domingo, 31 de janeiro de 2016

Espaço do Administrador - Produção x Produtividade no setor público




Introdução

Na língua portuguesa a palavra produção traz o sentido de produzir, dar forma, criar, gerar, realizar, aquilo que é fabricado. Enquanto que produtividade sugere a ideia de um estado produtivo, eficiência, rendimento. Portanto, exige-se um padrão.

No mundo corporativo é comum exigir-se que haja produtividade, afinal de contas o mercado se mantém através e a partir daquilo que é produzido e traz rendimentos que o possam manter no cenário competitivo. Sendo, dessa maneira, contraproducente um estado não produtivo.


A vida pessoal e profissional de cada indivíduo também exige esse teor produtivo. Pode-se dizer até, que se trata de um elo que motiva e impulsiona a dar mais de si no dia a dia. Esse entusiasmo, enquanto elixir motivacional, é que dá sentido ao todo no mercado de trabalho e nos faz sermos quem somos: pessoas mais competitivas e produtivas.


Neste sentido, espera-se que cada indivíduo seja conduzido, por si mesmo, a uma reflexão salutar a respeito da forma como cada um vem conduzindo a sua própria produtividade.


Produção X Produtividade no Setor Público

Não obstante, há de considerarmos um fator que pode atrapalhar a eficiência do processo produtivo. Dissemos que produção sugere produzir e que este pode ser entendido como um ato que gera e dar forma. Perfeito. No entanto, é preciso entender que a produção precisa estar atrelada a eficiência no ato executado.


Quando saímos do trabalho artesanal para o trabalho em série – no período da Revolução Industrial – esqueceu-se de trabalhar os detalhes na execução. Muitas vezes, em prol de um volume maior [produção], esquece-se da qualidade [produtividade]. O setor público deveria ser o primeiro a primar por esta sentença e atrelar a eficiência [a produtividade] ao volume trabalhado [a produção]. Embora esteja relacionado à quantidade é bom não esquecermos que o mercado exige uma produção qualificada. Neste sentido, não podemos falar, por exemplo, em evasão escolar zero quando não há produtividade no desempenho escolar. Se assim o fosse não teríamos um número tão elevado de indivíduos com analfabetismo funcional. Infelizmente, no setor público, amargamos um ranço que nos faz acreditar que no “Brasil é assim mesmo”.


Como assim, é assim mesmo?

Aquilo que é público é aquilo que é destinado à coletividade, ao povo, comum a todos. Citando a nossa Constituição Federal [Art. 5º], lembremos que “TODOS são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natura (...)”. Ora, por ser comum a todos, muitas vezes, erroneamente, é associado a uma produção feita de qualquer jeito. Fala-se, pois, em recursos e alega-se que o setor privado investe mais na produção que o setor público. Será isto realmente verdade?


Infelizmente somos levados à comparação. Ato perigoso e, nalgumas vezes, não muito salutar. Conquanto imaginemos uma enfermaria de um hospital público e uma enfermaria de um hospital particular. Certamente que as diferenças são gritantes. Seriam os médicos do serviço público menos qualificado que os do setor privado? Certamente que não. A qualificação desses profissionais não está em xeque neste momento. Mas todos concordam que aferir a PA [pressão arterial] sem um tensiômetro é meio complicado.


Entendo que quando há cuidado no sentido de CUIDAR, dar atenção ao que se produz independe se estamos no setor público ou privado, então, cuidamos para que saia bem. Seja bem produzido. A produtividade aqui é vista como algo eficiente e eficaz. Produção e produtividade não podem ser vistos como alguma coisa dicotômica. Caso contrário, vou correr o risco de cair no erro que aquele profissional cometeu na execução de seu último trabalho, por ser o último trabalho e ter pressa para se aposentar. Por não ter tido o mesmo cuidado que tivera anteriormente acabou construindo uma casa de qualquer jeito. Se tivesse tomado conhecimento que a casa que estava construindo era pra si, teria executado da mesma forma que executara? Certamente que não.


Quando estou ministrando uma palestra ou estou em sala de aula procuro fazê-lo com o mesmo afinco que faço todos os meus trabalhos. Independente de onde esteja executando. Primo pela eficiência do trabalho executado. É por esta razão que insisto tanto no ato de cuidar. Costumo afirmar que quem cultiva cuida e quem cuida cativa e quem cativa conquista. Estamos procurando cuidar e cativar as pessoas que nos rodeiam para poder conquista-las? Parece-me que não.


A qualidade com que vemos o nosso transporte público, por exemplo, não se pode falar em cuidado. A forma como as pessoas se posicionam nas filas em locais públicos chega ser algo bizarro.


Digam-me: não seria isto reflexo de nossa educação?

Um povo com educação elevada espera-se que haja com diplomacia e zelo. Não é porque é público que eu tenho o direito de fazer de qualquer jeito ou tratar de qualquer jeito. Partindo-se do princípio que deve ser ao próximo como a si mesmo, então eu preciso cuidar para que aquilo que eu estou executando seja tão bom quanto se fosse pra mim mesmo. Neste sentido, produção e produtividade passam a caminhar juntas e com eficiência.


Como está sendo o seu trabalho no serviço público?


Momento do Administrador, Salatiel Soares Diniz - 31 de janeiro 2016.


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