Chegou a hora de passar o bastão da rebeldia
Certos de que estamos por fim mais maduros, ser um Y (com
todo peso que esse sobrenome carrega) não tem a mesma graça de antes. Não somos
mais os novatos do departamento, nem somos mais tratados como uma nova espécie
humana a ser estudada. É como a síndrome do ex irmão caçula, que agora virou
irmão do meio. Você ainda não tem a maturidade do mais velho, mas já não pode
mais se comportar como o mais novo.
Antes tínhamos orgulho do nosso estilo “tolerância zero” com
os maus chefes e as más empresas. Era tchau-beijo-não-me-liga. Éramos também
pura ansiedade. Do emprego ideal, do reconhecimento merecido, do sucesso digno
de uma capa de revista de negócios. Agora não sei bem o que somos, mas cá para
nós, é bem engraçado notar a mesma semelhança nos mais novos.
“Ah, esses jovens de hoje em dia...”
De lá para cá (o que nem é tanto tempo assim), algumas
ideias mudaram outras permanecem. Por exemplo, sempre defendi e ainda defendo a
mudança de emprego no início de carreira, quantas vezes fosse preciso, até que
se pudesse sentir que aquele era o caminho certo para encontrar sua vocação. É
um mal necessário que evita a formação de profissionais insatisfeitos e
incompetentes, enquanto eles ainda não tem contas a pagar e filhos para criar.
Continuo defendendo também a busca pela qualidade de vida,
ou seja, mais equilíbrio entre horas trabalhadas e horas de lazer. Arrisco
dizer que grande parte das empresas que retém seus funcionários além do horário
comercial sofre de algum problema de gestão.
Mas em compensação, a geração Y errou feio algumas vezes por
não saber admitir sua imaturidade. Batíamos de frente com argumentos ainda
pouco estruturados, nos precipitávamos ao abandonar o barco sem antes saber
criticar os próprios motivos e entender as consequências, e pior, enchíamos o
peito de razão quando na verdade éramos sempre os mais prejudicados. Nós
definitivamente não soubemos escolher a batalha que gostaríamos de vencer. Era
tudo ou nada.
Daqui para frente, o risco de ficarmos cada vez mais caretas
é alto e isso assusta um pouco. Mas sinceramente nunca vai ser da mesma forma
ou baseados nos mesmos critérios que a geração anterior. Se pararmos para
analisar, é assim a cada mudança de geração. Há um período de ideias
extremistas ligadas ao rompimento de antigos padrões, vem então aquela
enxurrada de críticas sobre os malefícios daquele novo comportamento para a
sociedade, mas no fim, a geração seguinte sempre absorve um conceito mais ameno
de todo o ideal criado.
E é nessa impermanência emocionante que a sociedade evolui e
nos proporciona lembranças boas que servirão de histórias para contar aos
nossos netos.
Que venham os próximos rebeldes!
Fonte: Administradores
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