A prova de que abrir uma empresa no Brasil não é tão
complicado quanto você pensa
Nada melhor do que começar uma coluna no Portal da Endeavor
com um tema bastante polêmico, mas com um objetivo bem claro: definir a forma
como os artigos serão. Sem meias palavras, sem ficar em cima do muro e indo
direto ao ponto. Todas as opiniões aqui serão baseadas em experiências
(prática) e conhecimento (teoria) obtidos ao longo dos últimos 15 anos com
envolvimento direto em empreendedorismo.
O termo “novas empresas” será sempre equivalente ao conceito
de “startups” - que não tem uma tradução adequada para o português. Vejo uma
diferença enorme, porém simples, entre uma pequena empresa e uma startup: a
startup é uma pequena empresa que nasceu para ser muito grande, para se tornar
líder do setor ou melhor, criar um setor inteiramente novo. Existem outras diferenças,
mas é assunto para próximos artigos (e não há aqui nenhum demérito sobre
pequenas empresas – que possuem importância ímpar na economia do Brasil e de
muitos países).
O título deste artigo introdutório retrata um hábito comum
nos “pré-empreendedores” brasileiros (aqueles que querem, mas ainda não
empreenderam): muita vontade, alguma consistência nas propostas para criar
negócios, mas uma extrema falta de confiança em dar o primeiro passo. A
desculpa é quase sempre a mesma: “no Brasil é muito complicado empreender”.
Aos fatos:
I - Burocracia atrapalha abrir a empresa. Não ajudar ou
estimular é diferente de atrapalhar. Nunca conheci um empreendedor com um
projeto “matador” que deixou de seguir adiante por que iria demorar 200 dias
para legalizar a empresa. Na prática a empresa começa muito antes do CNPJ:
reuniões, pesquisas informais, protótipos (item fundamental, será muito
debatido aqui) devem acontecer antes! Estes são, inclusive, pontos essenciais
para a decisão de abrir ou não legalmente a empresa;
II – Carga tributária muito alta inviabiliza negócios. As
cargas tributárias são elevadíssimas e atrapalham demais o desenvolvimento de
empresas no Brasil. Isso não se discute. Mas deixar de empreender por causa
disso? Se fosse assim, não existiria Inbev, Natura, Totvs e tantas outras
empresas (que um dia foram startups) no Brasil. Nos primeiros meses não há
faturamento nem funcionários. Pouco impacto. Nesse momento o empreendedor está
testando suas hipóteses. O primeiro passo é que elas funcionem. A partir daí
faça um bom planejamento tributário (não economize no contador!).
III – A taxa de mortalidade no Brasil é tão alta que as
chances de dar certo são poucas. Típico caso de pessimismo ou mesmo covardia.
Se existe uma comprovação de que 60% das empresas daqui fecham as portas nos
primeiros 5 anos, essa mesma estatística nos Estados Unidos - país mais
empreendedor que existe - aponta para 50% de chances. Definitivamente, esta não
é uma desculpa aceitável!
Em resumo, na prática sempre existirão dezenas de motivos
para você não criar sua startup. Apesar disso se existir um único motivo, o de
você ter uma “paixão irracional” por determinado projeto que quer desenvolver,
então:
1. Entenda as regras antes de começar: tem burocracia sim, a
carga tributária atrapalha mesmo e só os melhores negócios irão prosperar.
Sabendo disso antes, não há o que choramingar depois;
2. Comece pequeno mas desde sempre, pensando em projetando
ser grande!
3. Se prepare para anos de trabalho árduo, várias concessões
(maioria pessoais) e muita resiliência;
4. Comece rápido. Teste rápido. Sua primeira tarefa no “dia
1” da empresa é testar as duas hipóteses fundamentais de qualquer startup: (a)
identificamos um problema importante que as pessoas ou empresas possuem e (b)
sabemos desenvolver uma solução que irá resolver esse problema;
Steve Blank, referência quando o assunto é startups, define
precisamente o empreendedorismo como “insolência + paixão”. Se você realmente
acredita no seu projeto de startup, atrevimento e audácia vão ser necessários!
Fonte: Administradores
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