Guia para a confecção de projetos de pesquisa
O presente texto apresenta aos alunos alguns aspectos
formais de um Projeto de Pesquisa. A exposição dos diferentes capítulos que
compõem referido projeto (introdução; objetivos; justificativa; metodologia e
bibliografia) e de seu conteúdo têm por objetivo formular uma proposta de
padronização para os diferentes cursos.
Vale confessar previamente para evitar falsas expectativas:
este pequeno texto tem pretensões muito modestas e objetivos meramente
didáticos. Seus objetivos são apresentar ao aluno alguns aspectos formais do
Projeto de Pesquisa, ao mesmo tempo em que são transmitidas certas informações
que podem simplificar sua vida acadêmica.
Um Projeto de Pesquisa é composto de elementos pré-textuais,
formado por capa e sumário; elementos textuais, compostos de Introdução,
Objetivos, Justificativa e Metodologia; e elementos pós textuais, do qual fazem
parte Cronograma e Bibliografia.
A atenção recairá, aqui, sobre os elementos textuais que
compõem o projeto. Comecemos, pois, por alguns aspectos gráficos importantes. O
texto do corpo do projeto deve ser redigido em fonte tamanho 12 e espaçamento
duas linhas. A melhor fonte para os títulos é a Arial e para o texto a fonte
Times New Roman ou similares com serifa, que facilitam a leitura de texto
longos. O papel tamanho A4 é o recomendável.
As margens são as seguintes: esquerda, 4,0 cm; direita 2,5
cm; superior 3,5 cm; inferior 2,5 cm. As páginas devem ser numeradas no canto
superior direito, tendo início naquelas referentes aos elementos textuais –
capa e sumário não são numerados, muito embora entrem na contagem de páginas
(Garcia, 2000).
Introdução
Nem todos os modelos de projetos de pesquisa incluem uma
introdução. Muitas vezes passa-se diretamente aos objetivos. Mas é bom não
esquecer de que quem lê um projeto lê muitos. É sempre conveniente, portanto,
introduzir o tema da pesquisa, procurando captar a atenção do leitor/avaliador
para a proposta. A redação, como nos demais capítulos, deve ser correta e bem
cuidada. Uma leitura prévia e atenta de Medeiros (1999) poderá ajudar muito na
hora de escrever o texto. Para as dúvidas mais correntes da Língua Portuguesa
verificar Garcia (2000) e Martins (1997). Dicionários também são
imprescindíveis nessa hora.
Na Introdução, é de se esperar que seja apresentado o tema
de pesquisa. Escolher um tema é, provavelmente, uma das coisas mais difíceis
para um pesquisador iniciante. Pesquisadores experientes costumam desenvolver
técnicas de documentação do trabalho científico que lhes permitem não só
extrair de seus arquivos tais temas como trabalhálos concomitantemente.
Mas um estudante de graduação geralmente não acumulou o
volume de informações necessário para tal empreendimento. Um bom começo,
portanto, é conhecer o que outros já fizeram, visitando bibliotecas onde seja
possível encontrar monografias de conclusão de curso, dissertações de mestrado
e teses de doutorado. Tais trabalhos podem servir como fonte de inspiração,
além de familiarizar o aluno com os aspectos formais, teóricos e metodológicos
do trabalho científico.
A primeira regra para a escolha do tema é bastante simples:
o pesquisador deve escolher um tema do qual goste. O trabalho de pesquisa é
árduo e, às vezes, cansativo.
Sem simpatizarmos com o tema, não conseguiremos o empenho e
a dedicação necessárias.
A segunda regra é tão importante quanto a primeira: o
pesquisador não deve tentar abraçar o mundo. A tendência dos jovens pesquisadores
é formular temas incrivelmente amplos, geralmente resumidos em uns poucos
vocábulos: A escravidão; a Internet; A televisão; A Música Popular Brasileira;
O Direito Constitucional; Os meios de comunicação; são alguns exemplos. É
preciso pensar muito bem antes de seguir esse caminho. O pesquisador
inexperiente que enveredar por ele terá grandes chances de produzir um estudo
superficial, recheado de lugares comuns.
O tema deve ser circunscrito tanto espacial como
temporalmente. "A escravidão", por exemplo, é um tema dos mais
amplos. Escravidão na Roma Antiga?
No Brasil contemporâneo? No Estados Unidos à época da Guerra
de Secessão? No livro A República, de Platão? A escravidão por dívidas na
Grécia Antiga? Temas apoiados em palavras e sentido muito amplo, como
"influência" e "atualidade", também devem ser evitados. O
pesquisador deve se perguntar se o tema escolhido não permite perguntas do
tipo: O quê? Onde? Quando?
No capítulo 2 do livro de Umberto Eco, Como se faz uma tese,
é possível encontrar uma excelente ajuda para a escolha do tema de pesquisa,
ilustrada com vários exemplos (Eco, 1999, p. 7-34).
Uma terceira regra vale ser anunciada: o tema teve ser
reconhecível e definido de tal maneira que seja reconhecível igualmente por
outros (Eco, 1999, p. 21). Ou seja, deve ser aceito como um tema científico por
uma comunidade de pesquisadores.
