Você é a favor de um sistema tributário com mais de 50
tributos? Que tem 54 normas modificadas todos os dias, cujo conjunto de regras
forma 11 milhões de combinações de cálculos em impostos? E no qual há 105 mil
alíquotas só no Simples Nacional (que seria, em tese, um regime para
simplificar o modelo tributário)?
Gostaria de manter o país como campeão mundial no ranking da
burocracia tributária? Onde amargamos, segundo o Banco Mundial, a pior situação
em custo de conformidade tributária e trabalhista? Acha que as empresas
brasileiras devem gastar nove vezes mais do que as dos outros países somente
para calcular e demonstrar os impostos? E que é normal você pagar essa conta,
que representa 4% do valor dos produtos (no mínimo)?
Com certeza, 43% da população diriam não à manutenção desta
nossa gigantesca favela tributária pelo simples fato de sonharem em ser donos
do próprio negócio. No Brasil, esse é o total de pessoas, segundo a pesquisa
Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2012, com interesse direto na atividade
empreendedora, sendo que 36 milhões já estão concretizando seu sonho em algum
negócio próprio.
Também, mais da metade da nova classe média do país diria
não. Afinal empreender está nos planos de 51% dos brasileiros emergentes.
Então, a quem interessa manter intocado o nosso manicômio
tributário de cada dia? Será que o trabalhador gostaria de pagar mais caro em
suas compras para sustentar a burocracia? Creio que não. Na realidade, o modelo
não é reconstruído, porque há uma minoria sendo beneficiada por ele.
Todo esse quadro só faz incentivar a própria sonegação. Não
somente a de pequenas empresas ou dos informais que não conseguem compreender o
motivo de tanta complicação. A grande evasão ocorre de forma meticulosa, com
empresas que adotam “um planejamento tributário agressivo e não raramente
procedem ao esvaziamento de seu patrimônio através da utilização de toda uma
variedade de técnicas encontrada nos crimes de lavagem de dinheiro”, conforme
explica o diretor do Departamento de Gestão da Dívida Ativa da União (DGDAU) da
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN).
Com isso, se favorece a proliferação de milícias tributárias
que se aproveitam da confusão generalizada para “vender favores” em troca de
financiamento de campanhas políticas Homens públicos instituem benefícios,
isenções, tratamentos especiais e incentivos, tendo como contrapartida o apoio
financeiro em suas campanhas eleitorais.
Enfim, não é preciso um plebiscito para se constatar a necessidade
de se colocar um fim neste cenário. Afinal, um sistema tributário que prejudica
empreendedores honestos e beneficia os grandes sonegadores, corruptos e
corruptores, não é mais aceito pelo povo brasileiro. As ruas têm mostrado isto
com espantosa clareza, basta querer enxergar.
Fonte: Administradores
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