Entenda porque todo empreendedor orgulhoso tem menos
disposição para aprender e acaba sofrendo mais.
Há pouco tempo fui incumbido de fazer uma visita de
prospecção de consultoria de processos para uma empresa de médio porte. Somente
ao final da conversa me dei conta de que duas pessoas presentes na sala tinham
grau de parentesco direto com o principal acionista da empresa.
Lembrando um antigo ditado chinês, fica difícil voltar atrás
quando uma palavra já foi proferida. Na maioria das vezes, fale bem ou mal, a
primeira impressão é a que fica. Mentes pequenas tendem a absorver de forma
negativa qualquer observação que contrarie seus interesses e sua própria
percepção. Apesar da experiência e da habilidade no trato com as pessoas, todo
cuidado é pouco.
Em meia hora de conversa, o papel do consultor é tentar
encontrar as perguntas certas para obter as respostas mais próximas da
realidade do cliente e, assim, poder elaborar um diagnóstico preciso. Quanto ao
remédio, existem vários tipos e dosagens. Na maioria dos casos, depende muito
do grau de maturidade do cliente, ou seja, muito mais do paciente do que do médico.
Depois de trinta anos bem vividos no mundo corporativo, no
papel de empregado e no papel de consultor, em menos de trinta minutos é
possível perceber três coisas distintas e importantes: 1) se o empreendedor
conhece a sua real necessidade; 2) se quer de fato algum tipo de ajuda; 3) se
está disposto a abrir mão, pelo menos por algum tempo, daquele orgulho típico
de iniciante, para aceitar ajuda.
Naturalmente, boa parte dos empresários e dos empreendedores
imagina que é possível mudar posturas de colaboradores, adotar novas
ferramentas, substituir pessoas incompatíveis com o cargo, melhorar processos
etc., entretanto, quando se trata de mudar um pouquinho de si mesmo, fica mais
difícil.
A questão é muito simples. Se alguém precisa de ajuda e
chama um especialista, deve pressupor que, por alguma razão, ele entende um
pouco mais, pelo menos no assunto para o qual foi indicado. No mínimo, quem
chamou deve se dispor a ouvi-lo, filtrar as informações de acordo com os seus
interesses e, se houver empatia, decidir pela contratação ou não.
Quem não gosta de ser questionado, não deseja repensar
alguns modelos mentais, não tem a mínima pretensão de mudar, não tem disposição
para ouvir o ponto de vista alheio e, além de tudo, não sabe separar o lado
pessoal do profissional, nunca poderá depender de consultoria tampouco de Coach
ou de conselheiro.
Em qualquer negócio, não importa o tamanho, o caminho da
mudança passa por quatro etapas distintas:
1. Assumir o
problema: para isso, é necessário reconhecer definitivamente que você precisa
de ajuda; isso também passa pela questão do autoconhecimento, pois, forças e
fraquezas são inerentes a todos os seres humanos, não importa a cor, o credo, a
cultura ou o tamanho da empresa.
2. Pedir ajuda para
quem entende: deixe de ser orgulhoso; você prefere arriscar colocando o orgulho
para atrapalhar ou prefere contar com especialistas que, por experiência em
casos semelhantes, podem ajuda-lo a descobrir o melhor caminho? Onde está o
menor risco? Encare isso como investimento.
3. Elaborar um plano
de ação: entre planejar e não planejar, a única diferença é a boa vontade; o
que não é medido não pode ser controlado; quem não sabe para onde vai qualquer
lugar serve; acredito que você já está cansado de ouvir isso.
4. Definir e equipe e
entre em ação: agora que você já sabe o que fazer, não queira fazer tudo
sozinho; até mesmo os grandes especialistas precisam de ajuda, portanto, defina
a equipe e entre em ação; planejar é a coisa mais simples do mundo; executar é
uma arte digna de poucos.
Deixe-me contar o fim da história. Por alguma razão, acabei
excluído do processo de consultoria. Talvez por eu ter sido sincero demais ao
lembrar o fato de que, nos últimos cinco anos, já visitei o patriarca da
família várias vezes, em diferentes situações e unidades de negócio, encaminhei
diversas propostas de trabalho, gastei horas de aconselhamento e, na sequencia,
nunca obtive retorno.
Faz parte do jogo, mas isso não faz a menor diferença. Todo
mundo evolui a ponto de escolher o tipo de cliente que vale a pena atender e
alguns, definitivamente, não valem um minuto da sua atenção, não merecem um
pingo da sua inteligência nem um dedinho da sua confiança. Felizmente, você não
tem que agradar a todos.
Pense nisso, empreenda e seja feliz!
Fonte: Administradores
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