sábado, 8 de fevereiro de 2014

Campanha no Rio compara bituca de cigarro a "bunda" para estimular descarte correto. Imagine o resultado

Coordenadora da ONG afirma que propósito foi gerar repercussão; entidades de defesa da mulher protestaram




Se foi uma tragédia anunciada ou uma forma proposital de gerar buzz e ter sucesso, apenas os resultados irão dizer. Mas uma campanha do movimento Rio Eu Amo Eu Cuido resolveu arriscar e patinar no limite entre o mau gosto e a criatividade: para estimular os fumantes a descartarem corretamente as bitucas de cigarro, os criativos resolveram chamá-la de "bunda". "Bituca, bagana, guimba. Que tal um nome mais lega? Tipo bunda", diz o slogan da campanha.

A partir daí, criaram frases que não agradaram muitos internautas, que qualificaram a campanha como misógina e sexista. "Bunda de cigarro é lixo", "Vamos conversar sobre bunda na rua" e "Que tal jogar a bunda no lixo" são apenas algumas delas. A modelo Andressa Soares -- mais conhecida como "Mulher Melancia" -- é embaixadora da campanha e participa distribuindo "porta-bundas" nas praias do Rio de Janeiro.

As reações das pessoas que acompanham a fanpage mudaram desde a primeira postagem. "FAIL publicitário. Mal gosto, falta de bom senso e um PÉSSIMO entendimento da atualidade e do público alvo", escreveu Thais Linhares, uma das seguidoras da página, que conta com quase 60 mil seguidores.

A ONG feminista Marcha Mundial das Mulheres encabeçou o movimento de protesto contra a campanha ao publicar uma nota oficial em seu site acusando a campanha de promover a mercantilização do corpo feminino. "A campanha que supostamente pretende promover uma 'conscientização' ambiental reproduz de maneira violenta a lógica de mercantilização dos nossos corpos, fazendo uma ligação estúpida, machista e quase incompreensível entre o corpo da mulher e a guimba do cigarro", diz.

De acordo com a coordenadora da ONG Rio Eu Cuido, Ana Lycia, esse é exatamente o propósito da campanha: gerar repercussão. Ela afirma que peças publicitárias com "bundas" masculinas também foram produzidas, mas ainda não foram publicadas. Em entrevista ao El País, ela afirma que as críticas não passam de moralismo e que as pessoas não entenderam a real mensagem da campanha. Mesmo assim, a entidade considera mudar a estratégia por conta do volume de críticas.

A Secretaria Especial de Política para as Mulheres do Rio de Janeiro também se posicionou contra a campanha através de uma nota de repúdio. "A secretaria é contra a mercantilização, exploração e exposição da imagem do corpo da mulher nas publicidades ou veículo de mídia. Uma de suas missões é valorizar e reforçar a autoestima e a imagem das mulheres. A campanha em pauta vai contra os valores defendidos pela SPM-Rio que fará esforços para sua retirada dos meios de comunicação".

O movimento Rio Eu Amo Eu Cuido é formado por voluntários que se dedicam a estimular a manutenção e limpeza da cidade, e depende de doações para funcionar.

O que você acha da campanha? Deixe sua opinião nos comentários.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo participação!