O mundo está mudando, mas será que você irá sobreviver às
transformações? Descubra cinco estratégias para não virar um dinossauro e
garantir sua vaga na futura geração de líderes
Pense rápido: qual é a melhor estratégia de sobrevivência
descoberta pela espécie humana há pelo menos dois milhões de anos? E qual a
tática que tem garantido vida longa e próspera para as maiores empresas do
planeta? A resposta é a mesma, nos dois casos: adaptação. Desde que o nomadismo
acabou, desde que o escambo deu lugar ao dinheiro, desde que estradas de ferro
mudaram o mapa dos países, desde que o homem construiu, navegou e vôo,
adaptar-se é preciso. E isso vale tanto para a biologia quanto para os
negócios.
De tempos em tempos, os líderes – assim como os organismos
vivos – precisam reconhecer as mudanças no ambiente e adaptar-se às
transformações que estão por vir, senão, podem ser destruídos por elas.
Pensando nisso, elaboramos um guia com cinco estratégias para você não perder o
bonde da evolução e sobreviver no competitivo mundo da Administração. Leia,
pondere e principalmente aceite as mudanças. Do contrário, o risco de virar um
dinossauro é todo seu...
Olhe para economia do vizinho
A família Smith comprou a casa dos sonhos. Fez um
empréstimo, parcelou em centenas de vezes, mas nunca conseguiu pagar a
hipoteca. Problema deles, certo? Não mais. A crise americana do subprime deixou
esta lição aos administradores do futuro: ficar de olho no telhado do vizinho
pode, sim, ajudar na sobrevivência de um negócio. Afinal, na era da
globalização, quando uma economia sofre, todas sofrem juntas – e quem não está
atento às oscilações do mercado pode ser pego de surpresa. Foi o que ocorreu
quando, a partir de 2007, o caos no mercado imobiliário americano causado pelas
hipotecas de risco fez os bancos perderem totalmente o crédito, o que gerou um
efeito dominó negativo no mundo inteiro. Empresas fecharam as portas, outras
viram as vendas despencar.
O erro delas, segundo alguns especialistas, foi terem se
voltado demais para o próprio umbigo. "Não podemos mais simplesmente gerir
um negócio sem levar em conta as consequências mais amplas do que estamos
fazendo", explica Bruce Kogut, professor de Liderança e Ética da
Universidade de Columbia, nos EUA. Para os alunos e futuros líderes, ele ensina
o que chama de "pensamento integrado". "Na prática, significa
separar o que pode ser útil e bom para o crescimento econômico e financeiro de
uma empresa daquilo que, a longo prazo, pode se revelar destrutivo para todo
sistema – e, a partir dessas informações, fazer a escolha certa", afirma
Kogut. E qual é a decisão ideal? É aquela "baseada na ética", defende
o especialista.
Vista a camisa verde
É preciso agir como um camaleão para sobreviver em um
ambiente hostil e competitivo. Mas, na hora de mudar de cor, recomendamos o
verde aos futuros líderes. Em outras palavras: vista a camisa da ecologia,
adotando uma atitude a favor da natureza. Uma empresa amiga do meio-ambiente,
cá entre nós, ganha pontos no quesito marketing. Ser ecologicamente correto soa
bem, rende reportagens favoráveis na mídia e, claro, o reconhecimento do
público – e tudo isso, de um jeito ou de outro, pode ser revertido em lucro.
Esse, no entanto, é o aspecto mais superficial. É importante lembrar que o
impacto ambiental causado por um empreendimento pode abalar ecossistemas inteiros,
prejudicando regiões, países e o próprio planeta. E, no futuro, quem paga o
pato é a própria empresa.
Diante desse risco, James Clawson, professor de
Administração de Empresas da Universidade de Virginia, nos EUA, faz um alerta
aos líderes do futuro: "Não podemos continuar extraindo, usando,
descartando e partindo para a próxima reserva. Temos de nos conscientizar de
que é necessário viver de modo mais sustentável". Isso significa apostar
em novos modelos de funcionamento e até repensar a cultura inteira de uma
companhia. A Wal-Mart, gigante do varejo norte-americano, fez isso quando
investiu 500 milhões de dólares na redução de gases causadores do efeito estufa
e no consumo consciente de energia elétrica. As consequências dessas decisões
talvez sejam percebidas só daqui a algumas décadas, pelas próximas gerações.
