Empreendedor e dono de um leque de habilidades artísticas, o
inglês provou que não basta ser excelente no que faz: é preciso ser ético e
humano
"O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza,
porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens, levantou no mundo
as muralhas do ódio e
tem-nos
feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época
da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela". Bem atual,
não? O texto, na verdade, é parte do discurso mais emocionante da
história do cinema, e saiu do roteiro de "O Grande Ditador", escrito,
dirigido, estrelado e produzido pelo britânico Charles Spencer Chaplin em 1940.
Não é nenhum desafio encontrar traços, competências e
habilidades de um excelente administrador em Chaplin. O mais complicado é
determinar qual delas foi a mais importante durante sua carreira. Ele não era
apenas um perfeccionista obcecado pelo trabalho e empreendedor incansável que
dominava praticamente toda a cadeia de produção dos seus filmes - atributos que
certamente foram cruciais para o artista superar uma infância órfã e
paupérrima. Chaplin era, sobretudo, um humanista com um senso ético de paz,
respeito a si mesmo, aos outros e às suas particularidades, além de se
considerar um “cidadão do mundo”.
Aos 12 anos, sem pai e com uma mãe interna por insanidade,
Chaplin passava a maior parte do tempo em orfanatos e nas ruas, às vezes
conseguindo algum subtrabalho. O único familiar próximo de Chaplin era o
meio-irmão mais velho, Sydney John Chaplin, aprendiz de marinheiro que passava
a maior parte do tempo trabalhando em navios. Foi ele quem introduziu o jovem
meio-irmão no mundo do teatro, quando este tinha cerca de 14 anos de idade. A
companhia de artes teatrais do empresário Fred Karno foi o trampolim para os
dois atores: enquanto Sydney era requisitado na terra da Rainha, Charles foi
escalado para uma turnê nos Estados Unidos em 1910 e, dois anos depois,
embarcou novamente para a América com a trupe de comediantes, desta vez para
construir sua carreira.
Admirado pelo público ianque, o ator assinou contrato com os
Estúdios Keystone em setembro de 1913, onde trabalhou durante quatro anos. Com
Syd enquanto agente, Charles fundou a própria produtora, a Charles Chaplin
Studios. Mas o empreendimento responsável pela filmagem de seus maiores
sucessos foi a United Artists (UA), companhia fundada em parceria com os
cineastas Douglas Fairbanks, Mary Pickford e David Wark Griffith. A UA era uma
forma de descentralizar a produção cinematográfica polarizada por estúdios
milionários, e foi responsável por sucessos como “Tempos Modernos” e “O Grande
Ditador”, violentas e comoventes sátiras à intolerância, desigualdades sociais
e correntes políticas e econômicas do séc. 20, como o nazi-fascismo e o
fordismo.
Não é necessário lembrar o quanto esse pensamento o tornou
impopular nos Estados Unidos. Chaplin foi a vítima mais célebre do macartismo,
acusado de ser comunista e agitador. Passou o resto de seus dias com Oona
O'Neil, sua quarta esposa, e os oito filhos do casal em uma pequena cidade na
Suíça. Viveu o suficiente para receber diversos títulos em várias nações,
inclusive a mais alta honraria de seu país natal: o título de Sir.
Fonte: Administradores
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo participação!