O que será do "reproche"? Edição simplificada de
"O Alienista" será lançada em junho com 600 mil cópias
Não é de hoje que a linguagem utilizada por Machado de Assis
em seus contos e romances obriga os leitores a consultarem o dicionário
constantemente. Na compilação "Papéis avulsos", o próprio escreveu
uma nota sobre o uso da palavra "reproche", já em desuso na época
(1882): "Cerca de dois anos para cá, recebi duas cartas anônimas, escritas
por pessoa inteligente e simpática, em que me foi notado o uso do vocábulo
'reproche'...". Machado também era um mestre da ironia, a propósito.
Mas há uma iniciativa para eliminar essas complicações
clássicas que transformaram o nome do escritor num adjetivo. De acordo com a
coluna Cidadona, da Folha, a escritora Patrícia Secco e uma equipe jornalistas
quer simplificar a linguagem e extinguir o dialeto machadiano em novas edições
dos livros. "Os livros dele [Machado de Assis] têm cinco ou seis palavras
que [os jovens] não entendem por frase. As construções são muito longas. Eu
simplifico isso", afirma.
Uma versão de "O Alienista" que será lançada em
junho já virá com as adaptações. As frases serão colocadas em uma ordem mais
direta, e termos como "sagacidade" serão substituídos por
"esperteza", por exemplo. Segundo Secco afirmou à Folha, "a
ideia não é mudar o que ele disse, só tornar mais fácil". A edição será
publicada em 600 mil exemplares a serem distribuídos gratuitamente pelo
Instituto Brasil Leitor.
Fica a questão: alterar o estilo do autor, sobretudo um que
faz do estilo a própria assinatura, não é interferir na própria essência do
texto? O que você acha da iniciativa? Deixe sua opinião nos comentários.
Fonte: Administradores
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