Mas ninguém duvida de que valerá a pena.
Entre para a aldeia virtual
Você usa email, conversa em chats e até arrisca opinar em
fóruns da internet. Mas isso não significa que está por dentro do que acontece
na aldeia virtual. Afinal, ainda há o Linkedin, o Twitter, o Tumblr e inúmeras
outras ferramentas online esperando por você. Elas se multiplicam a cada dia e
oferecem possibilidades de comunicação jamais vistas antes. Cabe ao administrador
do futuro ficar de olho nesse arsenal tecnológico e descobrir como tirar o
melhor proveito de tudo isso. Quer alguns exemplos? Você pode começar
utilizando a internet para acelerar a troca de informações com seu time,
compartilhar documentos e discutir todo o tipo de ações – para isso, basta uma
simples conta de email ou um serviço chat. Também é possível usar o ambiente
online para acompanhar o desempenho das equipes, dar feedback mais rápido aos
funcionários e ainda realizar treinamentos e conferências - nesse caso, uma
webcam e muita disposição para falar e ouvir são mais do que suficientes.
As empresas ainda podem aproveitar as ferramentas virtuais
para estreitar a relação com seu clientes, tornando a comunicação mais pessoal
e instantânea. Hoje, isso é possível por meio dos microblogs como o Twitter e o
Tumblr ou de redes sociais como Facebook, que ainda permitem esclarecer dúvidas
de consumidores, apresentar produtos e serviços, realizar pesquisas de opinião,
entre outras coisas. As opções são muitas e o segredo, como você já adivinhou,
é se manter conectado.
Não espere o funcionário se adaptar
Manter uma equipe motivada, produtiva e engajada não é
fácil. Para piorar, de algumas décadas para cá, valores como fidelidade e
lealdade a uma única empresa parecem ter ficado para trás, o que aumenta o
desafio de quem está na liderança. "Além disso, as mudanças de
perspectivas profissionais, a partir de um mercado mais exigente em termos de
formação, experiência e atualização, também criaram funcionários mais exigentes
com a empresa, no que se refere à expectativa de crescimento, benefícios, treinamentos
e qualidade das relações de trabalho", afirma a psicóloga Clarissa de
Franco, em São Paulo.
Diante desse quadro, a saída é uma só: adaptação. "O
que servia ontem para a satisfação dos empregados hoje pode já não mais servir.
Assim, a empresa deve caminhar e se transformar em comunhão com quem a
constrói", aconselha a especialista. Foi o que ocorreu na sede do Google,
na Califórnia, onde os funcionários hoje têm direito a café da manhã, almoço e
jantar, além de guloseimas a qualquer hora do dia. Os googlers ainda dispõem de
cabeleireiros, massagistas, salas de ginástica, creche para os filhos e até pet
shop.
A experiência da empresa californiana mostrou que simples
mudanças como essas podem refletir positivamente no desempenho das equipes,
aumentando a produtividade. Na Suécia e na Dinamarca, algumas companhias também
seguiram caminho semelhante. Depois de constatar que muitas pessoas não
"funcionam" bem pela manhã, elas decidiram se adaptar ao ritmo
biológico dos funcionários e passaram a oferecer horários noturnos
alternativos.
O home-office, ou escritório em casa, é outro modelo que
reflete a adaptação das empresas às necessidades dos indivíduos. Nesse caso, o
funcionário trabalha em casa, conectado com o chefe pela internet. "A
maior vantagem é a flexibilidade do horário de trabalho. Se, pela manhã, estou
sempre cansado e com sono, posso trabalhar tranquilamente à tarde e à
noite", explica o professor universitário e programador Maurício
Linhares,de João Pessoa, que adotou o home-office para trabalhar para uma
empresa norte-americana de tecnologia. Segundo ele, outra vantagem é a economia
de tempo no deslocamento casa-trabalho e a redução do estresse causado pelo
trânsito congestionado das grandes cidades.
