sábado, 4 de fevereiro de 2017

RH: De pessoa para pessoa

Em tempos de demandas pessoais crescentes, desconstrução de padrões sociais e envelhecimento da população o setor de Recursos Humanos ganha novos desafios 



Com as mudanças de costumes, maiores expectativas pessoais e a ampliação do tempo de trabalho ao longo da vida, o setor de Recursos Humanos precisa encarar novos desafios. Conciliar gerações, estilos e valores às vezes conflitantes em um ambiente de trabalho e lidar com os desejos e insatisfações de pessoas que estão dispostas a trocar de emprego facilmente são questões do dia a dia do RH. Já tem algum tempo que este desapego se faz presente, especialmente entre os jovens, quando se deixou de delegar o destino profissional e pessoal às organizações. “Pelo menos nos últimos 20 anos venho defendendo essa tese. As pessoas precisam ser responsáveis por suas vidas e carreiras. Acredito serem os profissionais mais realizados aqueles que mantiveram em suas mãos as rédeas destes fundamentais fatores para o ser humano”, comenta o Adm. Orian Kubaski, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-RS) e do Núcleo de Recursos Humanos do Sistema Fecomércio – Senac-RS. 

Kubaski afirma que a Administração de pessoal está diretamente associada ao Administrador de Empresas, juntamente com outras funções históricas do profissional. “A multidisciplinaridade decorrente do aumento da complexidade em todas as áreas da gestão e, mais recentemente, o advento da globalização, passaram a exigir mais cooperação e interdependência entre as diversas áreas, sejam elas de natureza puramente científica ou das relações humanas. De qualquer modo, continuo acreditando que a Administração permanece sendo a formação mais eclética para atuar em gestão de pessoas.” 

Os principais desafios da gestão de RH ainda são a capacidade empresarial de atrair, manter e desenvolver seus talentos em meio a uma competitividade sem precedentes, ou seja, como contar com os melhores profissionais dentro de suas possibilidades de sustentabilidade. “Aqui entra o diferencial do gestor de pessoas, usando estratégias compatíveis com o seu negócio e com sua capacidade de remunerar, qualificar, oferecer desafios e crescimento, um ambiente ético, saudável e que promova felicidade aos seus colaboradores alinhados aos objetivos estratégicos das organizações e sem comprometer sua saúde financeira.” 

O conflito de gerações segue na pauta hegemônica, pois se vive pela primeira vez na história a experiência de cinco gerações em uma mesma organização: de veteranos, passando pelos baby boomers , pela geração X e Y e o ingresso da geração dita “Z” ou Zap, que são os nativos digitais, nascidos na segunda metade dos anos 90 e que já estão nas universidades, faculdades e empresas. “Detalhe, alguns deles não conheceram, por exemplo, Ayrton Senna. Jovens de 20 e senhores de 70 anos podem estar trabalhando lado a lado. Obviamente, seus modelos mentais são totalmente distintos e as diferenças de valores igualmente. Como ganhar sinergia em um ambiente com estas características e com toda esta diversidade? Eu diria somente duas coisas: primeiro, se não for possível acabar com a intolerância, faça o possível para reduzi-la. Segundo, promova a admiração entre essas gerações, pois são todas interdependentes, seja pela compreensão do comportamento humano e as experiências vividas, seja pela atualização tecnológica. As organizações precisam de ambas para sobreviver, crescer e perpetuar”, diz. 

A discussão da Reforma da Previdência, tão em alta no país, impacta diretamente no setor. Para Kubaski, quanto ao aspecto de tempo de atividade e aposentadoria não há saída, os prazos precisam ser ampliados para haver sustentabilidade social. O desafio das organizações é tornar o trabalho cada vez mais gratificante, fonte de felicidade. Ele acredita que quando se entender que o emprego não é fonte de castigo, mas de realização, o sofrimento com essas questões de aposentadoria deve acabar. 

A Adm. Geovana Polese, especialista em Gestão de Pessoas, trabalha na área há oito anos e percebe uma gradativa valorização. Hoje, ela atua principalmente em dois pilares de RH: R&S (recrutamento e seleção) e T&D (treinamento e desenvolvimento). “RH é tratar com pessoas e sobre pessoas todo o tempo. Exige muita flexibilidade e maturidade, pois atua de forma a alcançar os objetivos organizacionais e dos funcionários. Com as mudanças de cenários, nem sempre é possível manter essa relação harmônica e é papel da Gestão de Pessoas intermediar e assumir decisões que satisfaçam a todos.” 

Sobre as novas demandas pessoais, ela diz que cada geração tem suas convicções. “Fala-se muito que os jovens são imediatistas, que querem curtir a vida, não se prendem a nada, e por aí vai. Não se pode generalizar, mas as gerações mais novas realmente querem viver o momento, mesmo que planejem o futuro”, aponta, destacando que as empresas devem manter seus objetivos alinhados e focar na captação de profissionais que possuam princípios iguais ou muito próximos aos da organização. “Hoje a grande busca dos jovens é a identificação com o negócio, além da possibilidade de crescimento profissional e pessoal.”

Fonte: Revista Master

Momento do ADM - 04 fevereiro 2017.


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