O MÉTODO DEMING DE ADMINISTRAÇÃO:
a visão de um mundo
melhor.
Toda organização tem sua própria história e, na medida que
se estrutura, adquire identidade, tradições e padrões de comportamento. E, para
alcançar seus objetivos, precisa ser organizada e administrada, por meio de
processos e instrumentos eficazes, hábeis de materializar suas ações.
Diante deste imperativo, é mister que novos instrumentos de
ação sejam incorporados nas atividades das empresas. É necessário que novos
princípios e filosofias sejam adotadas e uma delas é a filosofia da qualidade
que desponta para contribuir, efetivamente, no sentido de acelerar o processo
de desenvolvimento das organizações. A aplicação desta filosofia pode trazer
muitas vantagens tais como: melhoria no ambiente de trabalho, na qualificação
dos empregados, no grau de comunicação interna, nas relações de trabalho,
enfim, pode acarretar lucros para todo o corpo social da organização.
Dentro desta perspectiva, nasce a oportunidade de trabalhar
a filosofia da qualidade nas bibliotecas universitárias. Para tanto, é preciso
levar em consideração a cultura da instituição, revisar os pressupostos a
respeito de "como obter qualidade" e, finalmente, estruturar o
programa de qualidade escolhido de forma crítica, não só a partir das
experiências de outras empresas, mas, especificamente, da realidade contextual
e da "leitura" do ambiente organizacional que desejamos reformular.
CONHECENDO O PERFIL DOS CATORZE PONTOS DE DEMING
O compromisso da organização com sua missão de serviços,
concretizado nas ações empenhadas em anteceder, atender e exceder as
expectativas e necessidades dos clientes é um referencial para aplicarem os 14
Pontos de Deming, na redução dos seus problemas práticos e na busca da
verdadeira espiral da qualidade. Os princípios de Deming são 14 forças
poderosas que, apontadas para a mesma direção, podem determinar o nível de
sucesso e a excelência duradoura de seus serviços.
01. Estabelecer constância de finalidade para melhorar o
produto e serviço
Este ponto é fundamental para uma empresa que pensa no
futuro. Para tanto, exige: inovação, pesquisa e educação, constante
aperfeiçoamento do produto e serviços e manutenção dos equipamentos e
instalações. Este princípio possibilita à biblioteca universitária o
planejamento adequado dos serviços e produtos dentro de uma nova ótica, ou
seja, prever, ter uma visão holística, atender às necessidades dos clientes.
Assim, o esforço da biblioteca universitária em embutir a busca da qualidade na
sua política organizacional requer uma avaliação da sua missão em termos de
comprometimento e fidelidade. Deverá repensar e revitalizar seus objetivos.
Redescobrir o sentido de suas atividades e executá-las com responsabilidade.
02. Adotar a nova filosofia
Diz respeito as exigências no controle da produção. A
qualidade não acontece por si só. Ela deve ser construída no dia-a-dia da
empresa. A biblioteca universitária ao se orientar por este princípio deve
adquirir, evidentemente, uma nova postura administrativa; precisa acordar para
o desafio, ter responsabilidades e assumir a liderança para melhorar. Através
de uma nova filosofia, ela poderá redesenhar suas atividades e seus processos;
simplificá-los, agilizá-los e torná-los mais eficazes, a fim de identificar e
satisfazer as necessidades dos seus clientes.
03. Acabar com a dependência da inspeção em massa para
garantir a qualidade
Como em toda empresa, a inspeção e o controle não produzem
qualidade. Apenas verificam sua existência ou não. Desta forma o que importa
para as bibliotecas universitárias é fazer com que as pessoas não precisem ser
mais controladas e sim educadas para se tornarem capazes de monitorar a
qualidade do que fazem. Não é necessário inspecionar o produto acabado, pois a
qualidade não deriva da inspeção e sim da melhoria do processo produtivo. Ela
não melhora a qualidade, apenas traz prejuízo e retrabalho e não constitui
ações corretivas sobre o processo. Exemplo disto ocorre quando, nas bibliotecas
universitárias, se realiza a inspeção para evitar o vandalismo ou destruição
das obras. Uma forma melhor de evitar o problema seria criar campanhas
educativas no sentido de sensibilizar o usuário para o fato. Fazer com que eles
entendam os prejuízos e as conseqüências de tal atitude.
04. Cessar a prática de avaliar as transações apenas com
base nos preços
É minimizar o custo total a longo prazo. Neste contexto as
bibliotecas universitárias precisam saber qual o resultado a longo prazo do
custo que elas têm. Preocupar-se, apenas, com resultados a curto prazo poderá
privá-las de uma estrutura necessária à produção de lucros duradouros. Elas
devem entender que comprar pelo menor preço nem sempre significa economia. Elas
têm que se preocupar com outras questões tais como: durabilidade, suporte,
impressão etc. As escolhas devem recair, em cada caso, naquilo que melhor
satisfizer as necessidades, interesse e exigências do usuário. Por exemplo: os
profissionais da informação, responsáveis pela aquisição, devem eliminar a
política de sempre procurar os menores preços, sem considerar a qualidade e o
serviço.
