quinta-feira, 1 de maio de 2014

Espaço do Administrador - Virando a Própria Mesa


Este trabalho tem como objetivo analisar a experiência vivida pelo autor, Ricardo Semler, em frente a uma empresa familiar fundada por seu pai, a Semco S/A. Onde relata histórias vividas por ex-rockeiro até a grandes negociações com multinacionais.

Tendo sua primeira edição lançada em 1988 o livro “Virando a Própria Mesa” tornou-se rapidamente um best-seller, talvez por sua visão futurista da administração contado por um garoto que transformou uma empresa familiar em uma empresa de renome da época.


Análise

Semler trata do assunto do livro “Virando a própria mesa” como simples e praticáveis a qualquer empresa para qualquer situação, assim levando o leitor a crer que toda a resposta de seus problemas está sobre seus colaboradores e a maximização do desleixo sobre teorias formadas por autores no passado, entre eles Taylor e o pai da produção em massa Henry Ford.

Algumas atitudes de Semler, principalmente sobre paternalismo, são de grande utilidade sobre uma empresa familiar, usar um sistema de exclusão deste problema é o ideal para esse tipo de organização, isto se pode ser percebido em algumas empresas atuais onde existem vários programas, como o plano de cargos e salários e remuneração por competência, para a diminuição deste tipo de obstáculo.

Pode-se achar no mínimo ilusória alguns fatos narrados no livro, como a total liberdade dos colaboradores dentro da empresa, a relação entre empresa e grevistas e algumas outras coisas mais, diz-se isso pelo fato de as empresas serem organizações diferentes, e destas serem formadas por pessoas diferentes, porem o autor passa uma certa euforia em suas experiências que leva o leitor a imaginar o programa descrito em sua empresa, seja ela própria ou apenas o local de trabalho, o fato é que incentivar a simples exclusão de um organograma e autorizar aos funcionários um regime de total “anarquia”, não pode ser a resolução de todos os problemas de qualquer empresa, assim, cabe dizer que, ao referir-se ao “bicho gente”(73), como o Semler mesmo se refere, se tem que pelo menos imaginar duas fases para a total liberação de responsabilidades, a comunicação  e a delegação.

Por outro lado, alguns relatos do livro levam a enfrentar a realidade do mercado atual de frente, algumas atitudes tomadas pelo autor em sua experiência na Semco S/A, como as situações em que sua empresa procurou, e conseguiu algumas aquisições, parcerias e contratos por seu puro censo de negócios, deixam à mostra a pura, porém não tão simples, arte de administrar.

Por fim “Virando a Própria Mesa” refere-se muito mais a uma história de sucessos de um administrador, do que uma base de atitudes relativas à administração de empresas familiares, com algumas exceções como o desprendimento necessário entre família e empresa para que esta evolua.

Ricardo Semler recomenda que as empresas brasileiras copiem modelos de administração que já deram certo em empresas estrangeiras. Concorda ou não?

Discordo que Semler tenha dado a intenção de dizer que as empresas brasileiras deviam seguir modelos de administração estrangeiros, pois deixa bem claro que “quem ainda estiver administrando sua empresa com base nos ensinamentos de Alfred Sloan, da General Motors, ou se mira nos gigantes da industria para procurar se modernizar, está fadado a imitar um modelo em extinção” (47).

O autor é contra a implantação destes sistemas principalmente por motivos culturais que ele mesmo afirma: “Há que se respeitar as diferenças de cultura. Essa mania de exportar técnicas para o Brasil e, pior ainda, esse mania de brasileira de achar que o que vem de fora é melhor, é de lascar.” (145).

Ricardo Semler é a favor sim de um” modelo próprio de administração neste país o que por sua vez força nova importação de modelos”. (145), a partir daí deixando claro que esse tipo de “transplante”, como ele mesmo se refere, apenas funcionaria se alem da cultura se devia importar também os próprios criadores destes modelos de administração.

Em meu ponto vista, já que a questão de minha opinião sobre o assunto foi levantada, tenho a dizer que concordo com o autor, uma cultura diferente não pode ser implantada em outro pais como se fosse apenas mais um método de administração existente do mercado, como Semler mesmo relata “Empresa também é alta costura?”. (143)

O Brasil como país em desenvolvimento tem de se pôr em seu lugar e agir como tal, importando tantas técnicas do exterior, que em sua maioria são (ou foram) criadas em países desenvolvidos e com uma realidade econômica bem diferente da nossa, é sucumbir a ditos internacionais que ressaltam novos modelos de administração a cada dia, e determinam a excelência de cada um deles.

Pois bem, relevando a questão de sermos um país em desenvolvimento e com uma economia frágil, assim pensam os mesmos criadores destas tão renomadas “filosofias empresarias”, mesmo assim o choque cultural seria enorme, adaptar essas técnicas é diferente, adaptando-as a nossa realidade, na verdade, não se iria mudar pequenos pontos para que funcione em nosso defasado empresariado, mas sim realmente deformar-se um sistema para que possa se adaptar aos padrões nacionais.

Segundo o autor qual é o desafio da empresa brasileira e por conseqüência do administrador brasileiro? Em que passagem do livro isso se destaca?

