclusive os próprios, sempre mantendo a fé no sucesso
final.
Esses líderes de código mental construtivo, apresentavam as
seguintes características:
• Não procuram constantemente provar que são melhores do que
os demais e não reivindicam crédito pelas contribuições de outras pessoas, nem
prejudicam os demais a fim de parecerem poderosos.
• Estão sempre tentando aperfeiçoar-se. Cercam-se das
pessoas mais capazes que conseguem encontrar e procuram saber com franqueza
quais as qualificações de que eles mesmos e suas empresas necessitarão no
futuro.
Em contramão, os líderes de mentalidade fixa se preocupam
acima de tudo com a sua reputação de grandeza global, tanto que frequentemente
preparavam a falência da firma quando seu tempo na direção terminava.
Estes, em vez de formar uma equipe extraordinária de
gerentes, se baseavam na ideia de que os grandes gênios não precisam de grandes
equipes, precisam apenas de subordinados para executar suas ideias brilhantes.
Eles se consideram deuses que nunca se enganam.
Em todas as biografias de CEO’s com código mental
construtivo sempre há uma preocupação com o desenvolvimento pessoal e uma
extensa discussão sobre o assunto, enquanto os de código fixo exaltam o seu
brilhantismo solitário, colocando o seu ego à frente do bem-estar da empresa.
• Conclusão
A opinião que você adota a respeito de si mesmo afeta
profundamente a maneira pela qual você leva sua vida. Nem sempre as pessoas que
começam a vida como as mais inteligentes acabam sendo as mais inteligentes.
Enquanto para as pessoas de mentalidade fixa tudo gira em
torno do resultado, ou seja, se você fracassar – ou se não for o melhor – tudo
não passou de desperdício, as pessoas de mentalidade construtiva dão valor ao
que fazem independentemente do resultado. Talvez não tenham encontrado a cura
do câncer, mas a busca teve um significado profundo.
Com a prática, o treinamento e, acima de tudo, o mérito,
somos capazes de aperfeiçoar nossa atenção, nossa memória e nossa capacidade de
julgamento, tornando-nos literalmente mais inteligente do que éramos antes.
Qualquer pessoa será capaz de fazer qualquer coisa? Na
verdade, não sei. No entanto, creio que as pessoas são capazes de fazer muito
mais do que parece à primeira vista.
Como gerentes, pais, professores, técnicos, ou qualquer
outro cargo de liderança, nossa missão é desenvolver o potencial das pessoas,
então mãos a obra para levar a cabo essa missão.
Fonte: Administradores
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