No seu livro “Art of changing the brain”, o Dr. James Zull
explica este processo e afirma que a chave para o aprendizado está na motivação
e no senso de apropriação
Aprender é uma das atividades que está na rotina dos seres
humanos. Durante nosso desenvolvimento aprendemos a reconhecer rostos
familiares, andar e falar. Começamos a estudar e passamos a escrever e
calcular. Mesmo depois da infância continuamos adquirindo conhecimento. Mas
como funciona este processo tão natural ao ser humano, mas ao mesmo tempo tão
nebuloso? Podemos investigar a questão utilizando os conceitos da Neurociência,
o estudo científico do sistema nervoso.
Começar estudando o sistema nervoso é fundamental, pois ele
é responsável por monitorar e coordenar a maior parte das funções de um
organismo e a regular as atividades cerebrais. Os neurônios e os nervos são
partes integrantes do sistema nervoso e desempenham papéis importantes na
coordenação motora.
A Neurociência passou por um crescimento vertiginoso nos
últimos 25 anos, impulsionado por descobertas científicas e a possibilidade de
tratamentos de doenças neurológicas comuns, como o Mal de Parkinson e o
Alzheimer. Prova disso é o fato da quantidade de associados da Society for
Neuroscience, sociedade internacional de neurocientistas, ter aumentado de 500
em 1969 – ano da sua fundação – para mais de 40 mil em 2010.
E como a Neurociência explica o processo de aprendizagem?
Diferente da Psicologia, a Neurociência tenta entender a aprendizagem por meio
de experimentos comportamentais e do uso de aparelhos como os de ressonância
magnética e tomografia, que permitem observar as alterações cerebrais durante
seu funcionamento.
De acordo com a Neurociência, o aprendizado acontece em
quatro estágios: primeiro temos uma experiência concreta, depois desenvolvemos
uma observação reflexiva e conexões, criamos hipóteses abstratas e, finalmente,
testamos ativamente estas hipóteses até obter uma nova experiência concreta. Em
outras palavras, obtemos uma informação e damos algum significado para ela,
depois criamos novas ideias a partir deste significado e as colocamos em
prática. Durante este processo são utilizadas diversas áreas diferentes do
córtex cerebral, cada uma apresentando uma finalidade única. Por isso, quando
passamos pelos quatro estágios, ampliamos ou geramos uma nova conexão cerebral
e essa é a maneira natural de aprender.
O aprendizado é uma conexão física que acontece no cérebro,
assim como o significado. Por isso precisamos de exemplos, de associações com o
que já temos conhecimento. Quando a nova informação faz referência a objetos ou
eventos já conhecidos, o cérebro reforça essas sinapses e dá um significado.
Sem referências prévias, não há significado.
A quantidade de neurônios e as sinapses mudam de acordo com
as experiências vividas pelo indivíduo. Estudos comprovam que ambientes ricos e
estimulantes aumentam o número de sinapses cerebrais, mas o que é considerado
estimulante varia de pessoa para pessoa.
No seu livro “Art of changing the brain”, o Dr. James Zull
explica este processo e afirma que a chave para o aprendizado está na motivação
e no senso de apropriação. O estímulo é algo muito pessoal, por isso o
importante não é arranjar uma nova vontade para dar às pessoas, mas sim
encontrar aquilo que já as motiva. As pessoas sempre estarão incentivadas a
aprender o que já é do seu interesse, mas resistirão ao que, para elas,
representa uma ameaça à sua felicidade e controle da situação.
Sem motivação não conseguimos aprender, e o responsável por
isso é o nosso cérebro. Estudos comprovam que existe no cérebro um sistema
dedicado ao incentivo e à recompensa. Quando o indivíduo é afetado
positivamente, a região que cuida dos centros de prazer produz dopamina,
neurotransmissor responsável pelas sensações de prazer. Este estímulo de
bem-estar mobiliza a atenção e reforça o comportamento em relação ao objeto em
questão. Tarefas muito difíceis acabam sendo abandonadas porque geram
frustração do cérebro e desmotivação. O mesmo acontece com as tarefas
exageradamente fáceis.
A Neurociência não proporciona “receitas prontas” para
estimular a aprendizagem, mas mostra alguns caminhos. Um educador deve
respeitar três regras para realizar o processo com sucesso: é preciso ajudar o
aprendiz a perceber que é ele quem está no controle, fazê-lo entender o quanto
aquilo é importante para a sua própria vida e ajudá-lo a encontrar a emoção,
ensinando-o a lidar com ela. A aprendizagem que oferece senso de controle e
percepção de progresso é muito estimulante para o aluno.
Quando se fala em “aluno” muitos associam diretamente à
crianças em idade escolar. No entanto as questões aqui discutidas podem ser
desenvolvidas com pessoas de todas as idades. A Neurociência deve ser utilizada
para melhorar o rendimento em uma sala de aula ou até mesmo em treinamentos de
colaboradores de uma empresa, tanto que grandes empresas têm alcançado resultados
bem interessantes.
Fonte: Administradores
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