Surgimento das Ações
Duzentos anos antes de Cristo já se formavam no mundo romano
sociedades por ações. Porém os mercados regulares para venda de ações em
lugares públicos só surgiram por volta do ano 1600 da nossa era.
Como se forma uma sociedade por ações?
Algumas pessoas decidem organizar uma companhia para
explorar comercial ou industrialmente uma ideia ou um ramo de atividade com o
objetivo de lucro.
Cada qual decide que quantia vai arriscar no negócio. O
capital necessário para dar início às operações sociais é dividido em ações com
valor nominal arbitrado de comum acordo.
A quantidade que cada sócio subscrever determinará o seu
percentual de participação e o nível da sua ingerência nos negócios.
A sociedade se chama, portanto, por ações. Ação é a parcela
mínima do capital. Equivale à escritura
de um título de propriedade da parte ideal da empresa.
Suponhamos que, após começar a funcionar, a organização seja
aceita pelo mercado, onde veio preencher uma necessidade dos consumidores. Ao
crescer, precisará de mais capital.
Novas subscrições são requeridas dos sócios. Se continuar o
crescimento, há uma hora em que se esgota a capacidade dos sócios originais de
aportarem mais capital.
Desse modo, pela primeira vez eles decidem admitir na
sociedade pessoas de fora. Ações são oferecidas ao público, ficando assim
prontas para negociação nos pregões da Bolsa de Valores.
Qualquer pessoa, por pequeno que seja o seu capital, desde
que suficiente para comprar um só ação, pode tornar-se acionista de empresa com
ações na Bolsa. Como acionista, participará dos seus lucros.
A parcela dos lucros que é distribuída chama-se DIVIDENDOS.
Quando a empresa se torna pública, suas responsabilidades
assumem outra dimensão. Os novos investidores só esperam que a companhia
produza lucros e os distribua entre os sócios, para que seus capitais sejam remunerados.
Não pretendem ser donos da empresa. Basta-lhes que esta gere lucros e distribua
o mínimo legal. Os sócios só querem que esse compromisso seja respeitado.
Distribuir lucros regularmente é maneira de reter
acionistas. Se a empresa não gera e, portanto, não distribui lucros, os
acionistas se decepcionam e vendem suas ações a terceiros.
Para a empresa é ruim perder acionistas, porque então ficará
difícil chamar novas subscrições e recolher o capital que lhe permitiria
prosseguir com seus planos de expansão. Por isso é de toda conveniência que a
companhia agrade aos sócios e lhes dê o mínimo que eles desejam para
permanecerem na sociedade.
Os sócios precisam ser informados de tudo o que acontece com
a companhia. Eles não querem ser vítimas de mentiras, omissões e deslealdades;
não gostam de ser enganados.
Se a empresa for mentirosa, omissa e desleal, os sócios
retiram-se. Têm obrigação moral de fazê-lo, para prioritariamente defender seu
patrimônio.
Além do mais, dar as costas a administradores ruins, que
façam negócios obscuros e não zelem pelos interesses da empresa mais do que
pelos interesses próprios, fará com que outros administradores seja compelidos
a respeitar o Mercado e os Investidores.
Quanto vale a empresa
No mundo pratico em que vivemos, em que predominam as
relações de troca, a questão fundamental é o preço das coisas que se vendem.
Sabe-se que na fixação do preço de mercadorias entram em
conta fatores como custos da produção, transporte, lucros do produtor e do
revendedor e, naturalmente, impostos.
O comprador precisa ter interesse no produto, além do
dinheiro para comprá-lo. O interesse é determinado pela possibilidade de uso
objetivo da mercadoria.
Na bolsa, há muitos papéis que subiram demais e atingiram
preços de colecionador. As ações da Bolsa, do ponto de vista de quem pretende
fazer investimentos, não especular, podem ser divididas em dois grupos: as que
têm utilidade prática, por produzirem dinheiro (dividendos); e as que são
guardadas em cofre, como reserva de valor, para que atinham preço ainda mais
alto, a fim de que possam ser vendidas mais tarde por uma fortuna, mas que no
momento não produzem rendimento proporcional ao preço.