05. Melhorar sempre e constantemente o sistema de produção e
serviços
A qualidade deve existir no produto já na etapa do projeto.
Todo produto deve ser encarado como parte de um todo. O trabalho em equipe é
essencial no processo produtivo, que deverá ser sempre expandido e
aperfeiçoado. Instituir a melhoria contínua nas bibliotecas universitárias é
fazê-las concentrar-se no fundamental, nas coisas vitais, para que elas possam entender
os princípios básicos da qualidade e desenvolver habilidades necessárias para
implementá-los. Para tanto, é necessário: conhecer efetivamente as necessidades
dos usuários, dispor de uma estrutura adequada às ações que deseja realizar e
traçar processos devidamente identificados e gerenciáveis.
6. Instituir o treinamento e o retreinamento
Este princípio refere-se aos fundamentos para o treinamento
da administração e dos funcionários novos. O treinamento deverá ser sempre
instituído na empresa, a fim de evitar desperdícios de conhecimentos e de
esforços. O treinamento é um instrumento de desenvolvimento pessoal. O desafio
que esta função enfrenta é justamente o de conciliar as necessidades pessoais e
profissionais do trabalhador com os objetivos declarados da organização. Este
item é indispensável à implantação da gestão de qualidade nas bibliotecas
universitárias. Portanto, elas devem treinar seus funcionários antes de lhes
atribuir a responsabilidade de um cargo. O treinamento deve fazer com que eles
compreendam as políticas da empresa e as necessidades de seus clientes.
Citaremos alguns exemplos ligados diretamente a questão do treinamento dos
funcionários das bibliotecas universitárias: Desperdício de tempo do cliente
nas filas de empréstimo; erros no preenchimento de pedidos de documento; demora
para prestar informações; erros no arquivamento de documentos nas estantes;
demora no processamento técnico dos documentos. Resumidamente, podemos afirmar
que estas bibliotecas devem treinar seus funcionários através de metodologias
apropriadas, capacitando-os para o pensamento crítico e o trabalho em equipe.
07. Ponto - Adotar e instituir a liderança
A liderança é condição absolutamente necessária para o
desenvolvimento da empresa, porque estimula a revalorização. Assim, a gerência
das bibliotecas universitárias deve caracterizar-se por uma liderança absoluta,
capaz de sensibilizar todas as pessoas para assumir o compromisso de produzir
qualidade. Os gerentes destas instituições devem: ajudar as pessoas, máquinas e
dispositivos a realizarem um trabalho melhor, gerar uma estrutura flexível, e
adotar uma administração participativa para obter um novo nível de relação com
os clientes.
08. Afastar o medo, de modo a que todos possam trabalhar
eficazmente na empresa
O desperdício causado pelo medo é enorme. A sua eliminação
ou minimização deve ser um dos primeiros caminhos a ser obedecido porque ele
afeta nove dos demais pontos de Deming. O medo impede as pessoas de servir aos
interesses da empresa. Neste sentido, o gerente e os funcionários das
bibliotecas universitárias devem fugir do medo de descobrir e de aceitar
problemas e de buscar verdades, do medo da consciência, do medo da própria
limitação e da limitação do sistema, do medo da avaliação negativa e do
conhecimento das necessidades e expectativas dos clientes. O medo assume várias
facetas degeneradoras, gera timidez e ansiedade.
09. Romper as barreiras entre os diversos setores de pessoal
Este ponto tem uma ligação intima com o ponto oito. É também
uma condição necessária para a melhoria da qualidade; embora não seja
suficiente para controlá-la em toda a empresa. Incentivar o trabalho em equipe
é uma necessidade crucial na organização. As bibliotecas universitárias deverão
assimilar este princípio no sentido de criar um espírito de cooperação,
participação e responsabilidade solidária. A equipe deve conhecer a função, a
importância e os problemas de todos setores da biblioteca; fazer com que todos
entendam que a cooperação é benéfica a cada um. Um exemplo palpável desta
situação pode ser ilustrado nas bibliotecas universitárias, através das ajudas
que o setor de empréstimo pode oferecer ao setor de aquisição e seleção. Ele
serve de fonte de informação importante no diz respeito aos problemas
enfrentados pelos usuários em relação a: multas por atraso das obras; sugestões
dos documentos a serem adquiridos e qualidade dos serviços oferecidos.
