sexta-feira, 27 de maio de 2016

7 comportamentos que as redes sociais potencializaram

Ansiedade, exposição, falsa imagem... Quantos comportamentos as redes sociais potencializaram?



Nos últimos dias, tenho pensado bastante para onde estamos caminhando. Sei que talvez estes sejam pensamentos mais filosóficos do que práticos, mas não consigo deixar a ideia de lado, ainda mais quando vejo o quão dependentes estamos nos tornando de nossos tablets e smartphones. Na última semana, viajei à São Paulo e logo no aeroporto me deparei com uma cena meio bizarra. Ao chegar no saguão de embarque, dou de cara com uma fileira de cadeiras, daquelas com tomadas acopladas.

Com surpresa, constato que todas estão ocupadas com pessoas curvadas olhando vidradas para telas touch screen de todos os tamanhos, a maioria acessando redes sociais, um prato cheio para qualquer especialista em ergonomia. Confesso que me senti um tanto deslocada ao passar pelas pessoas com uma revista na mão, mesmo sabendo que nenhuma delas sequer tinha notado a minha presença. Hoje em dia ter um comportamento desses parece até um tipo de afronta, pois o normal seria eu também estar conectada à tela do objeto que estava bem guardado em minha bolsa.

E aí vêm algumas perguntas que não querem calar: o que está acontecendo conosco? Onde foi parar o poder de contemplar as coisas simples à nossa volta?

Sei que a tecnologia nos trouxe inúmeros benefícios, caso contrário não poderia fazer muitas coisas, como escrever este texto ou ter acesso a tanto conteúdo bacana, mas vamos combinar, a internet também trouxe muitos comportamentos que antes não víamos com tanta frequência. É lógico que não sou inocente a ponto de pensar que eles não existissem por aí, mas a diferença é que agora somos bombardeados por tais comportamentos todos os dias, a cada atualização de “timeline”.

E para piorar, nós mesmos assimilamos tais comportamentos e assim nos tornamos ansiosos, compulsivos, narcisistas e muitas vezes iludidos, acreditando que temos controle de todos os aspectos de nossa vida. O fato é que estamos nos tornando cada vez mais ludibriados e improdutivos, pois, as redes sociais – além de nos envolver em um mundo que nem sempre é retratado como de fato é – ainda nos fazem perder um tempo significativo que poderia ser utilizado de maneira mais produtiva. Eu mesma já perdi horas preciosas fazendo nada no Facebook.

E assim, movidos mais pelo princípio do prazer do que pela realidade, acreditamos piamente que o mundo paralelo das redes sociais é inofensivo e tão cristalino em suas verdades, tal como a água que nos banhamos ao acordar, ou ao fim de um dia puxado de trabalho, quando na verdade está tudo tão longe disso.

Sinto que as redes sociais, quando utilizadas em excesso, têm alterado significativamente nossa forma de pensar, agir, interagir e perceber as coisas ao nosso redor e para que isso não ocorra de maneira distorcida, cabe a reflexão: o que elas têm acrescentado em nossa vida?

Para saber se tem pesado a mão na dose (e nos likes), vale a pena observar se você se encaixa em alguns dos comportamentos abaixo. Caso a resposta seja afirmativa, vale investir em outra formas de interação, mesmo que seja aquela feita no silêncio de uma boa conversa consigo mesmo.

A grande caixa de Skinner – Na época de faculdade, tive uma matéria chamada Análise Experimental do Comportamento. Este foi o primeiro contato científico que tive com aquilo que chamamos de estímulo e resposta. Na aula, colocávamos um rato em uma caixa provida de alavanca e moldávamos o comportamento do bicho. Lembro que para ganhar água, fiz o meu pobre roedor aprender a apertar a alavanca duas vezes e girar outras duas para só então poder matar a sede com algumas míseras gotinhas. Maldade, eu sei, mas não agimos muito diferente quando, ao postarmos coisas, ganhamos likes e assim nos animamos a fazer isso com mais frequência para receber aquilo que supre a sede do ego. Não seria este também um comportamento de estímulo e resposta igual ao do rato que girava e apertava a alavanca para ganhar água? 

