Especialista em robótica afirma que vários elementos
presentes no filme já existem e em breve farão parte do nosso cotidiano
"Suponha que somos sábios o suficiente para aprender e
conhecer, e ainda não tão sábios para controlar nosso aprendizado e
conhecimento, utilizando-os para nos destruir. Mesmo se for o caso, o
conhecimento ainda é superior à ignorância". O pensamento de Isaac Asimov,
profeta da tecnologia e da robótica, não poderia se encaixar melhor numa época
onde drones matam indiscriminadamente. Essa temática é questionada também no
filme Robocop: afinal, tal tecnologia é possível? E se for, será algo bom?
"Embora o Robocop ainda não exista, existem vários
elementos nessa história que já existem ou que representam tendências de
pesquisas importantes na área de robótica", afirma Alexandre Simões,
especialista em robótica da Unesp. Segundo ele, existem pesquisas sérias em
andamento com o objetivo de criar exoesqueletos para diversos fins -- desde a
reabilitação dos movimentos de pessoas deficientes até máquinas de guerra.
"À medida em que os membros do humano se movem, um
exoesqueleto identifica esses movimentos por meio de sensores e replica esses
movimentos fazendo com que o robô se movimente segundo o controle do
humano", explica. Por outro lado, essa tecnologia também poderia ampliar a
força das pessoas, chegando a níveis descomunais. "Como os exoesqueletos
usam motores de grande potência, o exoesqueleto pode aumentar
significativamente a força dos seres humanos. A Panasonic, por exemplo, tem uma
versão de exoesqueleto que pode carregar até 30 quilos", diz.
Para Simões, as aplicações desse tipo de exoesqueleto
incluem manutenções de objetos pesados, construção civil, organização de caixas
em indústria, e até ampliação de movimentos de portadores de deficiência
motora. "A Escola Politécnica da USP, por exemplo, desenvolve uma versão
de exoesqueleto e o pesquisador brasileiro Miguel Nicolelis é uma das
referências mundiais no controle de próteses através de implantes
cerebrais", fala.
Com relação ao uso militar de exoesqueletos
"tripulados" por policiais ou soldados, Simões acredita que esse é um
futuro distante, embora plausível. "A gente não tem ainda esse tipo de
robôs [para fins policiais] nas ruas, mas a polícia e o corpo de bombeiros em
todo o mundo já têm contado com robôs de apoio para inspeções em áreas de
risco", lembra. É claro que estamos falando de versões muito mais simples
se comparadas ao filme, mas são uma forte tendência de pesquisa na área",
completa.
Outro aspecto dessa tendência são os drones, veículos aéreos
não-tripulados, que já são amplamente utilizados em zonas de guerra -- muitas
vezes utilizados para aniquilar civis. "Nesse ponto, há várias
similaridades com o filme", afirma Simões.
"Hoje nós não temos um robô que possa distinguir, com
cem porcento de certeza, alvos de não-alvos. Civis, uma pessoa se rendendo, um
criminoso carregando uma arma, não pode ser diferente de uma criança com uma
arma de plástico, por exemplo. Também não temos um robô que consiga identificar
com confiança se atrás de um alvo não exista uma escola funcionando",
destaca. Existe um lado bom nesse sentido: empresas como a Amazon já consideram
a adoção de drones para realizarem entregas a um menor custo logístico.
Outro aspecto do filme que merece consideração, segundo
Simões, é a inteligência artificial, a dualidade entre homem e máquina,
consciência e programação. "Esse é o ponto central da área de pesquisa
conhecida como 'inteligência artificial', que tenta replicar em máquinas,
integral ou parcialmente, aspectos da cognição humana. E nesse ponto, para a
alegria de uns e tristeza de outros, nós ainda estamos muito longe de ter algum
tipo de máquina que possa ter uma consciência humana", conclui.
Fonte: Administradores
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo participação!