No primeiro caso, o valor é objetivo; no segundo, subjetivo,
sem quantificação matemática possível.
Quando se levanta a questão do preço justo da ação, impõe-se
primeiro a pergunta “Qual é o preço justo da empresa?”
Aqui muitas variáveis influem, como a qualidade da companhia
e da sua administração, sua capacidade de gerar lucros, a aceitação dos seus produtos,
sua posição no mercado, o conceito de que desfruta junto ao público, a bancos e
a fornecedores.
Se a empresa estiver sendo cogitada para venda, há que
também considerar a motivação do proprietário para vendê-la e também o grau de
interesse de quem deseja comprá-la, essa próxima semana mesmo iremos ver a
privatização da Telebrás onde se espera um ágio em torno de 100%.
Há diversas razões que levam um empresário a vender sua
firma: ele quer retirar-se do negócio, a empresa está perdendo mercado ou não
consegue mais competir, ou está estrangulada por dividas (Arapuã) por sua vez,
o comprador poderá querer comprar porque pretende diversificar ou expandir suas
atividades, aproveitar-se de um momento favorável, prevalecer-se das aperturas
do vendedor. O comprador nunca deseja
pagar o preço justo e está sempre ansioso para apoderar-se de uma “GALINHA
MORTA”.
Aplicar na compra de ações com base no retorno em dividendos
só foi possível a partir de dezembro de 1976, no advento da Lei das S.A, que
obrigou as empresas a pagar dividendos mínimos de 25% do lucro líquido.
Antes da lei, cada empresa pagava o que queria, quando
pagava. O dividendo era calculado como percentagem do capital, com ou sem
lucro.
A adaptação das empresas às novas normas foi gradual.
Quanto vale a ação
Na determinação do
preço de uma ação, o que deve ser considerado?
Já que preço é número, não haverá modo prático de
determina-lo no caso das ações?
Se a taxa básica de 6% para remuneração de título de renda
fixa é universalmente aceita, admitamos então que seja 6% a taxa básica de
remuneração das ações.
A remuneração das ações como já vimos é dividendos, que não
poderão ser menores do que 6% ao ano para serem remunerativos.
Se aplicarmos o valor 100 num título de renda fixa,
receberemos 6 de juros. O capital é igual a 16,67 vezes o seu rendimento:
100 X 6 = 16,67
Por essa lógica, o preço da ação deverá ser no máximo 16,67
vezes maior do que os dividendos, que constituem a sua remuneração.
Todo aquele que compra ação para ser remunerado pelos
dividendos não deverá pagar mais do que 16,67 vezes o valor dos
dividendos. Acima dessa proporção,
obterá resultado financeiro melhor se comprar títulos de renda fixa.
Há porém, outros objetivos para comprar ações que não seja
pelos dividendos. Esses objetivos são
quatro:
1. Especular, comprando e vendendo para tentar ganhar em
prazo curto.
2. Adquirir uma reserva de valor como garantia contra a
desvalorização da moeda
3. Melhorar a posição na companhia, para quem já é
acionista.
4. Comprar o controle da empresa.
Aquele que especula orienta-se pelo preço que estiver
vigorando no pregão, qualquer que seja. Para ele, o nome da companhia é o único
referencial. Se a empresa não existisse,
mas se seu nome figurasse no boletim da Bolsa, não faria diferença nenhuma;
continuaria negociando enquanto houvesse interessados em comprar e vender.
Quem compra ações para conservar o valor do seu capital
também não pensa em preço justo.
Aquele que , já sendo acionista, compra ações para reforçar
sua posição na empresa, orienta-se pelo valor patrimonial da ação, que pelo
menos contabilmente reflete o valor de cada ação da companhia.
Todo aquele que vida o controle da organização cuida para
que o custo da compra não seja muito maior do que a despesa em que incorreria
se fosse instalar uma companhia igual à que ele quer adquirir.
Ele também usa o valor patrimonial como referência. Esse investidor não pensa em remuneração
presente, mas futura. Quando for dono da
empresa, poderá tirar dela o proveito que quiser. Mas no momento seria preferível até que a
companhia não pagasse dividendo nenhum e que o preço dos seus papéis não
subisse na Bolsa.
Fonte: Cola da Web
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