quarta-feira, 29 de maio de 2013

Empresa: especialista aponta os principais desafios dos conselhos de administração

Especialista destaca que mudanças na direção dos negócios, visando à sobrevivência da empresa no futuro, devem estar na pauta dos conselheiros




A resolução de grandes questões empresariais são papéis fundamentais dos conselhos de administração de companhias familiares. E o principal desafio é o da sustentação dos negócios no futuro.

Definir estratégias e implementar mudanças para assegurar a continuidade futura dos negócios são tarefas das empresas familiares nos quais o Conselho de Administração têm papel fundamental. Esses desafios foram tema do curso “Estratégia e Governança: o papel dos administradores”, realizado no Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) por Celso Ienaga, sócio-diretor da Dextron Management Consulting, consultoria especializada em projetos de estratégia e organização.

Ienaga lembrou que grandes corporações têm sofrido o impacto da crise e passado por questionamentos – tais como Best Buy, Citigroup, Dell, Chrysler, Yahoo e Xerox. Sem o entendimento adequado das mudanças de mercado e a adoção de estratégias corretas, observou ele, as grandes empresas sofrem as consequências dessas transformações. Identificar as questões-chave e os eventos relevantes que podem mudar a direção dos negócios, assim como ter a coragem de encarar uma nova realidade, recomendar e supervisionar as mudanças fundamentais que irão garantir o crescimento sustentado dos negócios são prioridades de uma governança efetiva – daí a importância da participação do Conselho de Administração.

Segundo Ienaga, os conselhos de administração necessitam entender não só o cenário econômico, para então definir a melhor estratégia a ser adotada, como criar valor para a companhia, apontar quais as oportunidades em que se deve investir, as competências necessárias para isso, além de executar o plano e quais metas e indicadores deverão nortear sua implementação.

Contudo, muitas decisões importantes não são bem fundamentadas, colocando o sucesso do negócio em risco. “Se o conselho de administração não entender o caminho a ser seguido, a empresa perderá algumas janelas de oportunidades ou pode até comprometer seu negócio”, advertiu o sócio-diretor da Dextron. Entre as oportunidades, está a possibilidade de projetar a empresa no exterior, atrair investidores ou fazer uma aquisição.

Avaliar, por exemplo, se a empresa está se preparando tecnologicamente para crescer, se quer comprar outra empresa ou ser comprada, é fundamental em termos de estratégia. Em busca da geração de valor, também é recomendável capturar oportunidades em cima de aspectos como os gaps de mercado – lacunas entre que outras companhias não viram -, os eventuais gargalos – que podem ser atendidos pela empresa em um mercado ávido por uma solução – ou assimetrias de competências.

Algumas empresas que capturaram essas oportunidades estão contribuindo para mudar a origem da riqueza. Celso Ienaga citou o caso da BYD Co, empresa que desenvolveu carros elétricos e já tem uma fortuna estimada em US$ 5,1 bilhões, e a Nine Dragons Paper, desenvolvedora de embalagens a partir de papel reciclado, cuja fortuna situa-se em US$ 4,9 bilhões.

Essas empresas, segundo ele, na contramão da intensa turbulência dos mercados, souberam enxergar algumas tendências globais e da nova economia, capturando oportunidades e reduzindo os riscos. “Lidar com a lacuna entre a complexidade dos mercados mais turbulentos e a competência que permite capturar valor é fundamental para o sucesso da empresa familiar”, observou, ao alertar que as companhias é que devem definir qual oportunidade querem buscar, e não escolher o que surge e chega até elas.

Ainda segundo o especialista, para fazer frente a este contexto cada vez mais desafiador, os conselhos de administração devem focar sua atuação em algumas atividades-chave como: revisitar e reorientar a estratégia corporativa frente a novos contextos e cenários futuros; supervisionar as principais iniciativas de transformação dos negócios; monitorar os principais riscos que podem impactar na sobrevivência da empresa; controlar a realização dos orçamentos, estabelecer objetivos e cobrar o atingimento das metas de desempenho do corpo diretivo e executivo da empresa. Dependendo do nível de questionamento e da qualidade das orientações e recomendações a serem discutidas com os acionistas e a diretoria, muitas vezes acaba-se definindo o sucesso e a continuidade dos negócios hoje e no futuro.

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