terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Costume de chegar atrasado a compromissos pode ser sinal de descontrole financeiro

Pessoas desorganizadas tendem a entrar mais no cheque especial e menos na caderneta de poupança, aponta estudo do SPC




Se você é daqueles que nunca, em hipótese alguma, chega na hora marcada em quaisquer compromissos -- sejam pessoais ou profissionais --, é provável que sua saúde financeira não seja das melhores. De acordo com um estudo da Sociedade de Proteção ao Crédito (SPC) divulgado nesta quinta-feira (13), pontualidade é sinônimo de controle e disciplina com o dinheiro.

Outros costumes pouco ortodoxos, como estudar para provas na véspera e ser relapso no ambiente de trabalho, podem contribuir com esse quadro. Os pesquisadores fixaram três perfis comportamentais para os entrevistados que contribuíram com o estudo: eles foram divididos em "pessoas organizadas" (24% do total), "pessoas que tentam ser organizadas" (62%) e "pessoas desorganizadas" (14%).

O percentual de entrevistados desorganizados que já entrou alguma vez no cheque especial, por exemplo, é mais que o dobro em relação à parcela de consumidores organizados. O percentual é de 11% entre os consumidores organizados, de 21% entre os que tentam ser e de 25% entre os desorganizados.

“Ao contrário do que diz o senso comum das pessoas, as causas do descontrole financeiro não estão relacionadas à classe social ou ao grau de escolaridade do consumidor, mas ao comportamento de cada um. De maneira geral, vimos que pessoas organizadas e planejadoras têm uma gestão financeira mais saudável e totalmente coerente com o restante das práticas do dia a dia”, comenta a economista-chefe do SPC Brasil, Luiza Rodrigues.

Sobra mês no fim do dinheiro

Quando perguntados se conseguem chegar ao final do mês com todas as contas pagas, os organizados não têm dúvidas: 64% respondem que sim e que ainda sobra um pouco de dinheiro". Por outro lado, a parcela que responde sim a esta pergunta entre os que tentam ser organizados cai para 45% e chega em 39% entre os entrevistados desorganizados.

Com esse descontrole, o preparo para eventuais emergências também é prejudicado -- ou simplesmente não existe. Em uma situação hipotética -— como perda de emprego ou problema de saúde —- 50% dos entrevistados organizados teriam uma reserva tranquila na poupança ou em outra aplicação para sair do sufoco. O percentual entre os que tentam ser organizados e recorrem a esse tipo de reserva é de 41% e cai para 36% entre os desorganizados.

Costume vem da criação

A educação financeira, assim como outros valores comportamentais e culturais, é construída no ambiente familiar. “A pesquisa reforça a tese de que os hábitos e valores que foram construídos desde cedo no ambiente familiar serão determinantes ao longo da vida do cidadão como consumidor. Isso torna ainda mais relevante implementar iniciativas relacionadas à educação financeira junto a crianças e adolescentes — não de forma isolada, mas de uma maneira interdisciplinar”, afirma Luiza Rodrigues.

Ela acredita que "gerações inteiras" foram marcadas por instabilidades econômicas do país e cenários de hiperinflação, o que contribuiu para a falta de preocupação com o planejamento de longo prazo. "Sem mencionar que o recente boom da oferta de crédito deu uma repentina oportunidade de compra às pessoas, sem orientá-las corretamente sobre como consumir de forma consciente", avalia.



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