Eu sou o máximo – Talvez esse não seja de sua época, mas nos anos 90 existia um desenho com esse nome (I Am Weasel), produzido pelo canal Cartoon Network. Na série, Máximo era um personagem que ajudava todo mundo e era bastante respeitado pelas pessoas. No desenho, existia também o babuíno chamado Babão, que tinha muita inveja de Máximo e sempre tentava superá-lo, mas como fazia as coisas sem nenhum cuidado, acabava entrando em belas enrascadas. Muitas vezes, achando ser o Máximo, as pessoas se envolvem em atritos nas redes sociais por causa de algum comentário impensado ou uma crítica desnecessária, falando mais do que deveriam, sem analisar as consequências de seus atos, e assim acabam por agir da mesma forma que o babuíno Babão, entrando em muitas roubadas. Você provavelmente conhece alguém do tipo.

A cigarra e o megafone – Existem pessoas que mais cantam vitórias do que efetivamente trabalham para alcançá-las, fazendo alusão ao artigo de Max Fischer. Estas são as cigarras de megafone que acreditam piamente em suas próprias mentiras e acabam por cauterizar a própria mente, achando que aquilo de fato é uma verdade absoluta, ou no mínimo está prestes a acontecer.

Minha vida é um livro aberto – Recentemente li em algum lugar a seguinte frase: "Antigamente as pessoas escreviam suas vidas em diários e ficavam irritadas se alguém lesse. Hoje as pessoas escrevem suas vidas nas redes sociais e se irritam se ninguém lê". Quando vi achei graça, mas o fato é que isso acontece muito mais do que se possa imaginar. Basta dar uma olhadinha rápida no Instagram ou Facebook para descobrir coisas que muita gente teria vergonha de contar pessoalmente, tamanha inutilidade da informação. Será que todos os seus contatos precisam mesmo saber que você mudou o corte de cabelo? Ou que você comeu um brigadeiro no trabalho (confesso, já fiz dessas, mas não me orgulho disso)? Por mais que sua vida seja um livro aberto, vale a pena prestar atenção na história que você está contando. Fique atento.

A potencialização de Persona e Sombra – O psicólogo Carl Gustav Jung desenvolveu a teoria dos arquétipos. Nesta teoria, dois em especial estão correlacionados fortemente com as redes sociais: Sombra e Persona.

O arquétipo Persona seria a máscara que usamos na sociedade para nos projetar tal qual queremos ser vistos (quem nunca?). Já a Sombra revela os aspectos mais sombrios projetados em situações ou outras pessoas. Nas redes sociais podemos perceber o arquétipo Persona se manifestando em demasia quando alguém tenta passar a imagem daquilo que não é.

Vale lembrar que utilizamos o arquétipo Persona em diversos contextos. O problema é quando só se vive baseado nesse arquétipo, tendo que fingir, e representar o tempo todo. Já o arquétipo Sombra se manifesta na crítica pela crítica, na maledicência e no comentário desnecessário sem que ao menos se reflita sobre os impactos disso na vida pessoal e daqueles que estão ao seu redor.

Ansiedade é meu sobrenome – Nunca houve tanta ansiedade como nos tempos atuais e muito disso se deve também às redes sociais. Ao compararmos nossa vida com a de outras pessoas, acabamos angustiados com o futuro pois, acreditamos estar recebendo menos, produzindo menos, avançando menos o que, por consequência, acaba gerando maior ansiedade e frustração. Se este é o seu caso, fica aqui o meu recado: apenas pare! E ocupe-se em cuidar mais da sua grama do que ficar verificando se a do vizinho está mais verde.

I Believe I Can Fly – Perdoe o meu lado realista, mas muitas pessoas nas redes sociais acreditam cegamente que podem voar, ou seja, que tudo é possível, esquecendo que nem tudo depende somente de força de vontade ou sonho. Mesmo que este seja o primeiro passo para boa parte das realizações, é preciso colocar a coisa em prática, ou seja, mais ação e menos idealização. Entender que tudo tem um momento, uma estratégia e que muita coisas também dependem da vontade de outras pessoas conta muito e deve ser considerado. Criar um mundo imaginário onde tudo é possível pode ser tão fantasioso quanto a Terra do Nunca do Peter Pan. Por isso, antes de acreditar que pode voar, construa as próprias asas e ainda assim, verifique se não vai se esborrachar ao fechar os olhos e saltar do penhasco sem ter um plano B.

E você, tem mais algum comportamento que vale a pena ser considerado? Contribua também com seu comentário.

Momento do Administrador, Gisele Meter - 27 de maio 2016.


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