Aprenda de tudo um pouco
Aprender e essencial. Seja na sala de aula, seja na prática.
Mas não adianta decorar teorias, fórmulas e seguir a receita do sucesso alheio.
A saída, para o líder do futuro, é pensar fora da caixa, ou seja, buscar
aprendizado além dos limites da sua própria área. Um exemplo disso veio da
Universidade de Oxford, na Inglaterra. No novo mestrado da recém-criada
Blavatnik School of Government, a grade de disciplinas foge a todos os padrões
das escolas de Administração e oferece aulas de Direito, Ciências Sociais,
Tecnologia, Saúde, Finanças e Energia. Com essas mudanças, a universidade, que
se gaba de ter educado 26 primeiros-ministros britânicos e 30 líderes mundiais,
quer que seus alunos aprendam a pensar de maneira mais ampla e globalizada.
Ao sair de lá, eles irão entender de economia a mudanças
climáticas, de administração a pandemias de gripe. "Queremos oferecer aos
líderes de amanhã o melhor do ensino tradicional de Oxford associado com novas
maneiras de compreender as transformações que atingem essa área", afirmou
o vice-reitor da universidade Andrew Hamilton, durante a inauguração da escola,
em setembro. E já que a tendência é diversificar o aprendizado, não custa
lembrar o quanto é importante, para um líder em formação, aprender sobre outras
culturas, dominar novos idiomas e principalmente ler e se informar sobre o
mundo. As informações estão todas à mão, hoje disponíveis em apenas um clique
de mouse.
Assim caminha o mundo
Nem políticos, nem lideres religiosos. Na opinião do
professor James Clawson, autor de vários livros sobre Administração e professor
da Universidade de Virginia, nos EUA, o futuro do planeta está nas mãos dos
administradores de empresas. E essa não é a única mudança a caminho. A seguir,
em uma entrevista exclusiva, ele enumera as principais tendências no mundo dos
negócios.
Tendência 1 – Líderes mais gananciosos
"Os seres humanos sempre foram gananciosos. Mas o que
me preocupa é o surgimento da chamada 'cultura da extração'. Líderes e
estudantes parecem mais preocupados com que irão extrair do mercado do que com
o que vão deixar de legado. Eles pensam em comprar para vender, e não mais em
construir. A ganância gera especulação, o que prejudica toda a comunidade
global."
Tendência 2 – Mais mulheres no poder
"Mais e mais mulheres estão ocupando postos de comando
e essa é uma mudança muito bem-vinda para o chamado C-level. Elas ainda lutam
por espaço em várias nações industrializadas, mas isso está mudando e, em
consequência, teremos uma visão mais equilibrada dos negócios."
Tendência 3 - Aumento da competitividade
"Com as inovações tecnológicas dos últimos vinte anos,
as empresas não conseguem mais esconder seus lucros. Resultado: se existe algum
setor onde é possível ganhar dinheiro, esse setor logo será atacado. A
informação instantânea aumentou a competitividade e a pressão para obter
lucro."
Tendência 4 – Fim das barreiras culturais
"As diferenças culturais estão diminuindo e os líderes
globais descobriram que as barreiras culturais e linguísticas não são tão
grandes assim. No fundo, somos mais parecidos do que imaginávamos e todos
queremos fazer negócios. Por isso, afirmo que o futuro do mundo não está nas
mãos de políticos ou religiosos, mas de quem lidere empresas."
Perfil do novo líder
Perguntamos, no site Administradores.com.br, qual a
característica mais importante para o Administrador do Futuro. Veja, a seguir,
o resultado da pesquisa:
Ser inovador e visionário – 28,37%
Ser flexível a mudanças – 12,29%
Saber liderar equipes heterogêneas – 11,56%
Ser ético – 7,31%
Fonte: Administradores
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