Uma vez anunciado o tema da futura pesquisa, é conveniente o
pesquisador descrever qual foi sua trajetória intelectual até chegar a ele.
Como se sentiu atraído por esse tema? Que matérias despertaram seu interesse
durante a graduação? Que autores lhe inspiraram?
Apresentado o tema é hora seguir adiante e expor os
objetivos propriamente ditos da pesquisa.
Objetivos
Este capítulo deve começar de forma direta, anunciando para
o leitor/avaliador quais são os objetivos da pesquisa: "O objetivo desta
pesquisa é..."; "Pretende-se ao longo da pesquisa verificar a relação
existente entre..."; "Este trabalho enfocará..."; são algumas
das formas às quais é possível recorrer.
Vários autores desenvolvem em trabalhos de metodologia do
trabalho científico e intelectual o tema da documentação pessoa. Bons guias
para tal são Severino (2000, p. 35-46) e Salomon (1999, p. 121-143), mas a
descrição realizada por Mills (1975, p. 211-243) continua insuperável.
Se na Introdução era apresentado o tema, no capítulo
Objetivos será abordado o problema, bem como as hipóteses que motivarão a
pesquisa científica. A pergunta chave para este capítulo é "o que se
pretende pesquisar?"
Um problema científico tem a forma de uma questão, de uma
pergunta. Mas é uma questão de tipo especial. É uma pergunta formulada de tal
maneira que orientará a investigação científica e cuja solução representará uma
ampliação de nossos conhecimentos sobre o tema que lhe deu origem. Uma resposta
provisória a este problema científico é o que chamamos de hipótese. A pesquisa
científica deverá comprovar a adequação de nossa hipótese, comprovando se ela,
de fato, é uma solução coerente para o problema científico anteriormente
formulado.
Franz Victor Rudio apresenta, em seu livro, uma série de
interrogações que podem ajudar o jovem pesquisador a escolher o seu tema de
investigação e verificar sua viabilidade:
a) este problema pode realmente ser resolvido pelo
processo de pesquisa científica?
b) o problema é suficientemente relevante a ponto de
justificar que a pesquisa seja feita (se não é tão relevante, existe, com
certeza, outros problemas mais importantes que estão esperando pesquisa par
serem resolvidos)?
c) Trata-se realmente de um problema original?
d) a pesquisa é factível?
e) ainda que seja ‘bom’ o problema é adequado para mim?
f) pode-se chegar a uma conclusão valiosa?
g) tenho a necessária competência para planejar e executar
um estudo desse tipo?
h) os dados, que a pesquisa exige, podem ser realmente
obtidos?
i) há recursos financeiros disponíveis para a realização da
pesquisa?
j) terei tempo de terminar o projeto?
l) serei persistente?" (Rudio, 1999, p. 96).
Alguns autores recomendam a separação dos objetivos gerais
dos objetivos específicos ou do objetivo principal dos objetivos secundários.3
Para atingir seus objetivos mais gerais ou o objetivo principal, será necessário
percorrer um caminho de pesquisa que o levará até eles. São etapas da pesquisa
que fornecerão a base para abordar de maneira mais direta e pertinente o
objetivo principal.
Essa separação é procedente do ponto de vista analítico. Mas
os diferentes momentos da pesquisa só se justificam na medida em que ajudarão a
esclarecer o problema principal. Não é preciso fazer essa separação em
subcapítulos desde que fique claro quais são os objetivos gerais e quais são
específicos, qual é o principal e quais os secundários.
Exemplifiquemos esses momentos da pesquisa. Se aluno se
propuser a estudar a proposta de contrato coletivo de trabalho, por exemplo, é
de bom tom, antes de discutir
suas diferentes versões, fazer um breve histórico da
legislação trabalhista brasileira. Se, por outro lado, pretende estudar os
escritos políticos de Max Weber, inevitavelmente terá que começar por uma
reconstituição do contexto político e intelectual da Alemanha do início do
século. Sem esclarecer esses objetivos secundários ou específicos, dificilmente
poderá levar a cabo sua pesquisa de maneira aprofundada.
Justificativa
Chegou a hora de dizer porque a universidade, o orientador
ou uma instituição de financiamento deve apostar na pesquisa proposta. Neste
capítulo é justificada a relevância do tema para a área do conhecimento
científico à qual o trabalho está vinculado. A pergunta chave deste capítulo é
"por que esta pesquisa deve ser realizada?"
Ver, por exemplo, Lakatos e Marconi (1992).
Vários autores, entre eles Lakatos e Marconi (1992), colocam
o capítulo da justificativa antes dos objetivos. A inversão não faz muito
sentido: como justificar o que ainda não foi apresentado? A ordem Objetivos,
primeiro, e Justificativa, depois, parece ser a melhor do ponto de vista lógico.
É nas justificativas que o pesquisador deve apresentar o
estado da arte, ou seja o ponto no qual se encontram as pesquisas científicas
sobre o tema escolhido. O diálogo com os principais autores ou correntes
interpretativas sobre o tema deve ser levado a cabo neste capítulo.