10. Eliminar slogan, exortações e metas para os empregados
Os slogan cartazes e as exortações não ajudam a melhorar o
trabalho; ao contrário, provocam frustrações, criam hábito de ansiedade e
ressentimento entre as pessoas. Palavras não produzem qualidade nem induzem as
pessoas a praticá-la. A biblioteca universitária deve-se preocupar em educar as
pessoas para uma mudança de comportamento. Assim, elas terão dentro delas
mesmas um motivo para ser produtoras da qualidade. Sensibilizar as pessoas,
atuando nas suas emoções é condição essencial para se obter mão-de-obra real,
com enorme impulso de progresso.
11. Suprimir as cotas numéricas
Deve-se definir, ao invés de cotas, o que é e o que não é
aceitável em termos de qualidade. Pois, definições de cotas numéricas sufocam a
auto-realização. A qualidade não se identifica, necessariamente, com a
quantidade. Está pode até comprometê-la e impedi-la. Os profissionais que atuam
nas bibliotecas universitárias não devem agir apenas em função do calendário,
das horas de trabalho e nem, tão pouco, devem ser pressionados por números,
mas, pela responsabilidade de produzir algo de que possam se orgulhar em fazer.
Exemplificando: o catalogador não pode se preocupar apenas em catalogar um
certo número de documentos por dia; deve-se preocupar, também, com outros
fatores que agregam valor à atividade executada.
12. Remover as barreiras ao orgulho da execução
Os empregados muitas vezes sabem o que está errado dentro da
empresa, mas não podem mudar a situação. É preciso que os administradores
escutem as suas sugestões e opiniões e ofereçam subsídios para que eles passem
a se envolver mais efetivamente no desenvolvimento da empresa. As barreiras que
se interpõem à realização profissional podem causar sérios danos na redução de
custos e melhoria da qualidade nas bibliotecas universitárias, haja vista as
pessoas e o que elas fazem serem o seu principal patrimônio. É preciso deixar
que as pessoas se sintam livres e responsáveis para participarem do processo de
revitalização da biblioteca.
13. Instituir um solido programa de formação e
auto-desenvolvimeto
As pessoas necessitam de uma nova formação e a administração
deve sempre submetê-las a um novo aprendizado. Os administradores devem-se
conscientizar da real importância e do potencial de um programa de formação e
retreinamento para o desenvolvimento organizacional. À medida em que as
bibliotecas universitárias passam a trilhar a estrada da melhoria contínua,
precisam investir no seu patrimônio mais importante: as pessoas. Estimular o
estudo e a busca do aperfeiçoamento continuado. A atualização permanente é uma
questão de responsabilidade profissional. Este princípio se aplica tanto aos
gerentes quanto aos funcionários destas instituições. A educação continuada é
obrigação de todos aqueles que optaram em trabalhar nestas bibliotecas.
Somente, ela é capaz de criar a nova cultura organizacional, que é o
pressuposto básico da filosofia da qualidade.
14. Agir no sentido de concretizar a transformação
Todos na organização devem ter uma idéia precisa de como
melhorar a qualidade. A administração deve engajar todos a assumir e enfrentar
os princípios adotados pelo Dr. Deming para realizar a transformação. A
transformação é tarefa de todos. A biblioteca universitária deverá, ao optar
pela melhoria continua, assumir e encarar os 14 pontos enfatizados neste
estudo. Os administradores destas instituições deverão chegar a um consenso
quanto ao significado e importância de cada um deles e a orientação a tomar,
pois não adianta acreditar que os pontos de Deming são importantes se não
houver coragem e iniciativa para aplicá-los. Este princípio pode ser adotado em
todos os processos da biblioteca.
Tomando como base estas abordagens, acreditamos que as
bibliotecas universitárias devem, deliberadamente, definir uma visão de futuro,
adotando a melhoria continua, sem jamais esquecer que o acesso a informação
para o exercício do pensamento criador é um direito de todos. Para tanto, é
necessário que elas estejam voltadas para a conquista da qualidade e que esta
qualidade seja uma fonte de energia ativa para impulsioná-las a crescer e
progredir.
Resumindo, podemos afirmar que absorver e cultivar a
filosofia de Deming nas bibliotecas universitárias é desenvolver a criatividade
e a capacidade de querer acertar os caminhos da excelência do trabalho
informacional. Ela não exige grandes investimentos para ser aplicada. É tarefa
de todos na organização, mas para sua implantação devem ser observadas algumas
questões básicas, tais como:
- todos devem estar envolvidos e acreditar na mudança;
- é preciso que os profissionais da informação saibam gerenciar, sem perder a visão da importância das relações humanas dentro da organização;
- que o usuário das bibliotecas universitárias é a fonte de toda a avaliação sobre a qualidade dos produtos e serviços e;
- que exista um feed-back de informação e as metas da qualidade sejam claramente definidas.
- Obedecendo estes procedimentos, poderemos ter o método de Deming como um aliado no combate as barreiras e obstáculos que impedem a modernização destas unidades informacionais
Fonte: Cola da Web
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