Estudos mostram que pessoas que pagam as contas em dia não
têm necessariamente renda menor do que aquelas que com dívidas atrasadas
Foi divulgado, nesta quarta-feira (22), pelos economistas do
Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) uma avaliação realizada com dados
retirados das pesquisas divulgadas pelo SPC em 2013, todas encomendadas com o
intuito de entender a relação do consumidor adulto brasileiro com o próprio
dinheiro.
Os especialistas chegaram à conclusão de que há um
descontrole financeiro e inadimplência mesmo entre as famílias de renda
elevada. Quatro estudos mostram que pessoas que pagam as contas em dia não têm
necessariamente renda menor do que aquelas que com dívidas em atraso. Ao
contrário do que muitos pensam inadimplência no Brasil não está relacionada à
renda baixa, mas principalmente a maus hábitos de planejamento financeiro.
Dados de uma pesquisa encomendada em agosto do ano passado
para traçar o perfil do consumidor inadimplente no país, revelaram que 16% da
amostra de pessoas com contas pendentes há mais de 90 dias pertenciam às
classes D e E (renda familiar inferior a R$ 905 por mês). No entanto, ao
avaliar a amostra de adimplentes nessa mesma concentração de consumidores de
menor renda (classes D e E), o percentual subiu para 22%.
“De maneira geral, os estudos sugerem que consumidores
adimplentes adotam práticas financeiras mais cautelosas e conservadoras,
independentemente da classe social a qual pertencem. Isso inclui hábitos como o
de planejar os gastos, poupar dinheiro para uma emergência e o de não emprestar
o próprio nome a terceiros”, informa Luiza Rodrigues, economista do SPC Brasil.
Em relação às diferentes posturas frente ao endividamento,
para os adimplentesdívidas as dívidas
são evitáveis. Dentre eles, 93% evitam dívidas, seja controlando os impulsos de
compra (37%), seja se planejando financeiramente (56%). Já entre os
inadimplentes, 54% afirmam que a dívida que possuem atualmente não poderia ter
sido evitada e apenas 38% afirmam que o endividamento foi resultado de falta de
controle.
Além disso, em relação às finanças pessoais, de modo geral o
consumidor apresenta-se sem preparado para qualquer tipo de emergência
financeira: 42% dos adultos entrevistados declararam que não guardam dinheiro
para uma situação de emergencial. “Em muitos casos, os estudos sugerem que
adoção de hábitos simples de planejamento financeiro poderia ter evitado a
situação inadimplência. E comportamentos impulsivos de compra e hábitos de
risco foram detectados em todos os extratos sociais”, afirma Luiza.
Para os economistas, as pesquisas feitas pelo SPC Brasil
comprovam que o brasileiro é carente de educação financeira. “Os resultados
apontam para uma alta frequência de consumidores impulsivos, levados pela moda,
propaganda ou desejo de auto-afirmação. Além disso, a inadimplência parece
estar ligada, em muitos casos, à falta de hábitos simples de planejamento
financeiro e de precaução contra emergências”, explica Luiza.
Fonte: Administradores
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