Já que é aqui que serão feitas o maior número de citações ou
referências bibliográficas, vamos repassar brevemente as técnicas de citação e
referência. Se a citação tiver até duas linhas, ela pode ser reproduzida em
itálico, no corpo do parágrafo.
E não esquecer, "a citação deve ser direta e deve vir
entre aspas, como todas as citações e com indicação da fonte seja em rodapé,
seja pelo sistema autor/data."
(Henriques e Medeiros, 1999, p. 127). Quando a citação tiver
três ou mais linhas ela deverá iniciar um novo parágrafo e estar digitada com
um espaçamento entre linhas 1,5, um espaço antes, um depois e recuo à
esquerda.4 É o que ensina Medeiros:
"No trabalho científico, as citações com até duas
linhas são incluídas no parágrafo em que se faz referência a seu autor. Já as
transcrições de três linhas ou mais devem ser destacadas, ocupando parágrafo
próprio e observando-se recuo e aspas no início e no final da citação."
(Medeiros, 1999, p. 104)
Na barra de ferramentas do Word há o botão Aumentar Recuo,
muito útil nessas situações, outra possibilidade é criar o estilo Citação,
através do menu Formatar Estilo, com espaçamento entre linhas 1,5 e recuo
esquerdo 2,5cm.
Quando uma citação vier intercalada por outra citação, está
última virá entre aspas simples (‘ ’) Vale ainda lembrar que supressões no
texto citado devem ser assinaladas por reticências entre parênteses – (...) –;
e que destaques no texto transcrito devem ser feitos com itálico, assinalando
ao final, entre parênteses a expressão "grifos nossos"
Até aqui utilizamos a técnica autor/data, a recomendada para
as monografias e publicações da UniABC. Outra opção é a técnica referência de
rodapé. Neste caso, a indicação do autor, do título do livro e da página vão no
rodapé.6 Para isso deve ser utilizado o menu Inserir Notas do Word e escolha
Nota de rodapé e AutoNumeração.
Metodologia
Neste capítulo o pesquisador deverá anunciar o tipo de
pesquisa (formulador, descritivo ou exploratório) que empreenderá e as
ferramentas que mobilizará para tal (Cf. Moraes, 1998, p. 8-10 ). A pergunta
chave que deve ser respondida aqui é "como será realizada a
pesquisa?"
"Trata-se de explicitar aqui se se trata de pesquisa
empírica, com trabalho de campo ou de laboratório, de pesquisa teórica ou de
pesquisa histórica ou se de um trabalho que combinará, e até que ponto, as
varias formas de pesquisa. Diretamente relacionados com o tipo de pesquisa
serão os métodos e técnicas a serem adotados." (Severino, 1996, p. 130)
O pesquisador deverá esboçar a trajetória que seguirá ao
longo de sua atividade de pesquisa. Para tanto deverá destacar: 1) os critérios
de seleção e a localização das fontes de informação; 2) os métodos e técnicas
utilizados para a coleta de dados; 3) os testes previamente realizados da
técnica de coleta de dados. Ao contrário do que geralmente se pensa, dados não
são necessariamente expressos em números e processados estatisticamente. O tipo
de dados coletados durante a pesquisa depende do tipo de estudo realizado. Eles
tanto podem ser o resultado de:
1. pesquisa experimental;
2. pesquisa bibliográfica;
3. pesquisa documental;
4. entrevista;
5. questionários e formulários;
6. observação sistemática
7. estudo de caso
8. relatórios de estágio." (Pádua, 1998, p. 132)
Para estas e outras regras de citação ver Segismundo Spina
(1984, p. 55)
Cronograma
No cronograma o pesquisador deverá fazer um planejamento das
atividades ao longo do tempo que você dispõe para a pesquisa. Ele é uma
excelente ferramenta para controlar o tempo de trabalho e o ritmo de produção.
Ao mesmo tempo, servirá para o orientador ou a agência financiadora acompanhar
o andamento da pesquisa. Também aqui há uma pergunta chave: "quando as
diferentes etapas da pesquisa serão levadas a cabo?"
A forma mais fácil de organizar um cronograma é sob a forma
de uma tabela.
Com algumas variações tais normas são apresentadas, entre
outros, por Severino (1996, p. 90-93) e Medeiros (1999, p. 1789-183). Embora
Medeiros aconselhe a reprodução de todos os dados da obra no rodapé, tal medida
é desnecessária, uma vez que eles se encontram na bibliografia do Projeto.
Para esquemas de capítulo metodológico ver Barros e Lehfeld
(1999, p. 36-37) e Salomon (1999, p.222).
Para tanto pode ser utilizado o menu Tabela do Word para
inseri-la. Depois devem ser selecionadas as células que é necessário marcar e
com o comando Bordas e Sombreamento do menu Formatar preenchê-las, conforme o
exemplo abaixo:
1º mês
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2º mês
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3º mês
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4º mês
|
5º mês
|
6º mês
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Revisão bibliográfica
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Aplicação de questionários
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Processamento dos dados
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Observação no local da pesquisa
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Entrevistas
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Redação da monografia
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Fonte: Cola da Web
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