quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Como estar certo na maioria das vezes

Não há dúvidas que o debate de ideias e visões divergentes é parte integral de nossa vida profissional e cotidiana. Neste texto então, eu separei de maneira mais abrangente, oito dicas de minha autoria para a reflexão pessoal acerca do tema. Ouso afirmar que, seguindo estas dicas em plenitude, você terá mais sucesso nos debates




Quero iniciar esse texto deixando claro que não quero ter a pretensão e nem a vaidade de me proclamar dono da verdade ou de natureza incomum a todos nós humanos. Também é premissa construir como plano de fundo, para a lista de exercícios que apresentarei a seguir, o seguinte cenário:

Entenda como “verdade”, a soma de múltiplas visões que convirjam a um ponto comum, e que, assim como na ciência, não há absoluta afirmação, quando não, verdades por convenção.

E, admitindo a não competência da verdade em ser absoluta, que consiste em um grande paradoxo, opto por não me estender em fundamentar esta afirmação, e começo por agora a iniciar um conjunto de 8 dicas para estar certo na maioria das vezes:

1 – não se limite a expor o seu ponto de vista: Embora cada pessoa, ao longo de sua vida, aprenda a pensar de sua forma particular, levando em conta suas experiências, seus estudos, seu círculo social, seu contexto social e econômico, admita que em um debate, as pessoas não pensam da mesma forma e não têm a mesma bagagem. Tente conhecer a pessoa, suas referências filosóficas, mas admita-a como um subproduto dinâmico de tudo que ela trás como bagagem, nunca limite a pessoa com quem você está discutindo a um estereótipo ou parte imutável de certa corrente filosófica e/ou de comportamento.

2 – ouça mais, fale o suficiente – seja contundente: Entenda um debate de ideias extenso e assíduo, como um exercício de tolerância e de soma de valores. Tenha o pragmatismo e a disciplina de tomar nota de ‘cada canto’ do discurso de seu interlocutor. É impossível fundamentar um ponto de vista (uma verdade), sem refutar os contrapontos expostos pelo seu interlocutor.

3 – nunca discuta a pessoa, discuta a ideia: Como exposto no item 1, seu interlocutor não é uma figura estática. Nunca caia na armadilha (subterfúgio) de perder o foco da discussão. As discussões mais acaloradas têm sempre a possibilidade de que se turve o foco e se transforme em ataque pessoal. Tenha sempre o bom senso de perceber se um debate está caminhando para este lado e tente subverter a situação, se necessário aborte o debate, esclareça que vocês estão discutindo pacificamente e tente continuar.

4 – se aprofunde mais sobre o assunto em debate: Não muito raro, muitas vezes percebemos que as pessoas formam uma opinião com o mínimo de informação possível. Às vezes nem pensam a respeito, simplesmente repetem um discurso, normalmente divulgado em fonte de massa. Não seja assim! Procure inclusive dados que possam provar que (se) você está errado. Crie sua posição tendo em base dados oficiais de órgãos competentes, quanto menos intermediários houver entre a informação e você, melhor.

5 – discuta com idiotas: Em um primeiro momento, você pode ter ficado chocado quando leu “idiota” aqui, sim?! Lembre-se que a verdade nunca é absoluta, muitos de seus idiotas são considerados gênios por outras pessoas e muitos dos seus gênios são vistos como idiotas.  Em um ponto mais cotidiano: formação escolar, classe social, capacidade de comunicação verbal e escrita, muitas vezes combinam com posições mais contundentes, mas isso não é absoluto. Lembre-se do item 2 e do item 3. Não se admire se eu contar que aprendi muito mais conversando com determinadores moradores de rua em pontos de ônibus, (e nisso eu tenho talento, ou talvez seja porque eu sempre sou receptivo também com eles) que com determinados professores na faculdade ou pessoas engravatadas. Os principais idiotas são aqueles que julgam os outros como idiota.

6 – divergência no debate, entenda o ponto de vista do outro: Debate sem divergência não existe e os pontos de vistas mais diametralmente opostos, guardam a solução dos problemas mais importantes da vida. Tenha este item como uma sequencia da soma do item 1 com o item 2. É importante dissecar cada fragmento que fez com que seu interlocutor chegasse aquele ponto de vista, absorva o ponto de vista dele. Tente entender o ponto de vista dele como o certo e o seu como o errado, refaça o caminho do pensamento até a divergência (é como jogar xadrez consigo mesmo).

7 – sempre cogite a hipótese de estar errado, mas não mostre fraqueza: O grande caminho para estar sempre certo é se policiar para não estar errado, lógico que não é tão simples como esta afirmação pode parecer, mas entenda este item como a soma de todos os 6 outros . Tente não gaguejar em um debate, mas se acontecer tenha a hombridade de assumir a gagueira de cabeça erguida e continue. Fale pausadamente e ordene bem seus argumentos, beba água. Se em algum momento estiver errado, admita.

8 – não tenha a pretensão de vencer um debate ou de estar sempre certo: Se você iniciar um debate com o objetivo de sair vitorioso ou de desqualificar seu oponente, estará expondo seu calcanhar. Se o interlocutor for minimamente perspicaz, irá te desarmar no primeiro golpe. Verdade e vaidade são facilmente confundidas em um debate de ideias, tenha um objetivo claro antes de começar.

Estas são 8 dicas que eu aprendi ao longo da minha caminhada e que podem (e assim eu espero) te ajudar na vida.

Agora você pode estar pensando “Estas dicas são menos ativas do que eu imaginava”, certo?! Talvez sim, eu vejo a busca pela verdade em um debate como um exercício muito mais reflexivo e passivo de ordenamento lógico de ideias. É como um processo de simbiose, onde você acaba se tornando um mediador da verdade, construindo sobre a sua tese e da do seu interlocutor, uma versão mais convencional dos fatos, a partir dos contrapontos e divergências do debate.

Muitas vezes você já iniciará um debate com o prisma da “verdade mais convencional”, nem por isso o caminho é menos abstruso, ainda assim se faz necessário estes exercícios de método para confirmar ou refutar sua condição inicial.

Você pode perceber então, que este é um caminho cíclico e intermitente, mas a cada ciclo de debate que você completa, o próximo vai ficando mais prático, e você ficando mais certo.

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