A previsão é que 233 mil trabalhadores temporários sejam
contratados até dezembro. No entanto, 43% das empresas admitem que não vão
assinar carteira, aponta estudo do SPC e CNDL
As empresas brasileiras de comércio e serviços já começaram
a se movimentar para as contratações de funcionários temporários para suprir a
demanda das festividades de fim de ano. De acordo com um estudo encomendado
pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e pela Confederação Nacional de
Dirigentes Lojistas (CNDL), 23% dos empresários devem contratar temporários no
período.
Por outro lado, boa parte (43%) dos que pretendem contratar
o farão sem assinar a carteira de trabalho dos trabalhadores. Isso significa
que os direitos básicos assegurados por lei -- como salários justos, folga
semanal remunerada, horas extras, dentre outros -- não serão garantidos.
“Até alguns benefícios adquiridos por negociações coletivas
também devem ser estendidos aos funcionários temporários, como por exemplo, o
auxílio alimentação”, explica o gerente financeiro do SPC Brasil, Flávio
Borges.
Os empresários, por sua vez, culpam os elevados encargos na
folha de pagamento pelo baixo desempenho na geração de empregos formais. Na
avaliação do presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior, muitas conquistas
foram adquiridas ao longo dos últimos dez anos, a exemplo da criação da
modalidade jurídica do Microempreendedor Individual, que já formalizou mais de
três milhões de trabalhadores. “No entanto, ainda é preciso fazer mais,
sobretudo pelo pequeno empreendedor. O consumo e a geração de novos postos de
trabalho ainda são emperrados pelos entraves gerados pelo excesso de impostos e
pela folha de pagamento onerosa”, defende.
Trabalhadores efetivados
A pesquisa sinaliza que um total de 233.149 temporários
devem ser contratados. Destes, 14,2% (33.097) devem ficar na empresa e ser
efetivados. De acordo com a pesquisa, 55% dos entrevistados avaliam que as
vendas serão melhores neste final de ano do que em igual período de 2012.
No comércio, as expectativas são ainda melhores e o
percentual sobe para 62%, contra 46% do setor de serviços. Os motivos para o
otimismo, segundo os próprios entrevistados, estão na existência de mais
crédito disponível (36%), seguida por aspectos como queda no desemprego (25%),
maior planejamento financeiro das famílias (19%) e mudanças no cenário
econômico atual (16%).
Perfil do profissional
A pesquisa também procurou conhecer características pessoais
e as habilidades profissionais dos empregados requisitadas pelos comerciantes
de shoppings, lojas de rua e prestadores de serviço. De modo geral, o estudo
apontou que o mercado busca mão de obra temporária jovem, com ensino médio
completo, disposta a receber em média um salário mínimo (R$ 678) para trabalhar
na função de vendedor e que seja dinâmico e pró-ativo.
Em relação à faixa etária, a pesquisa mostra que a maior
parte do comércio busca profissionais com idade entre 18 e 24 anos, enquanto
que os prestadores de serviço tendem a absorver funcionários de uma faixa
etária superior, em especial entre 25 e 49 anos (83%). ”O comércio dá oportunidades
à mão de obra jovem, com pouca ou nenhuma experiência, o que dá ao empresário a
oportunidade de treinar um profissional de baixo custo. Já o setor de serviços
tende a priorizar um trabalhador mais experiente, que dê um atendimento mais
especializado ao consumidor”, avalia Pellizzaro Junior.
No geral, a pesquisa mostra que 50% dos funcionários
temporários vão receber um salário mínimo por mês. O percentual sobe para 54%
no comércio e cai para 39%, no caso do setor de serviços. Em 32% dos casos, os comerciantes
vão complementar a remuneração com comissões sobre o valor das vendas. “O
mercado dos setores pesquisados tende a contratar uma mão de obra jovem, com
pouca experiência e por um período determinado, o que pode justificar a baixa
atratividade em termos de remuneração”, avalia Borges.
Período e prazo de contratação
De acordo com a pesquisa, a maior parte dos empresários do
comércio (86%) pretende contratar profissionais por no máximo três meses. No
caso do setor de serviços, o período de maior incidência cai para até dois
meses (63%), certamente em função da maior qualificação e maturidade da mão de
obra, cuja remuneração, segundo a pesquisa, tende a ser mais elevada, com
maiores despesas para o contratante.
Embora 19% dos empresários afirmem já ter feito
contratações, a maior parte (48%) vai deixar para contratar mão de obra em
novembro, enquanto que 27% pretendem iniciar as seleções em outubro e 5% no mês
de dezembro.
Metodologia
O estudo ouviu 731 empresários do setor de comércio e
serviços de todas as 27 capitais brasileiras. A margem de erro do estudo é de
3,6 pontos percentuais para um intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Administradores
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