O que leva uma pessoa perspicaz e culturalmente preparada à
exposição desmedida via redes sociais?
Há pouco tempo, acompanhei de perto um fato que demonstrou,
na prática, as consequências negativas geradas pela atitude de emitir opiniões
impensadas via internet. O caso envolveu um alto-executivo que teve sua
reputação, construída durante anos de esforço e dedicação, comprometida por
desabafos expostos nas redes sociais.
Prestes a ser contratado por uma grande empresa para o cargo
de diretor, o executivo teve suas pretensões comprometidas, depois de a área de
Recursos Humanos localizar postagens no facebook e twitter, nas quais ele
criticava uma companhia onde havia trabalhado. A consequência foi fatal, pelo
menos para aquele momento da sua vida. Em poucos minutos, ele teve a imagem
profissional, sua “marca”, destruída. Nada mais desalentador para quem estava,
em primeiro lugar, entre os três melhores candidatos.
Este caso leva-nos a refletir sobre o porquê e os riscos do
uso inconsequente da internet. As novas tecnologias de comunicação estão aí à
disposição de todos que queiram emitir seus pensamentos e ações, mas não
levamos em conta o caráter público da comunicação virtual, ou seja, que o
acesso às informações individuais também é livre, assim como a emissão. Elas
podem ser abertas e lidas nas telas dos computadores de todos que se dispõem a
procurá-las.
Mas o que leva uma pessoa perspicaz e culturalmente
preparada à exposição desmedida via redes sociais? Acredito que de forma
inconsciente somos levados pela maré, movidos pela hegemonia da autoexposição,
própria da atual Sociedade Excitada conceituada pelo filósofo alemão Christoph
Türcke, época em que “quem não chama a atenção constantemente para si, quem não
causa uma sensação corre o risco de não ser percebido”.
De acordo com o autor, o homem contemporâneo sofre da
compulsão de emitir opiniões para marcar sua presença “porque mais importante
do que fazer uma boa figura é fazer alguma figura”. Graças à internet, podemos
estar na mídia, sem a necessidade de mediadores. Podemos fazer nossa
autopropaganda independente de intermediários. E como, hoje, “ser é ser
percebido” a presença nas redes sociais tornou-se um vício da pós-modernidade,
que pode fazer de nós vítimas das emissões de opiniões irrefletidas e
infundadas.
Como ‘twitteiro’, constato diariamente, na prática, a teoria
elaborada por Türcke. Todos querem estar na rede. E muitos fazem da internet um
espaço de contraponto de opiniões emocionais, radicais e intempestivas. Agem
por impulso, esquecendo-se de que, com certeza, essas posições serão
consideradas por alguém, que, na ausência de interação humana, na
impessoalidade da comunicação virtual, fará seus próprios julgamentos e dará
sua sentença. E qualquer um pode ser a próxima vítima.
Denis Mello - diretor-presidente do FBDE | NEXION Consulting
- www.fbde.com.br - Consultores e Auditores em Marketing, Vendas e Gestão
Empresarial.
Fonte: Administradores
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