O maior desafio principalmente do empresário brasileiro é a questão da visão de administração (Implantação de critérios e padrões de administração para a para sua realização no futuro) relacionada com um diferencial conforme a realidade da empresa e com o ambiente em que esta se encontra, tanto que em algumas passagens de seu livro ele ressalta opiniões e aplicações práticas em sua empresa, a Semco S/A, futuristas em relação à data de lançamento da primeira edição de seu livro, abordando assuntos como marketing e com afirmações como “o estudo de mercado é necessário para definir parâmetros de atuação e para dar uma idéia dos grandes fatos relacionados com o mercado. Porém usá-los como sustentação para lançamento de um produto requer um conhecimento profundo do mercado pelo usuário do estudo” (194), o que não é feita por grandes empresas até hoje, Semler dá a entender, ou a compreender, que o planejamento do futuro é o mais importante para uma empresa, em minha opinião.

A relação do planejamento da administração no futuro com os colaboradores vem à medida que este planejamento vai sendo realmente se transformando em realidade para uma empresa, portanto, para que haja uma possibilidade de que uma organização chegar ao seu objetivo, seja lá qual for, se de interesse financeiro, mercadológico, ou até mesmo social, a base para a evolução desta empresa está principalmente nas mãos de seus colaboradores.


O conteúdo do livro e a abordagem clássica da administração

Há alguns pontos em comum e outros extremamente diversos na relação da estrutura de administração citada no livro e a Teoria Clássica da Administração de Fayol, Vejamos alguns pontos em comum encontrados:

  • Tanto a teoria clássica quando o livro de Ricardo Semler concordam em relação a rotatividade de pessoal em relação a motivação e a estabilidade dos funcionários;
  • A relação do espírito de corpo relacionada ao relacionamento entre o pessoal de mesma hierarquia é citada tanto na teoria clássica, quando na obra de Semler;
  • A iniciativa é o principal ponto abordado em passagens iniciais, em que Semler relata sobre o início na empresa de sua família.

Pontos diversos:

  • Fayol se refere à divisão do trabalho extremamente relacionada à especialização dos funcionários, enquanto Semler relata em seu livro “... já tivemos um diretor financeiro com apenas um curso colegial, e um diretor técnico, comandado uma equipe de muitos engenheiros, sem qualquer formação” (222);
  • A autoridade na visão de Fayol é um dever de cada superior, enquanto o, livro descreve um pensamento bem menos ditatorial e mais democrático, até mesmo em relação a remuneração;
  • Unidade de comando não é descrita no livro, porém é gritante a relação do funcionário com a delegação de responsabilidades;
  • Semler deixa que seus colaboradores realizem o layout da empresa, participem de reuniões com participação ativa e não utiliza nem mesmo fluxograma, enquanto na visão de Fayol a hierarquia e um plano de atividades são primordialmente necessários para manter a ordem;
  • A Teoria Clássica dá ênfase a disciplina, Semler da ênfase a motivação.

Outros pontos têm relações interessantes como, os relacionados aos interesses gerais, que segundo Fayol, devem prevalecer sobre os interesses pessoais os interesses da organização, Semler tanto se preocupa que dá sua opinião sobre a vida de colaboradores fora do horário de expediente.

Quanto a remuneração é difícil de ressaltar as diferenças, pois vejo-as em parte semelhantes, Fayol diz que a remuneração tem que ser satisfatória para o empregador e o empregado, o que nos dá a entender que tem de se entrar em um acordo para a sua estipulação,  Semler faz com que seus colaboradores dêem-no uma idéia do salário desejado e diz: “...em muitos casos atribuímos salários maiores do que os determinados pela pessoa”(224), o que no fim dos casos acabou sendo o mesmo processo, mas com pensamentos administrativos diferentes.


Qual as mensagens que o autor pretende transmitir aos leitores do seu livro?

O autor pretende passar através de sua experiência uma forma diferenciada para cada administrador, de cada empresa, de cada ramo de atividade seguido por uma organização, de acordo com sua necessidade e sua realidade para que sua empresa evolua conforme o ambiente que a cerca.

Fala também na relação entre o empresário e empresa, comparando a vida particular com a vida profissional de um administrador, referindo-se ao empresário como: “...  é também aquele que começa a olhar da empresa para fora, participa de entidades de classe, dedica mais atenção ao seu lazer, e gasta mais rapidamente o dinheiro que o empreendedor acumulou, mas não teve tempo nem coragem de gastar” (87).

Além disso, fala sobre a empresa e seus colaboradores, dedicando um capítulo todo apenas para ressaltar esta relação, levando em conta assuntos como greve, salários, participação ativa de funcionários dentro da empresa, benefícios e treinamento, Ricardo Semler, diz: “... na área de RH é o misto-quente da organização. Fica presa entre os empregados e a empresa e pretende representar os melhores interesses dos dois” (173), assim dando a entender a importância deste elemento que age diretamente sobre os interesses de ambos os lados, colaborador e empresa.

Como principalmente refere-se ao futuro das organizações no Brasil, Semler tenta passar ao leitor a importância de identidade de uma empresa, assumindo, já no fim dos anos 80, uma posição bem mais “anarquista”, como ele mesmo manifesta em uma passagem do livro, em relação ao padrão de administração usado no Brasil, e admiti em sua própria empresa elementos totalmente diversos, nos quais, em alguns casos molda a empresa ao funcionário e não o contrário.


Conclusão

Concluo que o trabalho aplicado teve com base relacionar o conteúdo do livro com teorias administrativas, assim tendo validade em vários pontos, sendo que alguns destes considerados básicos, entre eles os principais são a constante mudança e a diferença entre as organizações, não são expressos pelo autor, fazendo assim com que seja necessário um embasamento mais abrangente para a compreensão dos tópicos abordados.

Portanto todas as críticas contidas neste trabalho ou têm embasamento teórico, prático ou expressam exatamente o pensamento do aluno sobre assuntos tratados no livro.

Fonte: Cola da Web


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