sábado, 27 de julho de 2013

Rosalind Franklin, “mãe” do DNA, ganha homenagem do Google

Rosalind Franklin, a pesquisadora mais injustiçada na história da ciência, é homenageada no Doodle do Google




São Paulo -- Rosalind Franklin, que muitos consideram a pesquisadora mais injustiçada na ciência moderna, é a homenageada de hoje no Doodle, o logotipo do Google. A biofísica britânica foi uma das descobridoras do DNA, base de toda a genética atual, mas não ganhou o prêmio Nobel por isso

O Doodle exibido na página de buscas do Google mostra uma imagem de Rosalind Franklin junto com elementos que fazem referência a seu trabalho. Há um desenho da estrutura do DNA e outro (à direita) da chamada foto 51, uma imagem da molécula obtida por Raymond Gosling, da equipe liderada por ela, que foi decisiva para determinar sua estrutura.

A biofísica, que nasceu em Londres em 1920, completaria 93 anos nesta quinta-feira. Rosalind foi a primeira pesquisadora a fotografar a molécula de DNA usando uma técnica de difração de raios X. Artigos escritos por ela e não publicados na época mostram que ela já havia determinado alguns aspectos da estrutura da molécula antes de outros cientistas.

Aparentemente, Rosalind achava que era preciso reunir mais dados antes de divulgar um modelo proposto para o DNA. Isso acabaria permitindo que outros cientistas passassem à frente dela e anunciassem a descoberta antes.

Francis Crick e James Watson, pesquisadores da universidade de Cambridge, tiveram acesso a imagens feitas por Rosalind e desenvolveram seu trabalho com base nelas. Em 1953, eles publicaram, na revista científica “Nature”, seu famoso estudo revelando a descoberta do DNA. O texto trazia escassas referências ao trabalho de Rosalind.

A biofísica ainda publicaria seu próprio artigo sobre o assunto, na mesma revista, algum tempo depois. Mas era tarde demais. Crick e Watson entraram para a história como os descobridores do DNA e dividiram o prêmio Nobel de 1962 com Maurice Wilkins pela descoberta.

Wilkins era chefe de um laboratório onde Rosalind havia trabalhado nos anos 50, no King's College de Londres. Os dois se odiavam e há cartas, reveladas muito tempo depois, em que Wilkins chama Rosalind de bruxa e a ataca duramente. Foi ele quem mostrou a foto 51 a Watson sem o consentimento dela.

Mas, na época do prêmio Nobel, Rosalind já não estava lá para se defender. Havia morrido em 1958, aos 37 anos, de câncer no ovário. Com o tempo, tanto Crick como Watson passaram a dar algum crédito a ela pela descoberta. Cartas de Crick divulgadas muitos anos depois confirmaram que as imagens dela haviam sido fundamentais para o desenvolvimento da teoria deles.

Em seu livro "The Double Helix", Watson argumenta que o trabalho de Rosalind era essencialmente experimental e afirma que ela não estava empenhada em desenvolver um modelo teórico para o DNA. Mas Crick relata que foi ela quem determinou que as cadeias de fosfato do DNA ficavam nas bordas, com bases alinhadas entre elas como degraus de uma escada.

Antes disso, ele, Watson e outros cientistas haviam trabalhado com a hipótese contrária, de que haveria uma espinha dorsal de fosfato no centro e bases apontando para fora.

Fonte: Exame

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