quarta-feira, 20 de julho de 2016

Seja a pessoa com quem todos querem conversar




As distrações e o individualismo

No ambiente corporativo, com tantas pendências para se resolver, tantas preocupações e assuntos ao mesmo tempo, os profissionais perderam a capacidade de se interagir construtivamente. Conversar com o outro se tornou algo a ser evitado. Predomina a idéia de que "meu problema é sempre mais importante que os dos demais". Pensamos: "no que eu vou ganhar ajudando tal pessoa? ". "Preciso me ater as coisas que preciso fazer e a nada mais". Este individualismo cria um círculo vicioso. Não saber escutar o colega e evitar uma relação sensorialmente forte prejudica os relacionamentos e a você mesmo.

Você pode reverter isso. A interlocução com sentimento é uma das práticas mais belas que pode unir os colaboradores, formar grandes times, prevenir conflitos, gerar relacionamentos duradouros. Você e seus pares podem coletar os frutos da sua mudança de atitude.

Imagine a seguinte situação. Você recebe um e-mail de alguém de seu trabalho questionando um relatório que você enviou previamente. Essa pessoa não concorda com vários pontos e quer mais explicações. Você se sente contrariado. Isso começa a preocupa-lo. De repente, um outro colega chega a sua mesa e quer conversar. Ele está com dificuldades no projeto dele e gostaria de sua opinião. Ele começa a falar dos desafios que está enfrentando e conta os fatos. Imagine bem essa situação. Lembra-se de algo parecido que já tenha passado?

O que ocorre é que você ouve seu colega, mas não o escuta. Não presta atenção no que ele conta. Tudo o que vem à sua mente é aquele e-mail da outra pessoa que questionou o relatório que você tão cuidadosamente fez. Você não admite ter sido criticado. Por mais que seu colega esteja dizendo um problema concreto que está enfrentando, nada parece mais importante e urgente para você senão pensar em uma resposta para rebater aquele que o questionou.

As pessoas têm agido assim, em sua maioria. Elas não sabem diferenciar a importância de um pedido de ajuda de alguém aflito que está a sua frente de uma pendência que pode ser avaliada tranquilamente mais tarde. O senso de urgência é deturpado. Não sabem praticar a escuta ativa.

Os pensamentos externos, as pendências incorretamente classificadas como urgentes, as preocupações a e falta de controle de si mesmo fazem os profissionais perderem a grande oportunidade de interagir com o outro e de criar um relacionamento benéfico para todos. As pessoas não conseguem ter foco no diálogo e, como consequência, não conseguem progredir e evoluir.

O filme Poder Além da Vida (Peaceful Warrior. Sobini Films, 2006) mostra uma cena instigante sobre como deixamos as preocupações nos atormentarem e não nos atentamos na beleza dos relacionamentos. O filme é uma história de um ginasta que conhece um frentista de posto de combustíveis e uma grande amizade surge entre os dois. Entenda a expressão dita no trecho "Esvazie sua mente". Se tiver a oportunidade, recomendo fortemente assistir ao filme inteiro.

A escuta ativa

A escuta ativa prega a total entrega do interlocutor ao processo de comunicação. Os principais mecanismos envolvem:

  • Saber quando ouvir e quando falar. Jamais interrompa seu interlocutor quando ele estiver falando. Não complete a frase dele. Esse tipo de vício demostra ansiedade de sua parte e faz seu colega perder confiança na conversa. Com generosidade, dê liberdade para ele sempre finalizar o que estiver falando, mesmo que a conclusão já pareça óbvia para você. Talvez nem mesmo você perceba que cometa essa falha. Ligue seu radar ou peça um feedback a algum amigo.
  • Posicione-se de forma receptiva. Não se sente na borda da cadeira ou do sofá, como se quisesse se levantar e sair. Fique relaxado, com postura aberta. Não balance as pernas. Não demonstre inquietação para não deixar seus interlocutores intimidados. Foque seu olhar em seu colega e demostre brilho nos olhos.
  • Respeite o que estiver escutando. Respeitar não significa concordar. Lembre-se de que a mensagem de seu interlocutor vem de um conjunto de aspectos que ele vivencia, de acordo com o modelo mental dele. O que ele diz faz sentido para ele e mesmo que não o faça para você, preze a opinião dele. Não ouça seletivamente, não se apegue somente a aquilo que agrada você.
  • Esqueça todo o resto. Lembre-se do trecho do filme, sobre esvaziar a mente. Deixe celular, o ambiente externo, as pessoas que não estão ali, as preocupações, as contas a pagar, o que irá jantar, tudo isso de lado. Esse momento é de vocês.
  • Responda de forma generosa. Quando for seu momento de falar, evite julgamentos, preconceitos e ideias prontas. Faça perguntas inteligentes, use o mesmo tom de voz que o do interlocutor. Você não precisa necessariamente dar alguma solução para o problema dele, mas deve fazê-lo sentir que você é solidário e compartilha do sentimento dele.
  • Crie conexão sensorial. Permita-se sentir o que os outros estão sentindo. Não faça expressões de surpresa ou repreensão. Faça-os perceberem que você os entende, mesmo tendo uma opinião diferente. Deixe-os com a certeza de que foi uma excelente idéia eles virem falar com você.

A escuta ativa exige energia e esforço. Pode não ser executada naturalmente no início. Mas com o tempo, ela fluirá em você e as recompensas serão nítidas.

Uma nova postura

Voltando a situação mencionada acima, sobre o dilema entre prestar atenção no colega aflito ou rebater o autor do e-mail que questionou seu trabalho, vamos refletir. Você poderia estar sendo precipitado na conclusão que chegou ao ler o e-mail? Poderia ser um mal-entendido? Vocês poderiam estar com visões diferentes? Poderia ser que você tenha deixado algo pouco claro no relatório? Ele poderia ter razão? Pense em alternativas. Pode ser que seja melhor você ligar para ele ou ir pessoalmente e perguntar com receptividade e escuta ativa o que ele entendeu.

E quanto a seu outro colega que está na sua frente? Ele está ali, nesse exato momento e precisa de ajuda. Dê atenção a ele agora. Pratique a escuta ativa. Seu questionador pode esperar. Esvazie sua mente e se foque no agora. Sua generosidade ficará marcado em seu colega e você estará regando uma planta que se tornará uma árvore de parceria na qual os frutos da colaboração podem ser colhidos por todos mais tarde.



Uma interlocução sensorialmente forte envolve razão e emoção. É como se você abrisse ouvidos, mente e coração para o que estiver sendo dito. Você se entrega de tal forma, que nada mais importa naquele momento. É uma experiência enriquecedora. Você estará sendo generoso com a outra parte e principalmente com você mesmo.

Essa pode não ser a postura mais comum nos ambientes corporativos atualmente. Infelizmente, as consequências são bem concretas. Individualismo, isolamento, estresse, competição não saudável, intrigas, desconfiança, fofocas. Transforme tudo isso! Comece com você! Mude sua postura ao conversar com colegas e seja a pessoa com quem todos querem conversar.

Experimente essa nobre habilidade e depois compartilhe aqui como tem sido.

Momento do Administrador, Mauricio Mau - 20 de julho 2016.


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