quinta-feira, 8 de maio de 2014

Escritora quer 'facilitar' linguagem de Machado de Assis

O que será do "reproche"? Edição simplificada de "O Alienista" será lançada em junho com 600 mil cópias




Não é de hoje que a linguagem utilizada por Machado de Assis em seus contos e romances obriga os leitores a consultarem o dicionário constantemente. Na compilação "Papéis avulsos", o próprio escreveu uma nota sobre o uso da palavra "reproche", já em desuso na época (1882): "Cerca de dois anos para cá, recebi duas cartas anônimas, escritas por pessoa inteligente e simpática, em que me foi notado o uso do vocábulo 'reproche'...". Machado também era um mestre da ironia, a propósito.

Mas há uma iniciativa para eliminar essas complicações clássicas que transformaram o nome do escritor num adjetivo. De acordo com a coluna Cidadona, da Folha, a escritora Patrícia Secco e uma equipe jornalistas quer simplificar a linguagem e extinguir o dialeto machadiano em novas edições dos livros. "Os livros dele [Machado de Assis] têm cinco ou seis palavras que [os jovens] não entendem por frase. As construções são muito longas. Eu simplifico isso", afirma.

Uma versão de "O Alienista" que será lançada em junho já virá com as adaptações. As frases serão colocadas em uma ordem mais direta, e termos como "sagacidade" serão substituídos por "esperteza", por exemplo. Segundo Secco afirmou à Folha, "a ideia não é mudar o que ele disse, só tornar mais fácil". A edição será publicada em 600 mil exemplares a serem distribuídos gratuitamente pelo Instituto Brasil Leitor.

Fica a questão: alterar o estilo do autor, sobretudo um que faz do estilo a própria assinatura, não é interferir na própria essência do texto? O que você acha da iniciativa? Deixe sua opinião nos comentários.



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